Os Encontros de Culturas Judaico-Sefardita, Terra(s) de Sefarad, que acontece em Bragança de 19 a 23 de junho, irá reunir especialistas de todo o mundo em torno do debate das diásporas da atualidade e da preservação da memória, com interpretação contemporânea. Para além da temática da mobilidade, novidade será a realização de um Fórum Económico Sefardita e o encontro de historiadores regionais e locais.
“Como novidade principal, esta segunda edição do evento irá abordar a questão das diásporas, tudo o que tem que ver com a mobilidade”, explicou Paulo Mendes Pinto, da Cátedra de Estudos Sefarditas, da Universidade de Lisboa, acrescentando que a iniciativa pretende “trazer a memória das diásporas judaicas portuguesas mais antigas, mas quer ajudar a pensar a inevitabilidade que hoje existe de ter de fugir, de ter a identidade em perigo, associada aos migrantes. É impossível compreender o mundo de hoje sem a dimensão da diáspora”.
Nova será a realização de um Fórum Económico Sefardita, concretizado com personalidades de diversas áreas, como turismo, investimento e que, como sublinhou Paulo Mendes Pinto, irá “ajudar a pensar de que maneira o trabalhar da memória judaica pode ser mais do que uma nostalgia, mas que traga algo significativo para as populações e investimento. Queremos encontrar formas que façam as pessoas fixarem-se e investir”.
Por fim, do programa desta segunda edição faz parte um encontro de historiadores locais e regionais, uma vez que, como justificou o catedrático, “se se quer pensar o mundo contemporâneo e o momento presente nas populações, tem que se ouvir quem está no terreno”.
Hernâni Dias, presidente do município, sublinhou a importância do encontro para a preservação da memória e atração ao território. “Para além da preservação da cultura judaica, interessa promovê-la, captar mais turismo ligado a esta temática, e também dinamizar economicamente, pensando em investimentos futuros”, referiu, adiantando que a autarquia “não deixará de explorar todas as possibilidades de financiamento para novos equipamentos e para a parte imaterial”.
O presidente da câmara de Belmonte e presidente da Rede de Judiarias de Portugal, António Rocha, reiterou a importância do congresso na continuidade de se rever a história, o passado, lembrando que a cultura sefardita tem vindo a ganhar muita importância no país. “Nos últimos dois anos e meio, cerca de 30 mil descendentes de judeus que saíram de Portugal estão a pedir a dupla nacionalidade. Queremos mostrar a nossa herança judaica e fazer com que toda a população sinta que vale a pena preservar esta memória que é atrativa em termos turísticos e económicos”, concluiu.
O Terra(s) de Sefarad apresenta ainda um variado programa cultural, com exposições, com destaque para Zadock Ben-David, no Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, concertos de música sefarditas, cinema judaico e um mercado Kosher.