A informação foi avançada à Lusa por Fernando Barros, presidente do Conselho de Administração do antigo complexo agroindustrial do Cachão, onde se encontra um dos maiores e mais antigos matadouros do país que foi alvo de uma ação de fiscalização que levou ao encerramento das linhas de abate de pequenos ruminantes e bovinos.
A ASAE ordenou o encerramento da atividade devido à degradação das instalações e falta de manutenção, e impôs medidas corretivas que começam hoje a ser executadas com obras que vão demorar “no mínimo um mês”, segundo Fernando Barros.
O presidente do complexo do Cachão lamenta que a ação de fiscalização tenha ocorrido numa das épocas mais concorridas do ano com consequências para os produtores de pecuária da região, que a administração tenta atenuar disponibilizando a frota de transporte para que os animais sejam levados a outros matadouros da região.
O Cachão é um dos matadouros com mais movimento na região e na semana de 21 de dezembro, aquando da inspeção da ASAE, já tinha abatido “2.000 pequenos ruminantes e 200 bovinos”, segundo Fernando Barros, que é também presidente da Câmara de Vila Flor.
“Fomos surpreendidos com o encerramento numa época muito alta”, observou.
O presidente da AIN sublinhou a “boa notícia para os produtores pecuários” que é o arranque, hoje, das obras para cumprir os requisitos apontados pela ASAE e que consistem em “pinturas, reparação de paredes, pavimentos, e retirar alguns pontos de oxidação nas tubagens”, assim como “melhorar extratores de ar”.
Fernando Barros escusou-se a adiantar o custo das obras, indicando apenas que serão os acionistas, no caso as câmaras, a suportar os mesmos, da mesma forma que garantem há mais de uma década a viabilidade financeira do matadouro, com 360 mil euros por ano.
As obras no matadouro, que tem 26 funcionários, serão também um passo para a requalificação do antigo complexo, um projeto mais vasto para o qual irá ser necessário o apoio do Governo, como indicou.
A primeira etapa do processo de requalificação ficou concluída na sexta-feira com o fim da operação da retirada dos resíduos queimados em dois incêndios nos armazéns de uma fábrica de papel e plástico, a Mirapapel.
Os 265 mil euros necessários para a limpeza de cinco mil toneladas de lixo foram financiados pelo Fundo Ambiental, ao qual será feita nova candidatura para uma segunda fase correspondente à requalificação dos espaços afetados.
O investimento necessário será de, pelo menos, mais de 200 mil euros, de acordo com um relatório sobre a operação de limpeza.
O propósito destas intervenções, como indicou Fernando Barros, é a captação de investimento para a revitalização do complexo do Cachão, que já foi um dos maiores centros económicos da região, com o antigo complexo agroindustrial, agora sociedade Agro Industrial do Nordeste (AIN), a empregar mais de mil pessoas e a receber para transformação e comercialização a produção agrícola do Nordeste Transmontano.
Na década de 1980 entrou em decadência o projeto agrícola daquele que foi considerado o “pai” da agricultura transmontana, o engenheiro Camilo Mendonça, até que as câmaras de Mirandela e Vila Flor assumiram a gestão com vista à revitalização.
O antigo Complexo Agroindustrial do Cachão (CAICA) recebeu o nome da aldeia onde está instalado, em Mirandela, e foi durante largos anos o principal empregador da região, mas acabou por falir.
Em 1993, as Câmaras de Mirandela e Vila Flor assumiram a administração do antigo complexo agora denominado AIN – Agroindustrial do Nordeste, que arrenda ou vende os espaços.
Atualmente estão instaladas no local cerca de uma dezena de empresas com mais de cem postos de trabalho, que chegam aos 250 em atividades sazonais, segundo a administração.