Como têm sido estes oito anos à frente do Regia-Douro Park?
Foi um grande desafio, até pelo desconhecimento do que seria uma estrutura destas, uma vez que não havia nenhum exemplo como este no Interior. Tivemos de construir este projeto basicamente do zero, havendo grandes expectativas, o que nos obrigou a criar uma estratégia para o desenvolver junto da nossa população.
O que significa para si este espaço?
É uma parte de mim. Foi um desafio, hoje é um projeto completamente consolidado. Posso dizer que faz parte do meu ADN.
São 85 empresas aqui instaladas, onde trabalham mais de 500 pessoas. Em que setores de atividade?
Um terço das empresas estão no setor agroindustrial, mas há diversas áreas, desde o agroalimentar, enologia, viticultura, economia verde, valorização ambiental e tecnologias agroambientais e tem várias valências de suporte dirigidas a empreendedores, empresas e investigadores nacionais e internacionais.
Qual o volume de negócios total das empresas aqui instaladas?
Segundo os últimos dados, que são de 2019, andava perto dos 50 milhões de euros. Em 2020, com a pandemia, foi um ano para esquecer.
Que constrangimentos trouxe a pandemia aos empresários?
Obviamente que as empresas foram afetadas, algumas indiretamente, porque muitas delas são prestadoras de serviços e, como tal, é natural que tenham regredido um bocadinho. Outras, que tinham uma perspetiva de crescimento mais rápido, também foram afetadas, mas só no princípio do próximo ano teremos dados mais concretos. No entanto, como houve uma desaceleração da economia, isso afetou a faturação da maioria das empresas.
Qual é a área total que abrange? Há capacidade para aumentar?
São 10 hectares e podemos crescer ao nível de incubação de empresas. Estamos a aguardar pelo que resta dos fundos estruturais do quadro comunitário que está em vigor para crescer a área de incubação, em que podemos crescer para o dobro.
Na área empresarial temos um projeto da nova Zona Industrial que vai ser acoplado também à gestão do Regia-Douro Park, em que iremos ter uma área industrial de mais de 50 hectares, num total de 180 lotes.
Em que fase está o projeto?
Estamos a ultimar a aquisição das parcelas para lançar, muito em breve, o concurso público para a infraestruturação.
De que forma podem ajudar a criar novos negócios?
Há empresários que já sabem ao que vêm e pedem-nos apoio logístico, para aquisição de terreno e para encontrar um espaço. Quando são empreendedores (o nosso público-alvo) e já têm uma ideia de negócio, pedem-nos ajuda para conseguir consolidar a sua ideia.
Mas, na prática, como funciona?
Podemos elaborar um estudo e abordagem para criar o seu plano de negócio. Damos apoio na captação de investimento a nível de fundos estruturais ou do Instituto de Emprego e Formação Profissional. Podemos ajudar a negociar com a banca o investimento, damos apoio no enquadramento fiscal e legal e também ajudamos a encontrar parceiros de negócio, tanto a nível de fornecedores como de clientes.
O que é preciso para uma empresa se instalar aqui?
Vontade de criar um negócio e querer apostar na área empresarial.
Como é o ambiente das empresas dentro do Regia-Douro Park?
Uma empresa nova entra desde logo num ecossistema empresarial bastante dinâmico, atento aos seus parceiros. Permite-lhe criar uma rede de contactos interessante e, muitas vezes, pode complementar as suas atividades com outras empresas.
Antes da pandemia, fazíamos sessões de formação mensais, no fim tínhamos um tempo para ‘networking’ para apresentação de empresas, produtos, em que se estabeleciam relacionamentos entre as próprias empresas, de forma a cimentar e estreitar os laços entre elas.
O espaço destinado ao ‘coworking’ ainda tem capacidade para receber empreendedores?
Sim, temos quatro espaços. Antes era um sistema de secretária fixo, agora é rotativo, em que a empresa tem acesso ao coworking, mas não tem um espaço fixo definido, o que permite ter mais empresas do que tínhamos anteriormente.
Qual é a importância do Regia para Vila Real e para a região?
É fundamental. É o único sistema que temos de incubação de empresas. É a única instituição preparada para receber empresas em fase embrionária e apoiá-las durante o seu percurso inicial de afirmação no mercado e depois na fase de crescimento.
E nesse percurso, há muitas que desistem?
Não, felizmente a taxa de mortalidade das empresas é muito baixa, anda à volta dos 5%. Por vezes, nada tem a ver com o próprio negócio, porque quando consideramos que não tem viabilidade, dizemos logo isso ao empreendedor. São situações residuais, que tem a ver com o empreendedor.
Porque motivo as empresas devem apostar neste parque empresarial?
Uma empresa estar associada ao Regia-Douro Park é um carimbo de qualidade, acaba por ser uma referência, não é um negócio de experimentação. E tem a grande vantagem de estar numa incubadora a ganhar alicerces, tempo e capacidade, em que a probabilidade de sobreviver vai ser muito maior.
Nestes cinco anos quais foram as maiores dificuldades?
O tempo de desenvolvimento de alguns projetos, que se tornam demasiado morosos e incontroláveis para a realidade que tínhamos anteriormente. Por exemplo, no caso da nova Zona Industrial demora demasiado tempo a ultrapassar barreiras quando deveria ser muito mais célere a concretização de projetos. Não faz sentido haver tanta burocracia, porque há responsabilidades por parte do Estado que poderiam ser facilmente ultrapassadas. Quando aquilo que está em causa é o bem comum, não deveríamos estar limitados por alguns burocratas que estão em Lisboa ou no Porto, que têm a capacidade discriminatória de nos fazer parar.
O Regia costuma promover diversas iniciativas. No pós-pandemia há alguma coisa que está a ser preparada?
Tínhamos um vasto programa que pretendíamos colocar em prática, mas este ano ainda não será possível, no entanto, acredito que no próximo ano iremos retomar o TGV (Turismo, Gastronomia e Vinhos). É um projeto que é uma marca nossa, por isso não queremos deixá-lo arrefecer. O TGV voltará no próximo ano, com três dias e poderá ser novamente no centro da cidade.
Depois iremos retomar o nosso ciclo mensal de conferências.
O Centro de Vacinação está aqui instalado. Como foi agilizar o processo?
Não foi difícil adaptar o espaço à vacinação, porque o próprio Agrupamento de Centros de Saúde do Douro Norte foi impecável e conseguiu olhar para o espaço e adaptá-lo. Apenas montámos duas tendas de campanha para o recobro. Quero deixar uma palavra às empresas que ali estão alocadas, que continuaram a trabalhar apesar de terem algumas limitações, mas sempre se mostraram muito pacientes e compreenderam bem a necessidade de se instalar ali o centro de vacinação.
Quais os desafios para o futuro?
Nos próximos quatro anos queremos chegar às 200 empresas, isso traria muita massa crítica ao Regia e ao tecido empresarial. Outro objetivo é consolidar o projeto da nova Zona Industrial, cujo o loteamento terá capacidade para acolher empresas no final de 2022 ou início de 2023.