A caça atravessa uma fase complicada. Como está o concelho de Macedo de Cavaleiros neste setor?
Em termos da caça maior penso que estamos bem e estamos a contar com bons resultados nas montarias da Feira da Caça e Turismo. Em termos de caça menor, estamos como no resto do país, a atravessar uma fase menos boa, devido às doenças. Penso que nesse sentido, haverá a necessidade de o Estado nos ajudar para conseguirmos inverter a situação.
Que ajudas são necessárias?
Precisamos de um investimento por parte do Governo na investigação e resolução das doenças, que são o grande problema da caça menor. Além disso, era necessário que os agricultores tivessem um bocadinho de contenção no uso de pesticidas e herbicidas. Tinha que haver, a nível central, uma concertação entre os vários setores de forma a que a biodiversidade possa recuperar.
Como é que vê aqueles que criticam a caça?
A caça só é mal vista por quem não sabe o que é a caça. Infelizmente, temos muitas pessoas que, por viverem nas grandes cidades, se julgam mais cultas. A verdade é que talvez seja o contrário. Nós conhecemos a realidade dessas pessoas, mas elas não conhecem a nossa. A caça sempre existiu, faz parte da origem do homem e nunca veio nenhum mal ao mundo por causa disso. Os caçadores não são assassinos e são, talvez, os primeiros a defender a biodiversidade. O facto de caçarmos não significa que façamos sofrer os animais, como alguns dizem. Vamos comer os animais vivos? Essas pessoas, que se dizem ambientalistas, defendem essas falsas questões para atingirem os seus objetivos e verem as suas causas subsidiadas. Não passa de um jogo de interesses. Penso que precisavam de vir connosco para a caça um dia para perceberem que o que dizem é mentira, mas também me parece que não há interesse em perceber.
Como está a Federação a nível de associados?
A Federação podia estar melhor a nível de associados. No último levantamento, feito há cerca de quatro anos, tínhamos 200 associados. Aqui há uns anos, quando o Estado nos tirou a comparticipação nas licenças de caça, perdemos muitos associados. Além disso, houve alguns que deixaram de pagar as cotas. As pessoas entenderam que, depois de nos ser retirada a comparticipação, não lhe dávamos nada, ainda que eu ache que o melhor que lhes podemos dar é representá-las junto do Governo e defender os seus interesses. Mesmo assim, importa referir que nas regiões de Trás-os-Montes e Minho está concentrado o maior número de caçadores a nível nacional. Somos, seguramente, mais de 50% dos caçadores do país. Só nas montarias da Feira da Caça e Turismo estamos à espera de 600 caçadores, fora a Prova de Santo Humberto e a Certaria, que costumam ter muito sucesso.
E a ideia que se tem de que ser caçador é caro. É verdade ou mito?
Não é barato, realmente. Só o facto de termos de comprar a arma e os cartuchos é caro. É preciso tirar a carta de caçador, a licença de uso e porte de arma e ir fazendo atualizações. Além disso, as licenças de caça estão cada vez mais caras e essa é uma das nossas lutas, pelo que queremos sensibilizar o Governo para que entendam que, já que não nos dão o dinheiro da comparticipação das licenças, vão ter de nos ajudar de outra forma. A caça representa milhões de euros para os cofres do Estado e nós não recebemos nada em troca. Num tempo em que há tantos setores descontentes, nós não temos apoios. Vamos ter que começar a ser reivindicativos também.
Para concluir, e voltando à Feira da Caça e Turismo, que importância tem um evento como este para o setor da caça?
Atrevo-me a dizer que esta feira é o maior evento de Trás-os-Montes, seguido do Carnaval de Podence. São eventos que ajudam a dinamizar a economia local. É uma forma de as pessoas conseguirem “uns trocos” para se governarem o resto do ano.