O Rio Douro, na madrugada de sábado, galgou as margens da Régua e no Pinhão, levando à evacuação de cerca de trinta estabelecimentos comerciais e seis habitações. Também as instalações do Clube de Caça e Pesca do Alto Douro, na Régua, foram afectadas, nomeadamente as piscinas, ginásio, balneários e campo de futebol. A força da corrente levou, ainda, uma plataforma de acostagem de barcos, instalada junto ao cais da Junqueira, bem como outra plataforma, no Pinhão, e um barco de recreio.
Porém, foi nas avenidas situadas na zona ribeirinha de Peso da Régua que o rio provocou grandes transtornos. A previsão da subida acentuada do caudal do rio levou a que entrasse em funcionamento o Gabinete de Crise Municipal e Protecção Civil, liderado pelo Governador Civil, António Martinho. Para o efeito, foram mobilizados, para a zona da Barroca (Avenida do Douro) e Avenida João Franco, os Bombeiros de Peso da Régua (32 homens), meios humanos e mecanizados da Câmara local, para auxiliarem os donos dos estabelecimentos a retirarem os seus haveres. Nas mesmas tarefas, participaram Bombeiros de Mesão Frio (5) Santa Marta (5) e Cruz Branca de Vila Real (5).
De referir que cerca de vinte militares do CIOE, de Lamego, e treze do RI 13, de Vila Real, colaboraram nas acções de ajuda às populações. A retirada de haveres demorou cerca de três horas e, quando, pelas 4.20 horas, o Douro galgou o parapeito da avenida, já nada havia nas lojas.
“Não contávamos que o rio subisse a este nível. Ainda há poucos dias, a nossa Loja de Artesanato foi inundada e, agora, volta sê-lo” – disse Manuel Mota, Presidente da Associação de Amigos da Abeiradouro.
As preocupações, durante a noite, voltaram a crescer, quando se soube que o débito de volume de água das Barragens de Bagaúste, Valeira e Pocinho estava em crescendo. O pico de cheia foi atingido às 8 horas, na altura em que a Barragem de Bagaúste debitou 7.160 m3 por segundo, ameaçando a Avenida da Galiza e a Rotunda do Tondela (aqui, uma serração e uma casa comercial chegaram a ser inundados).
Na zona da Barroca (Godim), os rés-do-chão de algumas habitações foram, igualmente, alagados. Um homem deficiente chegou, mesmo, a ser retirado de casa, pela janela.
A partir das 16 horas, o nível de água começou a descer. O Presidente da Câmara Municipal da Régua, Nuno Gonçalves, estava, ao fim do dia, mais satisfeito, pois o rio começou a descer. Porém, o autarca salientou “o trabalho dos Bombeiros da Régua e das outras corporações, bem como todos os meios de socorro presentes, o que fez com que as operações de retirada dos haveres ocorresse com grande serenidade”.
Pelas 19.25 horas, a água já estava de saída da Avenida João Franco.
Na baixa do Pinhão, inundada pelo Douro, os bombeiros locais tiveram de retirar haveres de um café, de um bar e de dois restaurantes. Também ao final do dia de sábado, a sua zona marginal já estava aliviada da água em excesso. Aqui, os habitantess louvaram, também, o trabalho dos Bombeiros do Pinhão e de Provezende que auxiliaram as populações.
Jmcardoso