Ainda assim, “não me importa ter o melhor equipamento do mundo se não tenho ninguém que o possa utilizar”, afirma, referindo-se à dificuldade de recrutar novos bombeiros, ainda para mais num território que luta, diariamente, contra a desertificação. “Ao longo deste ano temos planeadas uma série de iniciativas com vista a fazer ver aos jovens que podem ser úteis”.
E num território “onde o muito é pouco”, o poder local tem um papel importante e deve ser “um parceiro dos bombeiros porque quando deixarmos de existir, alguém vai ter de fazer o nosso papel e não será com os valores que atualmente recebemos. Não concordo com a subsídio-dependência, mas que sejamos compensados pelo nosso trabalho”, admite João Venceslau. “Não estamos aqui para ganhar dinheiro, mas o Estado devia valorizar o nosso trabalho diário em prol da comunidade”, frisa.
“Não importa ter o melhor equipamento do mundo se não temos quem o possa utilizar”
JOÃO VENCESLAU – COMANDANTE
Aproveitando a deixa, João Trovisco, presidente da direção, lembra que “a nossa atividade assistencial sofreu uma enorme evolução. Passamos de controlar incêndios, para prestar primeiros socorros a sinistrados, com técnicas diferenciadas de desencarceramento, salvamentos em meio aquático, não esquecendo o transporte de doentes urgentes e não urgentes”. Lamenta, por isso, “a falta de investimento nas corporações de bombeiros e na carreira de bombeiro, na promoção de condições de trabalho e segurança dos homens e mulheres que, de forma voluntária, colocam as suas vidas em risco”.
“Gerir uma casa destas não é fácil. Precisamos de mais elementos para uma maior rotatividade. Os bombeiros são cada vez mais profissionalizados, com formação em determinadas áreas”, conclui João Venceslau, defensor da profissionalização e dos corpos de bombeiros mistos.
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