O Distrito apresenta politicamente uma tonalidade laranja, dada pelo facto do PPD/PSD deter sete câmaras e ter mais duas em coligação com o CDS-PP. O Partido Socialista (PS) possui quatro autarquias e o Movimento Independente de Sabrosa, uma. A poucos dias das eleições de 11 de Outubro, as várias candidaturas vão apresentando os programas tentando convencer os eleitores a votarem em si.
Para estas eleições há algumas “variantes” políticas curiosas. Em Boticas, por exemplo, as candidaturas às juntas de freguesia predominam as do PSD em quase todos os quadrantes, excluindo a freguesia de Couto Dornelas onde o actual presidente é independente e candidato a novo mandato. Em Sabrosa, o ex-autarca socialista, Milcíades de Carvalho, apresenta-se ao eleitorado vestindo a cor laranja. Ainda no mesmo concelho há uma outra mudança protagonizada por José Marques que conquistou a Câmara, em 2005, pelo Movimento Independente e agora apresenta-se como o candidato do PS, “levando”consigo alguns dos seus apoiantes. Outra novidade acontece em Mondim de Basto, com Francisco Ribeiro (PSD) a querer dar continuidade social-democrata à “dinastia” de Pinto de Moura. Aliás, o PSD mantém as suas apostas em municípios que têm sido autênticos bastiões. Manuel Martins (Vila Real), Francisco Tavares (Valpaços), Fernando Campos (Boticas), são exemplos. Outros se seguem, Agostinho Pinto (Ribeira de Pena), Domingos Dias (Vila Pouca de Aguiar), Marco Teixeira (Mesão Frio) e mais recente surge Nuno Gonçalves (Régua).
O Partido Socialista predomina a sul do Distrito, onde assume a gestão das câmaras ribeirinhas ao Douro. Para o partido “rosa”, a vitória é esperada em Alijó, Murça, Santa Marta de Penaguião e Montalegre, esperando ainda bons resultados nas outras candidaturas.
A CDU apresenta candidaturas às 14 câmaras do Distrito e espera melhorar os 2,58 por cento que atingiu em 2005 e os 4,89 alcançados em Chaves, onde ficou à frente do CDS-PP, e apresenta Manuel Cunha como candidato.
O CDS-PP avança com um conjunto de candidatos onde a renovação é bem visível, sendo os rostos mais visíveis dessa mudança Ernestina Ferreira (Régua), Patrique Alves (Vila Real) e Lúcio Machado (Mondim de Basto).
O Bloco de Esquerda apresenta três candidaturas às autarquias. À Câmara de Vila Real (Carlos Gomes), Sabrosa (Luís Almeida) e Montalegre (Manuel Batista).
O PCTP/MRPP volta a apresentar Alfredo Gonçalves na disputa pela corrida eleitoral à Câmara Municipal de Mondim de Basto.
Por ordem alfabética, fazemos uma abordagem a cada um dos concelhos do distrito vila-realense. Começamos por Alijó que é caracterizado por ser um concelho rural, de forte tendência vinhateira, onde já se nota a mais-valia socioeconómica do turismo ligado ao rio e à paisagem. Artur Cascarejo (PS) é o actual presidente da Câmara, e terá como adversários Miguel Rodrigues (Coligação PSD/CDS-PP) e Luís Fontinha (CDU). Se os socialistas só acreditam numa vitória do seu candidato, a Coligação tem também expectativas de vencer as eleições. Os 1720 votos que fizeram diferença entre as duas forças políticas, no último acto eleitoral, serão o fiel da balança. Se Luís Fontinha chegar aos 3% (2,15% em 2005) já se pode considerar um resultado animador.
Boticas é um concelho famoso pelas suas carnes de raça autóctone, como se diz na gíria futebolística, “o Partido que alinhe com Fernando Campos arrisca-se sempre a ser campeão”. O actual autarca apresenta-se nestas eleições francamente favorito, mas tem a concorrência de António Fidalgo (PS), Berta Santos (CDU) e António Rodrigues (CDS). Neste concelho, a freguesia “dissonante” da cor laranja” é Couto de Dornelas que tem à frente uma lista de independentes, liderada pelo actual presidente Xavier Barreto.
Em Chaves, cidade termal, cuja proximidade transfronteiriça lhe tem trazido dividendos económicos, a sua Câmara é presidida por João Batista (PSD). Em 2005, cerca de 2 000 votos separaram as candidaturas do PSD e PS. Será que o PS com Nuno Rodrigues conseguirá vencer esta diferença e fazer com que o município volte para as mãos dos socialistas? João Batista não estará pelos ajustes e tem manifestado confiança na recondução do seu mandato. O médico Manuel Cunha (CDU) e Rui Pinheiro (CDS/PP) são os outros concorrentes.
Mesão Frio, concelho famoso pelos seus vinhos e casas apalaçadas e brasonadas, a liça eleitoral à partida poderá ser renhida. O PS aposta num antigo militante do PSD, Alberto Pereira, para conquistar a câmara ao actual presidente, Marco Teixeira, que se recandidata ao sexto mandato à frente de um cargo que antes já havia sido ocupado pelo seu pai (PSD) até 1989. Mário Costa, dirigente nacional do PCP, volta a dar rosto pela coligação CDU, num concelho onde, em 2005, esta força política obteve a votação mais reduzida a nível distrital, apenas 20 votos.
Muito disputada será a corrida eleitoral em Mondim de Basto, tendo em conta a magra vantagem de 31 votos que deu a vitória a Pinto de Moura (PSD) sobre a candidatura socialista. O concelho, marcadamente rural e florestal, onde o sector dos granitos dá emprego a centenas de trabalhadores, vai poder escolher entre cinco forças políticas que se apresentam ao sufrágio. Francisco Ribeiro (PSD), Humberto Cerqueira (PS), Lúcio Machado (CDS-PP), António Souto (CDU) e Alfredo Gonçalves (PCTP/MRPP). São eleições para uma “tripla”.
Em Montalegre, terra de bons ares, batata e fumeiro, e numa lógica de “candidato que ganha não se mexe”, o PS volta a apostar em Fernando Rodrigues (PS) para vencer as eleições. O actual presidente tem pela frente o jovem Duarte Gonçalves cabeça-de-lista da coligação PSD/CDS-PP, Manuel Batista (BE) e José Afonso (CDU). Aqui, adivinha-se uma disputa mais acesa entre o PS e a coligação de direita. Contudo, há que referir que o BE teve 238 votos nas últimas eleições europeias.
Em Murça, onde a famosa “Porca” e a doçaria conventual são atracções, o PS vai tentar repetir a vitória de 2005 com João Teixeira. A principal oposição vem de Paulo Calvão (PSD), mas também de Humberto Gama (CDS-PP) e Carlos Araújo (CDU). Em 2005, o PS ganhou com uma margem aproximada de 500 votos em relação ao PSD.
Na capital internacional da vinha e do vinho, Peso da Régua, Nuno Gonçalves (PSD), actual presidente da Câmara, quer continuar a liderar a autarquia reguense, contudo o PS apostou no deputado Jorge Almeida (que já concorreu uma vez e perdeu) para recuperar a edilidade. Ernestina Ferreira (CDS-PP) pretende intrometer-se na liça, enquanto António Serafim (CDU) tem esperanças num bom resultado.
Ribeira de Pena é um concelho onde o linho é rei, mas também há a paisagem natural com o turismo de “Aventura da Natureza” a atrair muitos visitantes. Agostinho Pinto (PSD/CDS-PP) volta a recandidatar-se a outro mandato e assume algum favoritismo, porém só na contagem dos votos é que se poderá confirmar esse favoritismo. O PS recorreu a Rui Vaz Alves para enfrentar o autarca social-democrata, enquanto a CDU apresenta Mário Gomes.
Sabrosa, berço de Miguel Torga, Fernão Magalhães, Aires Torres, Visconde Vilarinho de S. Romão e Hermínio Monteiro, tem como cabeça-de-lista pelo PS, José Marques, actual presidente da Câmara que transitou do Movimento de Independentes, força política pela qual conquistou a autarquia. A coligação PSD/CDS-PP apresenta o antigo socialista Milcíades de Carvalho, enquanto José Cuevas (CDU) e Luís Almeida (BE) são os outros candidatos.
No sul do Distrito, em Santa Marta de Penaguião, terra de bom vinho, miradouros e ares lavados do Marão, Francisco Ribeiro (PS), presidente do Município repete a sua candidatura. Em 2005, os cerca de 2 800 votos a mais que o PSD são um óptimo legado para este novo sufrágio. Contudo, Rafael Feliciano (PSD) não estará pelos ajustes e quer contrariar esta vantagem. Roque Brandão (CDS-PP) e Sónia Miranda (CDU) manifestam a mesma vontade.
A boa castanha e o folar de carne são os “cartões de visita” do concelho de Valpaços, cujos candidatos prometem fazer o melhor pelas populações (a exemplo de todos). O “histórico” Francisco Tavares (PSD) e actual presidente da edilidade, é candidato pela sétima vez. Terá como adversários Ema Gonçalo pelo Partido Socialista e Sebastião das Neves pelo Partido Popular. Tarefa hercúlea para ambos, pois há mais de duas décadas que o PSD vence as eleições autárquicas em Valpaços.
Em Vila Pouca de Aguiar, onde o granito, a castanha, os cogumelos, o mel, o cabrito, são mais valias, Domingos Dias (PSD) é o rosto da confiança laranja em continuar a manter o município. José Eduardo Quinteiro (PS), Sandra Rodrigues (CDS) e Carlos Magalhães (CDU) são os seus opositores.
Vila Real, capital cultural e terra de boa gastronomia, os dados estão lançados para uma campanha muito activa entre as várias forças concorrentes. As candidaturas Manuel Martins (PSD) e Rui Santos (PS) praticamente polarizam a corrida eleitoral. Fazendo fé nos últimos resultados de 2005, (PSD 48,61% e PS 42,31/%, juntos tiveram 90% dos votos). Quanto a prognósticos? Só no fim do jogo. Nesta corrida também entram em campo, José Caldeira (CDU), Carlos Gomes (BE) e Patrique Alves (CDS-PP).
