Sexta-feira, 6 de Dezembro de 2024
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A arte de enriquecer

Enriquecer não é pecado. Ser rico é uma das ambições do Homem. Ter desejo de poder está-lhe nos genes. Pelo menos da maioria. Fazer fortuna, no fundo, e visto por um prisma generoso, está na base da evolução das sociedades. Ai de nós se todos nos contentássemos com a pataca do dia-a--dia! O mundo estaria ainda a viver a noite obscura dos tempos medievos, ou então, e na pior das hipóteses, os homens andariam de pedra e cajado à cata de mamutes para alimentarem a fome. Enriquecer, portanto, é um fenómeno – pode-se dizer – natural, e que contribui para a evolução das sociedades.

A questão do enriquecimento, contudo, é complexa. Há várias formas de enriquecimento: umas aceitáveis, outras discutíveis, e outras ainda totalmente condenáveis. Enriquecer pelo trabalho ou pelo talento, é algo que acrescenta um tanto mais do que a fortuna meramente pessoal. É uma forma de valorização de que o mundo beneficia. Quanto mais não fosse, pelo exemplo. Mas enriquecer pela especulação, pela matreirice, pela usura, pelo aproveitamento de debilidades alheias, pelo cometimento de actos ilícitos, pela corrupção, pela fraude, é algo que faz atrasar o mundo, que o torna doente, que fomenta a injustiça, a revolta, muita das vezes as sangrentas revoluções.

Numa altura como a que atravessamos, onde todos (ou quase todos) somos vítimas de ambições

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