Sexta-feira, 29 de Março de 2024
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“Ao aceitarmos um cargo político, temos o dever de estar ao serviço dos outros”

Aos 66 anos, Teresa Rabiço assume um dos grandes desafios da sua vida política, ao substituir Humberto Cerqueira na presidência da autarquia de Mondim de Basto. A professora, com um lado humano muito particular, aceitou o repto do anterior presidente com vontade de concretizar vários projetos do executivo, numa decisão que não foi fácil, mas promete falar verdade aos mondinenses.

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Como se sente ao assumir “o comando” da autarquia?

No dia em que tomei posse como presidente senti uma grande emoção, com a sala cheia de gente e com muitas pessoas que me são queridas, sobretudo a minha família, que não estava a contar que viessem. Foi um turbilhão de emoções. Dentro de mim, sinto uma necessidade de perceber como vou exercer este cargo, pois cada um tem a sua personalidade, eu não sou igual ao anterior presidente e ninguém é igual, em que cada um tem a sua pegada, o seu cunho. Gostava de ser como o anterior presidente, mas não sou. No entanto, prometo exercer as minhas funções até ao final do mandato da melhor maneira possível.

 

É uma pessoa com um grande coração. Participou em muitas iniciativas sociais. Como se carateriza?

Não sou perfeita. Toda a gente tem os seus defeitos e eu tenho e muitos. Mas uma coisa é ser imperfeita, outra é ser verdadeira, eu primo pela verdade. Não concebo que haja um trabalho de equipa, uma relação em que não haja a verdade e, por isso, os mondinenses podem confiar. A confiança é muito importante, é um ato de fé. Quem confia tem sempre a folha de papel lisinho e quem um dia deixa de confiar pode ter a folha de papel mastigado, por mais que a queira passar nunca fica igual. 

  

Este ano e meio será marcado pela conclusão de algumas obras importantes, como a “obra do século”?

Todo o trabalho que está no terreno, regulamentos sociais, apoio na educação, foi tudo programado a longo prazo. Se assim não fosse, não teríamos tempo de fazer as obras para aproveitar os fundos comunitários. E essa sempre foi uma visão de futuro do engenheiro Humberto Cerqueira, com critérios rigorosos, sérios e muito debatidos entre todos, para elencar os projetos prioritários. 

Sobre aquela que pode ser chamada a “obra do século”, era uma ponte que esperávamos há mais de um século. Quando fecharam a linha do Tâmega, foi feita a promessa que haveria melhores acessibilidades, que nunca se concretizaram. Depois houve a promessa da barragem e dizia-se que a ponte iria ficar inútil. Entretanto, a barragem foi suspensa, mas o presidente dizia que a ligação não poderia esperar pela barragem, teria de vir antes. Foi muitas vezes a Lisboa pressionar o Governo e quando chegava, dizia-nos “está no bom caminho”. O certo é que a ligação a Celorico de Basto está a ser construída, apesar de estar a sofrer alguns atrasos, mas nasceu muito antes da decisão da barragem. E irá facilitar muito a vida a quem aqui vive e a quem nos visita.

 

E a barragem do Fridão? Qual é o ponto de situação? 

Neste momento, não temos nenhum documento que nos garanta se a barragem vai ser ou não construída. Vamos aguardar e ver o que acontece.

 

Mas há outros investimentos importantes para finalizar? 

Por exemplo, a Casa da Cultura, num investimento de 1 milhão de euros. Os mondinenses adoram teatro e esperamos dar-lhes uma verdadeira sala de espetáculos. 

Outro investimento, de 600 mil euros, é na rede periurbana de passeios, que veio facilitar a vida às pessoas de Pedra Vedra, Vilar de Viando e da Serra, em que se regista um tráfego grande de camiões que transportam pedra e havia um grande perigo para os peões daquelas localidades. Era uma necessidade imperiosa construir esta rede periurbana de passeios. Foi uma promessa e está a ser cumprida.

Outra ligação fundamental para os mondinenses será a entre Atei (Curções), que vai sair ao Bairro Novo e atravessa até à Ponte da Barca. É um troço que precisa de um arranjo urgente e irá servir quem queira entrar na autoestrada. Será um investimento de 700 mil euros, com recursos próprios, mas também teremos de pedir um empréstimo bancário. Vai agora ser lançado o concurso.

Temos ainda a requalificação da escola, em que estão a ser investidos 2 milhões de euros na primeira fase, mas está em concurso mais um investimento de 1 milhão de euros na parte da obra física. Investimos mais 400 mil euros na parte pedagógica, no sucesso escolar. 

Além disso, temos ainda o ginásio desportivo, que vai ser alvo de intervenção para a eficiência energética, com remodelação da cobertura, painéis solares, caixilharias, uma obra para iniciar neste mandato.

 

E o quartel da GNR?

O quartel da GNR está a concurso, ronda os 200 mil euros, numa parceria do Ministério da Administração Interna e a Câmara Municipal. 

 

Mondim de Basto tem paisagens magníficas e irá continuar a apostar na valorização do turismo da natureza?

É uma aposta e um investimento grande que estamos a fazer, porque Mondim tem todas as condições para ser visitado e procurado pelas pessoas que queiram desfrutar da natureza no seu estado selvagem. Mondim tem tudo, eu até costumo dizer que a natureza dotou-nos desta excelência. Vamos fazer um investimento na melhoria das condições do parapente, no valor de 300 mil euros. Temos vários percursos sinalizados e ainda recentemente inauguramos um novo percurso em Campanhó. 

Estamos à espera do aval do Ministério do Ambiente para um projeto nas Fisgas de Ermelo, que ainda não vou desvendar. Temos ainda a rota dos Miradouros, mas continuaremos sempre nesta senda: de investir o máximo e estragar o mínimo. 

 

Há cerca de 10 anos quando entraram na câmara, o que os esperava era uma dívida de cerca de 21ME. Sei que ficou preocupada com a dimensão, mas Humberto Cerqueira encarou-a com mais otimismo. Foi assim mesmo?  

Sim, eu conto isso várias vezes. Eu não tinha a noção da dívida, apesar de estar na oposição durante vários anos. Pensávamos que andaria nos 14ME, mas não tínhamos a ideia que era tão alta. Quando soubemos que era de quase 21ME, fiquei assustada, pois o nosso orçamento era de apenas 5ME. Muito pouco para uma câmara que tem de pagar transportes, luz, ação social, funcionários, despesas correntes. Como iria pagar uma dívida destas? Eu entrei no gabinete do presidente, que estava sozinho, e disse-lhe: “estou preocupada com a dimensão da dívida e com um orçamento tão pequeno. Como vamos fazer?” Ele disse: “não se preocupe, alguém a tem de pagar e nós estamos cá para o fazer”. Aquele otimismo deu-me alento. Depois de termos feito o empréstimo e já com o saneamento financeiro pronto, veio o corte da Troika, e cortou-nos como às outras autarquias. Achei isso muito injusto, mas tudo se fez e hoje a dívida andará à volta dos 4ME. Tem um plano de pagamento que termina no final de 2021 ou início de 2022. Pagamos 1,7ME por ano, que daria para fazer muita obra, mas os mondinenses entenderam bem isso. 

Optamos por apoiar o que era mais prioritário, como o apoio ao transporte de doentes para o hospital de Vila Real, o apoio aos medicamentos aos mais carenciados, à natalidade em géneros, que temos a certeza que chega às crianças, entre outros pequenos apoios, que acabam por ser grandes medidas, em que pretendemos melhorar as condições de vida das pessoas. 

 

E agora como será?

Temos de continuar o trabalho. Sei que contamos com o ex-presidente sempre que precisarmos, porque ele desde logo se mostrou disponível para continuar a ajudar no que for necessário. 

Nós, os políticos, ao aceitarmos o cargo, temos o dever de estar ao serviço dos outros. Essa é a nossa verdadeira missão.

 Teresa Rabiço

 Profissão Professora

 Idade 66 anos

 Filhos Três 

 Naturalidade Campeã, Vila Real

 

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