O país prepara-se para, a partir de maio, retomar a atividade económica. O levantamento das restrições impostas pelo decreto do estado de emergência vai ser gradual e avaliado de 15 em 15 dias, segundo informação avançada pelo primeiro ministro António Costa que advertiu que “se as coisas correrem mal, temos de dar um passo atrás”.
Nélia Matos tem um gabinete de estética há 30 anos, em Chaves, e nunca imaginou ter que o encerrar por tanto tempo. Com a eventualidade de poder abrir na próxima semana, está a tratar de todas as providências para que possa atender as suas clientes mediante as normas de segurança que terão que ser validadas pela Direção-Geral da Saúde.
“Vou colocar dois panfletos informativos com as regras que as clientes terão que respeitar e vou disponibilizar, à entrada, álcool gel para a desinfeção das mãos. Não vou poder ter mais do que uma pessoa dentro do gabinete, embora tenha a sorte de ter várias salas e há a possibilidade de elas nem se cruzarem. O uso da máscara e agora da viseira vai ser obrigatório e depois vou ter que desinfetar o espaço entre cada marcação”.
Também Cristina Almeida, proprietária de um salão de cabeleireiro com a porta fechada desde 16 de março, terá que cumprir as mesmas normas de segurança. “A Associação de Cabeleireiros de Portugal já nos enviou um email com toda a informação e basicamente teremos que usar material descartável, luvas, pés, toalhas, dispensadores…”.
Apesar de estar ansiosa por reabrir o seu salão, porque “por pouco que seja começamos a faturar”, por outro lado a cabeleireira está receosa porque “nunca sabemos quem estamos a atender”.
Durante o confinamento, muitas clientes de Cristina atreveram-se a pintar e a cortar o cabelo em casa, algo que a preocupa porque, assim que reabrir o salão, vai ter que “corrigir muita asneira e reparar os estragos que foram feitos durante o confinamento”.
“Espero estar enganada, mas não acredito que as pessoas irão a correr para os cabeleireiros. Primeiro porque vão ter receio e depois acho que as pessoas vão cortar naquilo que não é essencial. Vamos ver”, referiu, apreensiva, Cristina Almeida.