Depois de sete anos de espera e de mais de dois milhões de euros de investimento, o Centro de Saúde de Alijó é uma realidade que tem dado “os seus frutos”. No entanto, apesar de, para alguns, não haver dúvidas sobre as melhorias conseguidas com a reforma no sector da Saúde neste concelho, muitos são aqueles que continuam a defender o regresso do “atendimento médico 24 horas”, para o Município alijoense.
“Espero que, hoje, as pessoas reconheçam que a reforma do Sistema de Saúde serviu para melhorar os serviços prestados”, defendeu o Primeiro-Ministro, José Sócrates, no dia 27, durante a inauguração do Centro de Saúde de Alijó, desvalorizando assim as críticas ao encerramento da urgência médica nocturna daquele concelho.
Segundo o mesmo responsável político que foi alvo de algumas vaias, por parte de um grupo de cidadãos que empunhava uma faixa negra, com a frase “Alijó quer atendimento médico 24 horas”, “não podemos ter falsas urgências que tragam um falso sentimento de segurança aos utentes”.
Reconhecendo que “sempre que se fazem mudanças, na área da Saúde, é como fazer um convite à demagogia política” e recordando que “foi difícil” explicar, à população, inclusive ao seu pai (natural de Vilar de Maçada), o porquê do encerramento das Urgências, José Sócrates considerou que, hoje, “todos podem testemunhar os ganhos conseguidos”, isso porque “sem dúvida, a Saúde ficou melhor, no concelho”.
Ana Jorge, Ministra da Saúde, sublinhou a “inovação” inerente ao Centro de Saúde local, com a aposta num novo sistema de armazenamento e transmissão do serviço de Radiologia.
“Este novo equipamento vai permitir que os exames sejam observados por médicos do Hospital de Vila Real, aumentando a resposta médica, sem exigir a deslocação dos doentes”, explicou a Ministra, sobre o novo sistema que, orçado em 163 mil euros, é o primeiro a entrar em funcionamento em Centros de Saúde do distrito de Vila Real.
Ana Jorge sublinhou, ainda, os ganhos com a criação da Unidade de Cuidados Continuados de longa e média duração de Alijó que, sediado nas instalações do Hospital da Santa Casa da Misericórdia, deverá entrar em funcionamento dentro de 15 dias, bem como a implementação, pelo Centro de Saúde, de serviços domiciliários aos utentes, uma valência que conjuga esforços, por parte do sector da Saúde e da Segurança Social.
“Mas temos que chegar ainda mais perto das populações”, defendeu a Ministra, deixando ainda um “desafio” à autarquia de Alijó, para que dinamize a criação de uma Unidade Móvel de Saúde que “leve os médicos” até às pessoas das freguesias mais rurais.
Artur Cascarejo, Presidente da Câmara Municipal de Alijó, recordou que a construção do novo Centro de Saúde era uma ambição antiga do concelho.
“Espalhámos a semente deste projecto, há sete anos. Agora, estamos a colher os frutos”, referiu o autarca, falando da nova infra-estrutura de Saúde que vai servir uma população de quase 15 mil utentes.
O edil sublinhou, ainda, a entrada em funcionamento da Ambulância de Suporte Imediato de Vida, uma viatura que, como garantiu, “já salvou vidas, em Alijó”.
Em funcionamento, desde Abril, o Centro de Saúde alijoense que exigiu um investimento de mais de dois milhões de euros já foi responsável por mais de 60 mil consultas, permitindo que 65 por cento da população consultasse, pelo menos uma vez, o seu médico, garantindo uma cobertura de 98 por cento do Plano de Vacinação e seguindo, a 100 por cento, as grávidas, e, em 93 por cento, as crianças até aos 12 meses, entre muitas outras valências e serviços.
“Podemos olhar para a nova realidade e reconhecer que a ideia que tínhamos estava correcta. Valeu a pena lutar e insistir”, concluiu José Sócrates.
Primeiro-Ministro “abriu as portas” da nova Pousada da Juventude
Depois de inaugurado o Centro de Saúde, José Sócrates ainda presidiu à inauguração da Pousada da Juventude de Alijó, um equipamento orçado em mais de dois milhões de euros e cuja concretização “era uma questão de justiça, para com o Município”.
O governante elogiou a autarquia, pela sua “insistência” num projecto que deu os seus primeiros passos em 1999, com a assinatura de um protocolo que se arrastou, durante anos.
“Sou de Vilar de Maçada e sou do tempo em que se vivia na miséria, em Trás-os-Montes. Por isso, tenho consciência do que é preciso fazer, para que os distritos de Vila Real e Bragança tenham acesso ao desenvolvimento. Tenho consciência do que é preciso fazer, para que não haja dois tipos de Portugal”, garantiu José Sócrates, sublinhando a importância da nova Pousada para o desenvolvimento da região duriense.
Com uma oferta de 68 camas, a Pousada de Juventude de Alijó é a segunda a nascer no distrito, mas a 47.ª da Rede Nacional de Turismo Juvenil, estando garantida a sua taxa de ocupação, nos seus primeiros três anos de funcionamento, graças a um protocolo de colaboração entre a Movijovem, entidade responsável pelo fomento da mobilidade juvenil, em Portugal, e a Câmara Municipal local que, por sua vez, já estabeleceu acordos com a Universidade de Trás-os–Montes e Alto Douro e a Oikos, com o intuito de dinamizar a Pousada.
Maria Meireles