Presidente, está há três anos à frente da autarquia. Que balanço faz?
Faço um balanço muito positivo, apesar deste mandato ter sido marcado por algumas circunstâncias que não possibilitaram um trabalho mais eficaz e eficiente. Isto porque não tivemos maioria e o primeiro meio ano foi difícil governar, em que basicamente se debatiam guerras pessoais e partidárias. Foi uma fase muito dura. Acabamos por fazer uma coligação que nos veio dar estabilidade. Tivemos ainda o problema com a Assembleia Municipal em que o cidadão mais votado não foi aquele que constituiu a mesa, o que levou a constantes conflitos. Para dar a volta à situação, foi convocada uma assembleia extraordinária em que se elegeu uma nova mesa, que também trouxe outra estabilidade nas assembleias municipais. A partir daí, foi possível começar a trabalhar. Começamos a fazer os projetos e as candidaturas aos fundos comunitários, pelo que estamos numa altura de muito trabalho e projetos para concretizar.
Um dos projetos é o da Escola Básica e Secundária Miguel Torga, que recebeu luz verde do Ministério da Educação. Foi uma vitória conseguir esse financiamento?
Sim, porque Sabrosa estava mapeada apenas como prioritária, e no fim da lista. Pelo que nem sequer era uma obra que tivesse, à partida, a possibilidade de vir a ser financiada. Mas nós nunca desistimos e trabalhámos sempre no projeto. Quando abriu o aviso do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), entregamos a candidatura e foi contemplada. Esqueceram-se do mapeamento. Fiquei muito feliz, porque, com o nosso orçamento, não iríamos conseguir fazer aquela obra, já que é um investimento próximo dos seis milhões de euros. Está um pouco atrasado, porque o primeiro concurso ficou deserto e vamos avançar agora para um novo concurso público. Com um financiamento de 100%, a obra terá de estar concluída em junho de 2026.
Foi a primeira mulher a ser eleita presidente de uma câmara municipal do distrito de Vila Real. Disse, na altura, que queria fazer a diferença. Sente que tem feito?
Nem sempre as pessoas precisam de bens materiais. Muitas vezes , querem atenção, afeto, ter alguém com quem falar, conviver. Às vezes, o mais importante é dar atenção, ouvir e não as grandes obras. Obviamente que também são necessárias e contribuem para o bem-estar e para a qualidade de vida das pessoas. Mas aquilo que sinto que as pessoas valorizam mais é a proximidade e, nisso, acho que uma mulher faz a diferença, porque é mais sensível e cuidadora. Estamos num território essencialmente envelhecido, em que os mais idosos estão marcadamente isolados, com problemas de solidão e têm muita necessidade de falar. É aqui que me sinto como peixe na água, junto às pessoas, o que é extremamente compensador.
Este mandato tem sido marcado por algumas circunstâncias que não possibilitaram um trabalho mais eficaz e eficiente
Quando tomou posse disse que queria ter um concelho “feliz”. Hoje sente que as pessoas estão mais felizes ou não?
Eu sinto que as pessoas se reveem nesta política de proximidade. Valorizam muito o facto de ter alguém próximo. As pessoas podem ligar que eu estou aqui para as atender e ajudar no que me é possível.
Sabrosa, tal como muitos outros concelhos do interior, está envelhecido. Os mais velhos têm merecido especial atenção deste executivo?
Têm necessariamente que o ter. Apoiamos através da comparticipação dos medicamentos, continuamos com o programa “Corpo São em Mente Sã”, que percorre as freguesias do concelho, levando à população atividades que promovem uma melhor qualidade de vida e o combate ao isolamento.
Como está o projeto de requalificação do Mercado Municipal?
Estamos a terminar o projeto, porque tivemos de fazer uma revisão do que estava inicialmente previsto. É uma obra dos anos 80, com uma cobertura ainda em fibrocimento e os lojistas não têm condições mínimas de trabalho. E quem procura o mercado para fazer as suas compras também não tem condições. É uma necessidade e o projeto está em fase final, só estamos à espera das verbas de PROVERE para se fazer o enquadramento, num investimento previsto a rondar os 2,5 milhões de euros.
Quando irá avançar a obra?
Espero que seja no início do próximo ano. O projeto ainda não foi a reunião de câmara, nem à assembleia municipal, em que há necessidade de se contrair um empréstimo bancário. E como a câmara tem capacidade de endividamento, pode ser por aí, já que não foi possível arranjar financiamento de outra forma.
A autarquia adquiriu a Quinta dos Mouras. O que ali vai ser feito?
É um espaço com quatro hectares. O edifício principal está em ruínas e só se aproveita a fachada. Inicialmente seria para uma biblioteca municipal, mas terá outro objetivo. A nossa ideia é fazer uma parceria com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), mas ainda estamos a conversar e não posso adiantar mais pormenores. Em breve irei reunir também com o presidente da Comissão de Coordenação de Desenvolvimento da Região Norte e anunciaremos aquilo que ali irá nascer.
Entretanto, a biblioteca será construída noutro local.
Sim. Na casa do Fadista Manassés Lacerda Botelho, que foi doada ao município pelos seus familiares. Fica situada na rua de São Roque, que irá ser um espaço cultural e onde deverá ser construída a biblioteca municipal, e também um Espaço de Memória à vida e obra de Manassés de Lacerda, num investimento de 1,7 milhões de euros, com financiamento comunitário do Portugal 2030.
Sinceramente, sinto que as pessoas se reveem nesta política de proximidade que adotei
Como está a Estratégia Local de Habitação? Quantas casas vão ser requalificadas?
Está a correr bem. Iremos requalificar 43 casas que terão de estar concluídas em junho de 2026, para ter financiamento de 100% do PRR. Nós adquirimos casas devolutas em todo o concelho, que estão a ser reabilitadas para habitação acessível.
Como está o processo do Museu do Volfrâmio no Vale das Gatas, que teve grande importância durante a II Guerra Mundial?
Era um dos projetos que gostaria muito de ver concretizado. O edifício onde iria funcionar o museu pertence à Junta de Freguesia de São Lourenço de Ribapinhão e já assinamos o contrato comodato. Estamos a trabalhar no projeto com um levantamento documental com a Associação de Arqueologia de Sabrosa, e a recolher testemunhos de antigos mineiros, para assegurar que essa informação não se perde. É um projeto que queremos concretizar.
E como está a Estrada Municipal entre o Pinhão e Covas do Douro?
Será transformada numa via panorâmica, que tem financiamento assegurado. Terá dois miradouros principais em locais estratégicos, com paisagens lindíssimas. É uma intervenção urgente e estamos em fase de candidatura do projeto, que teve alguns atrasos por causa de pareces da APA, da REN, entre outros que foram necessários. É um investimento a rondar 1,7 milhões de euros.
A Zona Industrial ainda tem capacidade para acolher empresas?
Não. Colocamos 36 lotes em hasta pública e foram todos logo alienados, o que é muito bom. Neste momento, não temos capacidade para acolher mais empresas, mas estamos a investir na aquisição de terrenos para se avançar com a futura área de acolhimento empresarial de São Martinho de Anta. Será uma área de acolhimento empresarial com características diferenciadas, que terá lotes de maiores dimensões.
Vai ser candidata nas próximas eleições autárquicas?
Sim, vou, porque ainda tenho muito para fazer. Há projetos a serem lançados e que quero concretizar. Alguns serão ainda neste mandato, mas outros não serão possíveis terminar até 2025.