A posição da autarquia socialista foi tomada em reunião de Câmara e vai ser enviada aos órgãos de soberania e diversas entidades nacionais e regionais, na véspera de encerrar a discussão pública da proposta do Governo para o Plano Ferroviário Nacional (PFN).
A proposta de investimento em transporte ferroviário está em discussão pública até terça-feira e este município decidiu fazer “algumas considerações” por entender que o mesmo discrimina o território transmontano.
O plano prevê uma nova linha de caminho de ferro entre o Porto, Vila Real e Bragança, este último o único distrito do país sem comboio e onde têm surgido tomadas de posição contra a proposta por não contemplar a alta velocidade a ligação a Espanha.
A autarquia de Alfândega da Fé considera também que o prazo previsto, que “relega investimentos estruturantes para daqui a 20 ou 30 anos, não é aceitável” e que “não oferece cobertura a todo o território nacional”.
“Deveria ser já reconhecida a centralidade ibérica de Trás-os-Montes, dando-lhe condições para oferecer uma porta de entrada para toda a Europa, através da alta velocidade em ligações para Lisboa, Porto, Madrid e Europa”, defende.
O município transmontano insiste que “os grandes investimentos centram-se no litoral, não se assumindo como um verdadeiro plano nacional, já que ficam de fora importantes ligações dentro do país, como a ligação entre as Beiras e Trás-os-Montes”.
“É uma proposta pouco ambiciosa, que não malha o território e nem faz as ligações necessárias para se criar uma verdadeira rede de transporte ferroviário capaz de ligar o litoral e o interior, o norte e o sul”, argumenta.
Por estas razões, a Câmara de Alfândega da Fé deliberou manifestar, em sede de consulta pública, “profundo desacordo” com o PFN e propor incluir o estudo elaborado pela Associação Vale d´Ouro para a ligação entre o aeroporto do Porto e Madrid (Espanha), via Trás-os-Montes, ligar as regiões Centro e Norte e criar uma rede ferroviária intermunicipal no sul do distrito de Bragança.
A autarquia acredita que estes investimentos são cruciais para o desenvolvimento regional, nomeadamente através do turismo, e destaca que esta região “não pode apenas ter centralidade e servir para ser cortada e rasgada” pelo futuro gasoduto ibérico.
“Este território também tem pessoas, empresas e muito potencial para servir o desenvolvimento do nosso país, por isso, também deve ser estratégica e prioritária para a criação de uma rede ferroviária nacional e ibérica coesa e sustentável”, acrescenta.
A Câmara de Alfândega da Fé quer ainda ver concretizada esta estratégia “no prazo de 10 anos” contra as previsões para 2050 em que assenta o plano proposto pelo Governo.