A Escola Secundária Camilo Castelo Branco, em Vila Real, ou Liceu, como é vulgarmente conhecida, é frequentada por centenas de alunos, muitos deles estrangeiros. Pelos seus corredores passeiam alunos oriundos de 26 países diferentes, fazendo desta escola “um verdadeiro ecossistema da diversidade cultural”.
Peru, Argélia, Espanha, Síria, Paquistão, Bielorrúsia, Vietnam, Colômbia, Cuba, Bangladesh, Marrocos, França, Irão, Índia, Gambia, Eitreia e Gales são alguns dos países que cabem nesta escola e a VTM foi conhecer alguns dos seus rostos.
Seren Ateya tem 16 anos e é natural da Síria. Está em Vila Real há dois anos, para onde veio com a família. “O meu pai veio sete anos antes e depois vim eu, com a minha mãe e o meu irmão”, conta, admitindo que “o primeiro ano foi um pouco difícil, mas agora tenho muitos amigos”.
“O primeiro ano foi um pouco difícil, mas agora tenho muitos amigos e falo português”
Seren Ateya
Síria
Com as aulas a serem dadas em português “precisei de aprender a falar, para perceber as coisas, porque muitos professores também têm dificuldade em falar inglês”, refere Seren, confessando que “foi difícil porque não é uma língua fácil”. Agora, “percebo praticamente tudo. Vou praticando nas aulas e com os meus amigos”.
Estudante de artes, o futuro passa por “entrar na universidade e estudar design”.
Ao seu lado, Aramta Kamran, de 13 anos, é do Paquistão. Chegou a Vila Real há meio ano e ainda não fala português. É através do inglês que, para já, vai comunicando com os colegas e com os professores. Ainda assim, “a minha integração está a correr muito bem. As pessoas ajudam-me muito e gosto muito desta escola”.
Está cá com o pai e uma irmã, enquanto que a mãe e dois irmãos continuam no Paquistão. Escolheram Portugal “porque a educação aqui é melhor” e Vila Real “por ser uma cidade calma”.
Sobre as aulas serem em português admite que “os professores ajudam-me muito e alguns colegas também ajudam com a tradução”.
Quanto ao futuro, e ainda a frequentar o 7º ano, Aramta tem o sonho de ser médica, ainda que tenha ficado surpreendida quando confrontada com as médias necessárias para entrar na universidade. “Vamos ver o que acontece”, frisa.
DIVERSIDADE CULTURAL
O Liceu tem o mundo dentro de quatro paredes e é a única escola do concelho que disponibiliza o curso de Português Língua de Acolhimento (PLA), onde se aprende a falar português, com o objetivo de integrar quem o frequenta na comunidade.
“A minha integração está a correr bem. As pessoas ajudam–me muito e gosto desta escola”
Aramta Kamran
Paquistão
“Tentamos escolher um professor de português/inglês para que a comunicação seja mais fácil”, explica Helena Correia, diretora da escola, admitindo que nem sempre é fácil porque “há alguns que nem inglês falam”.
Além disso, e pegando no exemplo da Seren, “estava habituada a escrever de cima para baixo e da direita para a esquerda. Mas como já sabia inglês, foi mais fácil porque já conhecia o nosso alfabeto. Mas temos casos em que não o sabem e é preciso ensinar tudo do zero, como se faz com as crianças do 1º ano”.
Apesar de tudo, Helena Correia destaca “o nosso compromisso com a promoção da inclusão, diversidade e educação intercultural, preparando os nossos alunos para serem cidadãos globais, num mundo cada vez mais interligado e diversificado”.