Com a derrota frente ao Torre de Moncorvo, o Vila Real complicou, ainda mais, a sua situação e afunda-se, na tabela classificativa. A necessitar de pontos, urgentemente, para respirar um pouco e dar tranquilidade à equipa, os vila-realenses entraram muito nervosos e sem conseguir fazer as movimentações e triangulações da defesa para o ataque. Já o Moncorvo, no 3.º lugar da classificação, com a impressionante marca de quinze jogos sem conhecer o sabor amargo da derrota, continua a fazer um bom campeonato, à semelhança do que já fez, na época passada.
Maki, ainda com algumas baixas no plantel, apresentou uma equipa semelhante àquela que utilizou em Ermesinde. Com muita juventude, a defesa sentiu bastantes dificuldades em travar o jogo flanqueado do adversário. Foi na retaguarda, onde se abriam muitos espaços, que os homens mais avançados da Terra Fria aproveitavam para provocar calafrios, na área de Vieira.
Nos primeiros vinte minutos, ambas as formações não demonstraram aptidão para rematar com perigo às balizas. Mas, a partir da meia hora de jogo, o Moncorvo conseguiu flanquear o seu jogo e, desta forma, criar situações de maior perigo, junto da baliza de Vieira. Aos 25 minutos, Maki teve que fazer uma alteração forçada, com a lesão do jovem Danilo, entrando, para o seu lugar, Braima que se posicionou no lugar ocupado, no centro do terreno, por Vitó e este acabou por recuar, para constituir a dupla de centrais, com Igor.
Aos 32 minutos, o Moncorvo deu o aviso. Num lance muito rápido, conduzido pelo recém-entrado Gabriel, culminou num remate muito perigoso para a baliza de Vieira, mas a bola acabou por sair a centímetros do poste. Volvidos três minutos, surgiu o único golo da partida, marcado por Elísio. Eduardo conduziu o esférico, na direita, colocou ao segundo poste, onde ninguém do Vila Real conseguiu limpar e o avançado Elísio aproveitou, para colocar a bola no fundo das redes. Vieira, no chão, pouco ou nada poderia fazer. Muita displicência da defensiva caseira, ao não conseguir tirar a bola da sua área.
Com uma defesa coesa e segura, com Ferraz em grande destaque, os avançados da casa sentiam muitas dificuldades em penetrar junto da área de Noronha. Nem os livres de Lemos conseguiam levar perigo junto da baliza contrária. Por seu turno, o Moncorvo, com o jogo controlado, conseguia atormentar a defesa caseira. Muito perto do intervalo, Eduardo falhou o segundo, à boca da baliza. Houve um lançamento de linha lateral, muita passividade da defesa “alvi-negra” em tirar a bola e Eduardo antecipou-se e rematou, com muito perigo. Poucos segundos depois, o árbitro apitou para o final da 1.ª parte.
Era necessário fazer algo, para alterar o rumo dos acontecimentos. Maki tirou Lemos, uns furos abaixo daquilo a que já nos habituou, e colocou Caniggia em campo. O Vila Real subiu de rendimento, mostrou vontade, empenho, mas isso só não chegou, para alterar o resultado. Mesmo assim, viu-se outra equipa, na 2.ª parte, com várias as oportunidades desperdiçadas. Logo a abri, Ricardo, em velocidade, rematou, com força, às malhas laterais. Depois, foi a vez de Filipe levantar para a área, onde Ricardo cabeceou, para a baliza. Registou-se grande confusão, mas a defensiva do Moncorvo conseguiu aliviar. Era um Vila Real mais forte, objectivo, sempre a pressionar, com os forasteiros remetidos na sua defensiva, optando por descurar, por completo, o ataque.
Aos 80 minutos, foi a vez de Maniche, sempre inconformado com o resultado, a desperdiçar uma excelente oportunidade. Filipe levantou para a área, Maniche atirou, com força, para grande intervenção de Norinho. Volvidos poucos minutos, foi Caniggia a trabalhar, na direita, colocou em Maniche que rematou, sobre a barra. Pouca sorte para o avançado “alvi-negro” que já merecia um golo, pelo bom desempenho que demonstrou, no segundo tempo. Sobre o minuto 90 e quando o Vila Real procurava o golo, ansiosamente, houve um rápido contra-ataque dos forasteiros, mas Vieira, com uma grande defesa, negou o segundo golo ao Moncorvo.
Já no período de descontos, houve uma grande penalidade que ficou por assinalar, na área do Moncorvo. Houve uma mão que impediu a bola de seguir o seu caminho natural. Havia razão para o castigo máximo, mas o árbitro, perto do lance, assim não entendeu e mandou seguir o jogo. Na sequência da jogada, o jogador Flávio correu, isolado, para a área dos vila-realenses. Braima travou o adversário, em falta, e o árbitro mostrou-lhe o cartão vermelho directo. Do livre surgiu mais uma situação perigosa para a baliza, mas Vieira fez uma excelente defesa.
Segundos depois, o árbitro deu por terminado o encontro. A derrota acabou por ser demasiadamente penalizadora, para os vila-realenses que tudo fizeram, nomeadamente no segundo tempo, para inverter o resultado.
A equipa de arbitragem não esteve bem. Acabou por prejudicar o Vila Real, ao não assinalar a grande penalidade.
Márcia Fernandes
MAKI, treinador do VILA REAL
“Foi uma arbitragem escandalosa”
O treinador da formação vila-realense estava revoltado com o trabalho da equipa de arbitragem.
“Não estivemos bem, na primeira parte, apesar de termos assistido a um jogo equilibrado. Sofremos um golo, contra a corrente de jogo, uma vez que estávamos a conseguir controlar o adversário. Na segunda parte, rectifiquei algumas posições, fomos claramente, dominadores, tivemos várias oportunidades, mas não conseguimos concretizar. Houve uma grande penalidade que o árbitro não assinalou. Não merecíamos perder este jogo, mas o futebol, infelizmente, é assim. Quero dar os parabéns aos meus jogadores, pelo empenho e pela entrega, na segunda parte. Jogámos contra uma boa equipa, mas hoje quem decidiu o jogo não foi o Vila Real nem o Moncorvo, foi o árbitro. Fez uma arbitragem escandalosa. O critério não foi igual, para ambas as equipas. Acabei por ser expulso do banco, por ter dito para ter o mesmo critério para as duas equipas. Esta derrota foi um duro golpe para a equipa do Vila Real. Vamos tentar levantar a cabeça, arranjar força suficiente para tentar conquistar os pontos que tanta falta nos fazem”.
SÍLVIO CARVALHO, treinador do MONCORVO
“Desejo que o Vila Real se mantenha na III Divisão”
Satisfeito com a vitória, o treinador do Moncorvo entendeu que o empate também se justificaria.
“Foi uma boa vitória, para as nossas aspirações que passam por fazermos mais seis pontos, para nos podermos manter na 3.ª Divisão. Não estamos obcecados com a subida de divisão. Somos um clube pequeno, do interior, e o nosso objectivo passa pela manutenção. Falta muito pouco para a alcançarmos. Quanto ao jogo, não foi bem disputado, devido ao calor que se fez sentir. A nível técnico, esteve longe de ser um bom jogo. Mesmo assim, houve muita entrega, de parte a parte. O empate também se aceitava, pelo esforço que o Vila Real fez, para não perder o jogo. Neste momento, está a passar uma fase má que espero seja passageira. Desejo que o Vila Real se mantenha na 3.ª Divisão. Quero dar uma palavra de apreço aos meus jogadores que já não perdem há quinze jogos”.
Ficha técnica
Jogo disputado no Complexo Desportivo do Monte da Forca, em Vila Real.
Árbitro: Joaquim Gayo, auxiliado por José Sousa e José Silva.
VILA REAL – Vieira; Palmeira, Igor, Danilo (Braima aos 25’) e Filipe; Vitó, Lemos (Canigia, aos 45’), Ruben e Ricardo; Maniche e Olivier (Kalá, aos 67’).
Suplentes não utilizados: Jorge, João Miguel, Zeferino e Luís Alves.
Treinador: Maki.
MONCORVO – Norinho; Queirós, Luís Miguel, Ferraz e Benito; Nuno Alex, Armando, Flávio e Elísio (Paulo Dores, aos 68’); Joca (Gabriel, aos 14’) e Eduardo.
Suplentes não utilizados: Blua, Filipe, Alexandre, Rafa e Jorge.
Treinador: Sílvio Carvalho.
Cartões amarelos: Benito (30’), Filipe (49’), Zeferino (55’), Luís Miguel (55’), Vitó (82’), Palmeira (88’), Braima (93’), Navarro (90+5’) e Gabriel (90+5’).
Ao intervalo: 0-1.
Marcador: Elísio (35’).