“Estamos a fazer um voto de protesto, ou seja, recusamos votar porque não concordamos com aquilo que o nosso Governo está a fazer com a nossa terra. Se é este tipo de desenvolvimento que eles querem para o Interior, nós não concordamos”, afirmou à agência Lusa Armando Pinto, porta-voz da Associação Montalegre Com Vida.
Esta associação está em fase de legalização e tem como objetivo lutar contra a exploração de lítio na freguesia, numa altura em que já foi assinado o contrato de exploração entre o Estado português e a empresa Lusorecursos.
Em Morgade foi feito um apelo à abstenção e esta manhã as portas da secção de voto foram fechadas a cadeado, tendo sido chamada a GNR e um serralheiro para abrir o edifício da junta de freguesia.
Durante a manhã concentraram-se cerca de 50 pessoas perto da sede da Junta de Freguesia e pela aldeia foram também colocadas tarjas de grande dimensão onde a principal mensagem que se pode ler é “não à mina, sim à vida”.
“Nós não queremos uma mina a céu aberto na nossa freguesia que vai afetar as três aldeias, uma mina com 800 metros de diâmetro e com 350 metros de profundidade, que irá trabalhar 24 horas por dia, durante todo o ano”, salientou Armando Pinto.
O responsável frisou que a população não “quer abdicar da qualidade de vida” e que o protesto de hoje pretende ser uma “chamada de atenção” para o Governo português e a União Europeia.
“Estamos aqui hoje porque somos contra o lítio. Vão destruir toda a paisagem e não podem continuar assim, a fazer pouco desta gente”, afirmou Maria Fernanda, 60 anos, que se juntou ao protesto e garantiu que hoje também não vai votar.