Quinze dias depois da goleada que o Vila Real impôs ao Cerva, no Monte da Forca, desta vez, a vitória foi bem mais complicada do que aquilo que se esperaria, à partida. Num terreno pelado em que as condições não privilegiam quem procura utilizar a técnica em vez do poderio físico, a equipa de Vila Real sentiu bastantes dificuldades, para conquistar os três pontos. Mesmo assim, foi a equipa forasteira a entrar com grande velocidade e a assumir que estava ali, única e simplesmente, para vencer.
O centro do terreno estava bem preenchido, com Ernesto e Norberto a cobrir bem os adversários e a lançar perigosos ataques, nomeadamente o lado direito, onde Castanha esteve em evidência, a explorar bem o seu flanco. E Nuno Meia, em excelente forma, conseguia passar, com facilidade, pelos defesas contrários. Faltou afinar a pontaria, uma vez que o último remate não saiu nas melhores condições.
Do ímpeto atacante inicial, surgiu, ao minuto 12, o único golo da partida. Jogada bem delineada do ataque “alvi-negro”. Ernesto ganhou a bola, a meio-campo, abriu para Caniggia, este colocou em Meia que, perante a saída de David, atirou, com êxito, para o fundo das redes. A defesa do Cerva ficou a pedir fora-de-jogo, mas a equipa de arbitragem esteve bem, deixou prosseguir o lance e Nuno Meia aproveitou para inaugurar o marcador.
Depois do golo, a equipa vila–realense abrandou o ritmo. Mas, o Cerva não soube aproveitar e não chegou incomodar Vieira, durante a primeira parte.
Ao intervalo, o técnico Luís Pimentel decidiu trocar o avançado Pedro por Palhares, para dar outra mobilidade atacante à sua equipa. Já Teixeira, com poucas soluções no banco, optou por confiar a tarefa de mudar o rumo dos acontecimentos ao mesmo onze com que iniciou o encontro. E o empate poderia ter acontecido, logo, no reatar do jogo. Mas, Vieira, atento, antecipou-se a Tó Zé. Volvidos poucos minutos, Pitufo pôs em alerta a defensiva forasteira. O remate saiu ao lado da baliza. Era um Cerva mais ofensivo, com outra atitude, vindo para o segundo tempo com vontade de inverter o resultado. O Vila Real perdeu poder, no centro nevrálgico do terreno, e sentia dificuldades em organizar o seu jogo. Não só pelo avanço do Cerva, à procura do empate, mas, também, por dificuldades em dominar a bola, no “pelado”, com o esférico a não ser sempre bem tratado.
Apesar do esforço da equipa da casa, o seu querer não foi suficiente, para inverter o resultado. Já perto do final da partida, registou-se uma grande oportunidade para os vila-realenses fazerem o segundo golo, mas a bola foi embater no poste, por duas vezes. Fraguito, já na pequena área, rematou, cruzado, e a bola foi ao poste, para, na recarga, ser a vez de Castanha rematar, de novo, ao poste. Na confusão, a defensiva da casa atirou a bola para longe da zona perigosa. Apesar do resultado escasso, a equipa do Vila Real não sentiu no campo que este jogo poderia ser perdido e esteve segura, no último terço do terreno.
A vitória acaba por ser justa, para a melhor equipa em campo, mas, desta vez, as coisas não foram tão fáceis como se esperaria. O Cerva tentou, mas não teve capacidade para criar perigo real, junto da baliza de Vieira. Mas valeu o esforço dos pupilos comandados por Teixeira.
No domingo, o Vila Real vai ter um verdadeiro teste à sua capacidade, com uma deslocação complicada. Vai enfrentar uma das equipas que também se perfilam para subir aos Nacionais: o Valpaços.
Luís Pimentel,
treinador do Vila Real
“Sentimos algumas
dificuldades”
O técnico vila-realense ficou satisfeito com o resultado, mas sublinhou as dificuldades que o terreno pelado causou à sua equipa.
“Já sabíamos que íamos ter um jogo difícil, num campo pelado de dimensões reduzidas. Sentimos dificuldades em colocar a bola em condições na área, uma vez que conseguíamos explorar as laterais, mas a bola não chegava lá nas melhores condições. Mesmo assim, entrámos bem no jogo, criámos algumas boas oportunidades para marcar, felizmente conseguimos concretizar uma delas. Na segunda parte, pensei que poderia explorar mais o contra–ataque, mas não fomos capazes de fazer as transições rápidas e houve muita luta, confusão e choque, com pouca qualidade no futebol praticado. Houve também alguma ansiedade da equipa que atrapalhou o nosso jogo. Houve algumas situações de golo evidente que não conseguimos concretizar. Quando não se consegue fazer o segundo golo, há alguma intranquilidade na equipa. Mas também não me lembro de uma oportunidade que o Cerva tenha criado. No próximo jogo, vamos a Valpaços, mas a nossa postura vai ser a mesma. Assumimos a responsabilidade de tentar ganhar, em todos os campos”.
Teixeira,
treinador do Cerva
“Merecíamos mais”
O técnico da casa salientou o maior poderio do adversário, mas ficou satisfeito com a atitude dos seus jogadores.
“Hoje, a minha equipa já esteve bastante melhor. Teve outra atitude e terá que ser assim, durante o campeonato. O Vila Real é um adversário muito forte, mas batemo-nos bem e merecíamos algo mais do que esta derrota. Apesar do Vila Real ter maior posse de bola e maior domínio, nós jogámos para conseguir outro resultado. Dei os parabéns aos jogadores, estou satisfeito pela sua postura em campo. Se continuarem com esta atitude, as vitórias vão acabar por aparecer e não vamos ter problemas, ao longo da época.
Márcia Fernandes
FICHA TÉCNICA
Jogo disputado no Campo das Baraças, em Cerva.
Árbitro: José Santos.
Auxiliares: Marina Almeida e Vítor Almeida.
CERVA – David; Damião, João Albino, Jalé e João; Malhado, Bruno, Shoio (Gabriel, 79’) e Guicho; Tó Zé e Pitufo (Pascal, 84’).
Suplentes não utilizados: Gato, Márcio, Pedro Araújo e Carlitos.
Treinador: Teixeira.
VILA REAL – Vieira; Miguel, Zé Monteiro, Fredy e Caniggia; Norberto, Ernesto, Castanha e Pedro Alves (Palhares, 45’); Nuno Meia (Peixoto, 92’) e Luís Carlos (Fraguito, 75’).
Suplentes não utilizados: Carlos e Leirós.
Treinador: Luís Pimentel.
Cartões amarelos: Zé Monteiro (16’), Castanha (17’), Guicho (42’), Machado (50’), Ernesto (60’) e Fraguito (93’).
Ao intervalo: 0-1.
Marcador: Nuno Meia (12’)