A incapacidade de Bragança não conseguir aproveitar o multiculturalismo que se vive atualmente no instituto politécnico foi o principal ponto negativo apontado no Relatório de Sustentabilidade de Bragança, apresentado esta quarta feira.
Carlos Medeiros, responsável pelo estudo, sublinhou que Bragança é um município bastante sustentável, mesmo comparando com outros nacionais e ibéricos. No entanto, referindo que não há muitos aspetos negativos do relatório que destaca a autarquia como uma das mais empenhadas na sustentabilidade, particularmente na ambiental, e um município com grande capacidade de investimento, não tendo dívidas, o responsável apontou o não aproveitamento do multiculturalismo do IPB como uma área a trabalhar. “O instituto politécnico é um exemplo, pois conseguiu ter uma dimensão de internacionalização única no país. Mas agora há ainda um trabalho maior a fazer, pois há um divórcio muito grande entre os alunos do IPB e a cidade”, explicou Carlos Medeiros, acrescentando que é necessário colocar as diversas nacionalidades “na malha dos espaços da cidade”. “É a sugestão que me parece mais importante para criar maior multiculturalismo alargado”, disse.
Hernâni Dias, presidente da câmara municipal, afirmou que o município está a entrar num processo em que a debilidade apontada siga uma orientação diferente. “A questão da multiculturalidade é recente e as dinâmicas não se alteram de um dia para o outro. É preciso ir trabalhando, ir fixando pessoas no território para que outros lhe sigam o exemplo. Há-de haver um período em que a vertente da multiculturalidade pode ganhar outra expressão quando houver bons exemplos a serem seguidos”, esclareceu o autarca, exemplificando com o caso do Brigantia Ecopark, em que existem várias pessoas estrangeiras a trabalhar e que serão um fator de motivação para outros que lhe queiram seguir o exemplo. “Mas não deixamos de atuar para todos, pois a igualdade de oportunidades é importante nestes processos”, afirmou.
O Relatório de Sustentabilidade de Bragança foi realizado pela IPI Consulting Network a pedido da autarquia para "perceber o estado de arte do município, o que tem vindo a ser feito e corrigir ou definir objetivos para o futuro", segundo Hernâni Dias, tendo-se concluído não existirem muitos aspetos negativos. Carlos Medeiros destacou o “comportamento de transparência e uma aposta clara na qualidade, nomeadamente na qualidade ambiental”, explicando que “não é frequente haver municípios como o de Bragança tão empenhado na melhoria do ambiente, não só de coisas imediatas, como a utilização de carros elétricos, por exemplo, mas também a melhoria de aspetos mais globais”.
Hernâni Dias referiu como medidas imediatas as que atenuem o problema atual das alterações climáticas, lembrando que, a nível municipal, Bragança esteve inserida num projeto piloto a nível nacional para calcular a sua pegada ecológica e disponibilizou a todos os munícipes uma calculadora ecológica para que percebam o seu comportamento e o impacto que este tem a nível ambiental. A aquisição de viaturas elétricas, a colocação de diversos postos de carregamento elétrico, a aposta na mobilidade pedonal e ciclável e o manter a cidade limpa foram outras das medidas elencadas pelo autarca.