O Parque Natural de Montesinho (PNM) vai ter um novo modelo de gestão, que pretende promover a proximidade e a coesão territorial e responda aos desígnios da sustentabilidade, nas dimensões política, social, económica, ecológica e cultural, salvaguardando os valores naturais.
Apresentado no Auditório Paulo Quintela, o modelo de cogestão tem ainda como objetivo a valorização do capital natural do PNM, que comunique e promova o Parque de forma diferente e que, principalmente, “se aproxime das pessoas, de forma inclusiva e integrada, em todas as suas valências e singularidades: identitárias, sociais, culturais e económicas”.
Hernâni Dias, presidente da Câmara de Bragança, referiu que o município integra este processo de cogestão para “melhorar a atual situação das pessoas, que vivem e trabalham no PNM”, lembrando que, “atualmente, o Parque não serve as populações”.
“Esperamos que, no decorrer deste novo modelo, essa situação seja invertida e que as pessoas possam, finalmente, ser uma peça central, além, claro, da própria preservação e conservação da natureza”, pois “só assim faz sentido”.
A Comissão de Cogestão será o principal órgão presidido pelo presidente da Câmara de Bragança e pelo presidente da Câmara de Vinhais, Luís Fernandes, em substituição. Desta comissão fazem ainda parte o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), a Direção Regional de Agricultura e Pescas, o Instituto Politécnico de Bragança, a associação florestal Arbórea, a Associação para o Estudo e Proteção do Gado Asinino (AEPGA), e a Azimute, associação ligada aos desportos de aventura, juventude e ambiente.
CRÍTICAS
A proposta para o novo modelo de gestão do PNM levantou críticas, por não ter as freguesias representadas no órgão de decisão.
Telmo Afonso, presidente da União de Freguesias da Sé, Santa Maria e Meixedo, disse à Lusa que no momento em que se discute o novo modelo de gestão, “os presidentes de junta foram, maltratados, porque ninguém falou deles”, lamentando que o órgão de decisão “não tenha representantes das 28 freguesias dos dois concelhos”, que abrangem as 88 aldeias e oito mil habitantes desta área protegida, que ao longo dos últimos anos se têm queixado de ser esquecidos pela direção do Parque.
O autarca lembrou que “os constrangimentos têm sido muitos em relação às pessoas”, sublinhando que que “tudo aquilo que está preservado foram os bisavôs, os avôs, os pais” que o fizeram. “A principal espécie que não é protegida no Parque Natural de Montesinho é a humana e os nossos jovens não se radicam nas aldeias, porque têm restrições”, frisou.
A diretora regional do INCF, Sandra Sarmento, admitiu que “não conseguiram colocar toda a gente que gostariam na Comissão de Cogestão, todavia, disse que “será possível criar grupos de trabalho sobre determinados setores, entre eles os do turismo de natureza”.
A mesma responsável justiçou ainda que são as “câmaras municipais são órgãos eleitos que representam as pessoas e o território”.
A proposta para o novo modelo de gestão será apresentada até agosto em sessões para ouvir contributos nas várias localidades do Parque. Já em outubro e novembro será colocado em discussão pública e em dezembro será apresentada a proposta final, que deverá começar em vigorar em 2023.