“Queremos mais e, por isso mesmo, solicitámos uma reunião em Bruxelas para levarmos em mão este dossier do Património Agrícola Mundial e para que se perceba que é preciso majorar ainda mais estes subsídios, porque temos, em primeiro lugar, que respeitar esta distinção que tanto nos honra e que é única no país”, afirmou Fátima Fernandes, que falava à margem da iniciativa “Desafios para a agricultura do Barroso”.
O pedido de audiência foi dirigido aos eurodeputados que representam Portugal na União Europeia e a autarca reforçou que é preciso chamar a atenção para o Barroso, que se estende por Montalegre e Boticas e foi classificado como Património Agrícola Mundial há seis anos, e para a majoração desses subsídios específicos que foram criados para este território.
“A União Europeia sabe o que é o Património Agrícola Mundial. Se calhar precisamos de lá ir para enfatizar estas particularidades identitárias do nosso território, para que seja mais valorizado e implicando também o nosso país nesse desígnio”, afirmou, referindo que aguarda, agora, que seja agendada a data da reunião.
Fátima Fernandes adiantou que também já foi solicitada uma audiência com o novo ministro da Agricultura, do Governo da Aliança Democrática (AD), a quem pretende pedir um “olhar atento” para esta região.
“No caso de Montalegre, relativamente à coesão, temos que andar a lutar por ela a ferro e fogo todos os dias para nos fazemos ouvir”, sublinhou a autarca socialista.
No decorrer da iniciativa “Desafios para a agricultura do Barroso”, Adelino Bernardo, representante da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), disse que são duas as medidas específicas concedidas ao Património Mundial e concretizou que uma é dirigida aos agricultores e diz respeito à manutenção do mosaico paisagístico (lameiros ou sistema de regadio tradicional), enquanto a outra visa a gestão do pastoreio em áreas baldias, um apoio que está, agora, a ser implementado.
“Só pelo facto de sermos Património Agrícola mundial, já houve uma majoração na atribuição de 11,5% de alguns subsídios, designadamente este novo subsídio que é o pastoreio em baldio”, realçou Fátima Fernandes.
Às ajudas para a manutenção do mosaico paisagístico foram submetidas 600 candidaturas e os apoios, segundo Adelino Bernardo, vão começar a ser atribuídos este mês pelo Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP).
De acordo com o responsável, para a gestão do pastoreio em áreas baldias foram submetidas 68 candidaturas.
Numa altura em que estão a sair os avisos para o novo quadro comunitário, Fátima Fernandes realçou que o município tem um gabinete de apoio para ajudar os agricultores, tal como outras associações e organizações do concelho.
“Não podemos perder nem um cêntimo que seja do quadro comunitário de apoio, porque o merecemos e trabalhamos para isso”, sublinhou, acrescentando que as práticas ancestrais que levaram à classificação do Barroso são conciliáveis com práticas mais modernas, como a mecanização, que podem levar a uma maior produção e, consequentemente maior rendimento da atividade.
A sessão foi organizada pela Associação dos Produtores em Proteção Integrada de Trás-os-Montes e Alto Douro (APPITAD) e contou com a colaboração município e da Associação de Desenvolvimento da Região do Alto Tâmega (ADRAT).