Cinco homens com idades entre os 22 e 35 anos, todos de Bragança, estão em prisão indiciados por um crime de homicídio qualificado consumado e três na forma tentada relativos aos restantes elementos do grupo com quem saiu nessa noite a vítima, que viria a morrer dez dias depois num hospital do Porto.
O caso revelou um universo desconhecido da autoridade policial, como afirmou hoje o comandante da PSP, em que “há muitas vezes altercações e episódios de violência”, mas não chega [ao conhecimento] da Polícia “porque as pessoas não se aproximam das instituições para formalizarem a denúncia”.
Em 2019, o número de queixas por ofensas graves à integridade física duplicou em Bragança, mas reduz-se a quatro denúncias, o que o comandante entende que ”não corresponde de todo à verdade”.
O que a polícia pretende é que estas situações cheguem ao conhecimento da autoridade competente e pede mais cooperação por parte de outras entidades, desde bombeiros, à Saúde e mesmo dos estabelecimentos de diversão.
O comandante informou que tenciona reunir-se com os corpos de bombeiros de Bragança e Mirandela, as duas cidades do Nordeste Transmontano, sob a alçada da PSP, para perceber “efetivamente que leitura é que eles têm dos episódios a que são chamados a intervir, especialmente durante a noite”.
“Nada é possível estudar se não for conhecido e nós, enquanto polícia, temos obrigação de trabalhar, não só o momento em que temos de estudar o fenómeno, que o interpretar e depois temos que garantir prevenção”, considerou.
O comandante salientou também que, desde o verão, a PSP tem em curso o programa “Noite Segura”, em articulação com os estabelecimentos noturnos e em que em cada bar e discoteca há o chamado “sentinela”, o interlocutor com as autoridades.
O propósito deste programa é serem os proprietários a sinalizar e comunicar problemas à polícia, o que não aconteceu na madrugada de 21 de dezembro, “provavelmente porque houve a confiança por parte do estabelecimento de que tinha tudo controlado”, como admitiu o comandante.
O caso que levou à morte de Giovani começou no interior de um bar de Bragança com uma desavença entre elementos do grupo de cabo-verdianos, em que a vítima não estava envolvida, e de outro grupo de Bragança.
As agressões ocorreram fora do bar, na avenida Sá Carneiro, e o comandante da PSP acredita que se o problema no interior tivesse sido comunicado à PSP, “eventualmente o caso teria outro desfecho”.
“Bragança é uma cidade segura” foi o que concluiu também o presidente do Conselho Municipal de Segurança e da câmara, Hernâni Dias, que fez aprovar uma recomendação ao Governo para o reforço do efetivo da polícia, no sentido de garantir o rejuvenescimento do mesmo.