As vozes mais críticas levantam-se agora em Ribeira de Pena, onde, em reunião extraordinária da semana passada, a Assembleia Municipal mostrou unanimidade na oposição ao actual projecto previsto de exploração. O plenário entendeu também transmitir a sua deliberação ao presidente da República, Governo (Ministério do Ambiente) e Iberdrola.
O presidente da Assembleia Municipal de Ribeira de Pena, João Pereira, foi um dos mais críticos, entrando em contradição com a sua posição anterior, onde tinha pugnado pela construção das barragens. “Sempre fui um defensor entusiasta da barragem, porém agora estou céptico e jugo mesmo que esta construção irá ser um desastre para Ribeira de Pena e para a região. É cada vez mais evidente que os interesses dos concelhos abrangidos pelos empreendimentos hidroeléctricos não foram acautelados”.
De acordo com o Estudo de Impacte Ambiental, as barragens previstas são para “encher e despejar”, sendo completamente “ignorada a mais-valia turística, que poderia ser importante para os concelhos do interior”. João Pereira defende um modelo de sustentabilidade turística que traga mais-valias para as populações e para os concelhos. “Se estamos numa zona de minifúndios e floresta, e a albufeira não contempla essa vertente, só teremos prejuízo e a desertificação irá acentuar-se. Quando a barragem estiver vazia, vamos ficar com uma mancha horrível”.
Em conclusão, o presidente da Assembleia Municipal de Ribeira de Pena foi mais longe e admitiu, ao Nosso Jornal, que a Cascata do Tâmega, conforme está no modelo previsto, “é uma fraude e um logro”. “Não estamos contra as barragens, mas não aceitamos a forma como está projectada”.
A Assembleia chegou a estabelecer paralelo com o processo de Fridão, notando diferença na forma de exploração positiva dos recursos hídricos, com benefícios para os habitantes da zona do concelho de Amarante.
Esta posição surge uma semana depois de Artur Cardoso, director do Pena Aventura Park, e alguns empresários da região terem alinhado pelo mesmo conjunto de críticas.