Não obstante o sucesso competitivo protagonizado na temporada futebolística anterior, tanto ao nível da equipa sénior, como das camadas mais jovens (pena que, depois de se terem sagrado campeãs distritais, as equipas de Iniciados e Juvenis não se tenham apresentado a disputar os nacionais), o G.D. Bragança não consegui ultrapassar a crise administrativa e financeira em que, sob a liderança de Vasco Vaz, se foi progressivamente afundando.
Já no passado Verão “A Voz do Nordeste” se referiu ao estado preocupante em que a colectividade futebolística mais importante do Nordeste Transmontano se encontrava, agravada, na altura, com a demissão de elementos influentes no elenco directivo.
Pelos vistos, o optimismo dos poucos dirigentes restantes, parecendo revelar grande voluntariedade e uma “aparente” capacidade para levar por diante os destinos do G.D.B., quando muitos vaticinavam o cenário que agora se vive, acabou por ser desastroso e com consequências muito negativas, quer no que toca ao prestígio da agremiação, quer da própria cidade de Bragança, que, por via desta crise, foi até notícia em jornais e televisões a nível nacional. Como se isso não bastasse, o comportamento dos dirigentes brigantinos teve implicações directas na estabilidade financeira de várias famílias, sobretudo dos atletas e treinadores, que, nesta hora difícil, têm mostrado grande dignidade, profissionalismo e “amor à camisola”.
Bem vistas as coisas, não seria bem melhor e com mais sentido de responsabilidade, o presidente Vasco Vaz ter apresentado a demissão antes de a época futebolística ter começado e não agora?!… É que, quando se pretende dirigir um clube como o G.D. Bragança, que representa uma capital de distrito e que tem um historial de prestígio, é necessário ter plena consciência das responsabilidades/dificuldades inerentes a um cargo dessa natureza. É, sobretudo, necessário assumir com sustentabilidade e programação adequadas todas as tarefas que são incumbidas a uma direcção, nomeadamente ao respectivo presidente. As instituições, como as pessoas, têm se ser dignificadas. Quando isso não acontece por culpa dos seus dirigentes, esses devem ser responsabilizados pelos actos que praticam. Não se pode ser presidente de uma colectividade só porque se quer.
Ora, com um passivo que ronda os 250.000 Euros e com os atletas há vários meses sem receberem o salário acordado, que mais poderia acontecer ao glorioso Grupo Desportivo de Bragança e aos seus “funcionários” nesta época natalícia?!…
Não nos parece bem que, conscientes das dificuldades que iriam encontrar antes do arranque da época que decorre, os dirigentes do G.D.B. queiram demitir-se das suas funções/obrigações nesta altura do campeonato. Isso não. É sempre mais fácil sacudir “a água do capote” do que enfrentar os problemas na tentativa de os resolver ou minimizar com alguma dignidade. Interessa, agora, que possa surgir um grupo de sócios destemidos, corajosos e credíveis que assumam a orientação deste clube, principal embaixador desportivo da cidade de Bragança pelo país.
É nas horas difíceis que mais se conhecem os amigos. Pois bem, fazemos votos para que os associados e os brigantinos em geral contribuam para que o Natal traga novas e boas perspectivas ao G.D. Bragança. Se assim for, talvez os atletas, cujas famílias vivem situações aflitivas, possam passar esta época mais animados e optimistas na esperança de que melhores dias virão.
Nuno Pires
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