Quarta-feira, 29 de Março de 2023
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“A regionalização é a solução para se iniciar um caminho de desenvolvimento coordenado”

Entrevista ao Cabeça de Lista do LIVRE | João Silva | Gestor | 57 anos

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Duas principais prioridades que defendem para o distrito?
A regionalização é a solução para se iniciar um caminho de desenvolvimento coordenado, com meios financeiros e poder de decisão suficientes para aproveitar todas as potencialidades do distrito. Enquanto tal não acontecer, o interior vai andar sempre “ao sabor” dos ventos que orientarem as políticas nacionais a partir de Lisboa.[/block]
Devido às características geomorfológicas da nossa terra, a mobilidade sempre foi um entrave ao desenvolvimento, mas a nossa proximidade com Espanha sempre foi uma vantagem. Consideramos que a falta de comboio tem que ser suprida. Vamos lutar para que o plano ferroviário nacional inclua, de novo, Vila Real e ligue o norte de Portugal ao norte de Espanha e, por sua vez, ao centro da Europa.

A regionalização poderá ajudar a desenvolver o país, nomeadamente os territórios de baixa densidade?
Nós, políticos, temos que ter sentido de Estado e não pode ser a próxima eleição a orientar-nos, mas sim a próxima geração.
A regionalização é fundamental para o desenvolvimento e coesão nacional. Na OCDE todos os países desenvolvidos estão regionalizados e todos os que se regionalizaram desenvolveram-se.
Já no sec. XIX Alexandre Herculano criticava a centralização como sendo uma tirania. Uma “espécie” de regionalização foi mesmo implementada dentro do quadro restritivo da Constituição de 1933, através das províncias, pelo que sempre foi sentida a necessidade de regionalizar.
Para definirmos a melhor forma de regionalizar bastará recuperármos e atualizármos todos as conclusões a que se chegou para a criação da lei quadro das regiões administrativas, aprovada por unanimidade em 1991.
Nesta fase, a discussão já não se coloca a nível de se se faz ou não se faz, mas sim quando se vai fazer. Vamos lutar para que seja nesta legislatura.

A Casa do Douro. Que solução para a instituição?
A Casa do Douro é uma instituição que tem de ser defendida e prestigiada pois, sendo a principal “protetora” de um bem nacional, representa, também ela, os interesses de Portugal. O Estado terá que ter sempre um papel muito ativo, a começar pela negociação da grande dívida que a Casa do Douro tem ao próprio Estado. O Livre zelará para que se encontre a convergência de interesses entre todas as partes envolvidas e lutará para que a Casa do Douro proteja os interesses dos seus “legítimos proprietários”, os viticultores.

O SNS tem sido posto à prova nos últimos tempos. Que medidas têm para o setor responder aos desafios?
No programa do Livre deixamos claro que “compete ao Estado assegurar a proteção da saúde e que esta seja universal e gratuita em todo o território. O principal prestador de cuidados de saúde é o Serviço Nacional de Saúde – que consideramos essencial para assegurar a igualdade e a liberdade. A sua ação pode ser complementada pelos setores privado e social, com os quais deve ter protocolos e convenções apenas no sentido da capacitação do SNS nas áreas em que seja deficitário. O Livre está seguro que o Serviço Nacional de Saúde só sobreviverá com uma urgente estratégia global para a Saúde, que respeite integralmente a nova Lei de Bases da saúde e inclua um plano de recuperação da atividade adiada pela Covid-19, aproveitando a oportunidade conferida pelo Plano de Recuperação e Resiliência.”

A perda de população é um grave problema do interior do país. Que medidas concretas defendem para combater este flagelo?
Só após a regionalização se conseguirá criar medidas com importância, dimensão e impacto suficiente para gerarem movimentos contrários aos dos últimos 78 anos, quando a litoralização se acentuou como um movimento de massas sem retorno. As medidas a nível concelhio, ou até a nível das comunidades intermunicipais, não têm a coordenação e grandeza suficientes para deixarem efeitos a longo prazo.
Nos tempos atuais, em que se assiste a alterações nos modos de trabalhar e onde as potencialidades das novas tecnologias são infindáveis, uma região que não tenha boa internet, não atrai ninguém.
É urgente uma descriminação positiva. Os que saem da nossa terra contra a vontade, porque o país não lhes dá condições para poderem aqui viver, têm que ser compensados se decidirem aqui organizar, de novo, as suas vidas.
Os meios de comunicação social são fundamentais para transmitir a verdade sobre a qualidade de vida que tem quem vive no interior se tiver serviços públicos de qualidade.[/block]

 

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