Domingo, 19 de Janeiro de 2025
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Ambientalistas “condenam” aprovação da Barragem de Veiguinhas

“Inaceitável”. É desta forma que a Quercus comenta a aprovação do projeto de construção da infraestrutura hidroelétrica, que terá como morada o coração do Parque Natural de Montesinho. Se por um lado os ambientalistas a condenam, no que diz respeito à resolução dos problemas de abastecimento de água a barragem é há muito esperada pelo município.

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A Câmara Municipal de Bragança divulgou, no dia 21, a decisão favorável do secretário de Estado do Ambiente e Ordenamento do Território à construção da Barragem de Veiguinhas, uma infraestrutura que vai pôr fim à precariedade no fornecimento de água mas para a qual os ambientalistas garantem haver alternativa.

“33 anos depois de, no estudo de Aproveitamento Hidráulico do Alto Sabor, ser identificada a solução que, em termos técnicos, económicos e ambientais, melhor resolvia o abastecimento de água a Bragança e após muitos estudos, envolvendo equipas técnicas de elevadíssimas qualificações, despendidos recursos financeiros que tiveram que ser retirados de outras necessidades da população, o secretário de Estado tomou decisão favorável”, explicou Jorge Nunes, presidente do município brigantino, em comunicado.

Se de um lado da mesa o autarca defende a construção do empreendimento hidroelétrico como resposta às necessidades da população do concelho, do outro lado, os ambientalistas lançam duras críticas ao projeto que vai nascer no coração do Parque Natural de Montesinho.

Segundo a Quercus, “a construção da barragem de Veiguinhas afetará uma área que apresenta um dos mais elevados graus de importância para a conservação da fauna e da flora a nível nacional e internacional”.

Classificando como “inadmissível” a afetação de território que serve de morada a várias de espécies emblemáticas, como por exemplo o lobo, o veado, a lontra e a toupeira-de-água, a Associação lembra que o mesmo projeto teve “parecer negativo em 2005, pela terceira vez”. “O que mudou? A resposta é: nos valores naturais do Parque, nada mudou, por enquanto. O que mudou foi a crescente perda de importância da Conservação da Natureza e Biodiversidade, com o próprio Estado a demitir-se da sua obrigação legal de decidir utilizando critérios técnicos objetivos”, criticam.

Mais, a Quercus acredita que “existem várias alternativas ao projeto”, sendo que “a alternativa de abastecimento de água a partir da barragem do Azibo já tinha sido aprovada pela Agência Portuguesa do Ambiente em 2005”.

Os ambientalistas defendem que as barragens do Azibo, de Parada e de Rebordãos, e os alteamentos das barragens de Gostei (sem a construção de Veiguinhas) e de Serra Serrada são “as alternativas ao projeto” e garantem ainda que não foi feito qualquer estudo para poupança e racionalização do consumo de água em Bragança, o que poderia resolver os problemas de abastecimento.

Enquanto a barragem de Veiguinhas não se torna uma realidade, o abastecimento de água em Bragança “continua em situação precária”, sendo de recordar que, “a partir do ano de 2000, “a ocorrência frequente de graves problemas de escassez de água tem obrigado, durante meses seguidos, à utilização precária de origens de água, ao transporte rodoviário em longas distâncias e à realização exaustiva de furos de captação, sem resultados”, frisou Jorge Nunes no comunicado.

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