A trompetista portuguesa Jéssica Pina esteve em Chaves, no seu regresso aos palcos, depois de uma paragem de alguns meses devido à pandemia de Covid-19, onde integrou o Ciclo das Peeiras, com um concerto no Auditório do Centro Cultural. Uma iniciativa promovida pela produtora cultural Indieror e que tem trazido à cidade flaviense mulheres ligadas à música para colocar a comunidade local a debater o tema da igualdade de género, e em particular, o poder da mulher na área.
“Fico muito feliz por voltar aos palcos e poder partilhar com o público aquilo que mais gosto de fazer. E mais incrível é saber que estou a dar a cara por uma iniciativa que toca em temas tão especiais como a igualdade de género”, disse, à VTM, a artista de 28 anos antes do concerto e depois de ter estado à conversa com uma turma do 9º ano de uma das escolas da cidade, onde partilhou a sua experiência e o seu percurso como profissional de uma área onde nem sempre é fácil singrar.
“A mulher tem ganho cada vez mais destaque em várias áreas da sociedade, não há limite. Para mim é muito importante passar essa mensagem e saber que posso contribuir para que alguém se inspire e siga o seu caminho sem medo de arriscar. É isso que eu faço”, salientou a trompetista que, durante nove meses, integrou a digressão Madame X World Tour da Madonna.
O Ciclo das Peeiras é da responsabilidade da Indieror que, desde 2018, tem colocado a comunidade local, através de várias atividades, a falar do empoderamento feminino e do poder da mulher na sociedade, especialmente na música.
“Surge no conceito de querermos mostrar o poder das mulheres e que a mulher também está no mundo da música”, explicou Tiago Ribeiro, acrescentando que a programação não se cinge apenas aos concertos, mas que ultrapassa as portas do Auditório do Centro Cultural de Chaves, com idas a escolas e com a realização de debates com a comunidade.
Associada à Indieror nesta iniciativa está o “He For She”, um movimento criado em 2014 pelas Nações Unidas e que promove também a igualdade de género.
“É importante falar-se de coisas que não se falam todos os dias, de direitos humanos, LGBT, direitos da mulher e da desigualdade de género. Queremos falar com toda a gente, não só com os mais jovens, mas também com os mais velhos porque é uma coisa que ultrapassa gerações”, referiu, à VTM, Maria Medeiros, membro da “He for She”, que acompanhou Jéssica Pina na visita à escola.
No concerto, com pouco mais de uma hora, a artista apresentou o seu reportório como trompetista ao qual recentemente acrescentou a sua voz.
O QUE É UMA PEEIRA?
Segundo a lenda, peeira, ou fada dos lobos, é o nome que se dá às jovens que se tornam guardadoras ou companheiras de lobos. Elas são a versão humana e feminina do lobisomem e têm o dom de comunicar e controlar alcateias.
“Associamos o lobo a uma criatura má e não é verdade. Queremos desmistificar isso”, explicou Tiago Ribeiro quando questionado sobre a escolha do nome “peeira” para o ciclo.
“Temos que celebrar as mulheres no mundo da música e o facto de haver autoras e cantautoras a fazer um trabalho tão ou mais relevante que os homens”. [/block]