Manuela Silva estava longe de imaginar que a sua máquina de costura se pudesse transformar numa arma contra a pandemia de Covid-19. Com a sua loja fechada, esta costureira foi convidada pela Câmara Municipal de Mirandela para confecionar material de proteção individual.
“Fui contacta pelas meninas da Proteção Civil de Mirandela e aceitei logo o convite”, contou Manuela à VTM, acrescentando que “estou com o comércio fechado, mas mesmo que não estivesse ia arranjar tempo para ajudar quem está na linha da frente para nos proteger a todos”.
Costureira há 41 anos, Manuela já fez vários trabalhos, “mas nenhum como este. É um trabalho diferente, mas que faço com todo o gosto”.
Ao todo, 17 costureiras e um alfaiate estão a produzir cogulas (proteções para a cabeça e pescoço) e tapa-botas, tudo em material impermeável e lavável. “A mim atribuíram a confeção de tapa-botas, 20 pares para já”, disse Manuela Silva.
GESTOS QUE FAZEM A DIFERENÇA
Já diz o ditado que “a necessidade aguça o engenho”. Que o diga Teresa Lopes. Médica dentista de profissão, é a impulsionadora desta iniciativa, ainda que “não perceba nada de costura”.
“Eu não percebo nada de costura. Fui vendo vídeos e ganhei o gosto por esta arte só no sentido de poder ajudar um bocadinho. Nesta altura, qualquer gesto pode fazer a diferença”, explica esta jovem mirandelense, acrescentando que “com isto da pandemia passo muito tempo em casa e decidi contactar algumas costureiras para que confecionassem o equipamento de proteção, à margem daquilo que está a acontecer em vários pontos do país”.
“SEM APOIO SERIA MAIS DIFÍCIL”
Depois de contactar algumas costureiras, que aceitaram prontamente o desafio, Teresa entrou em contacto com a Câmara Municipal, “que se mostrou totalmente disponível para nos ajudar”.
A autarquia mirandelense colocou a Proteção Civil como intermediária de todo o processo, ficando responsável por “levar o material às costureiras e depois recolher o produto final que será entregue ao hospital de Mirandela”, explica Teresa Lopes, acrescentando que “em breve vamos avançar com a produção de máscaras que, à partida, serão doadas à população em geral, tudo graças ao apoio da câmara municipal que, entretanto, disponibilizou um fundo de maneio para o efeito”.
Para confecionar este tipo de equipamentos de proteção é necessário recorrer a um material específico, neste caso “o Tecido Não Tecido – TNT, que é bastante caro, e tendo o apoio da autarquia é mais fácil fazer face às despesas”, esclarece a médica dentista.
HÁ FALTA DE MATERIAL
As 17 costureiras e o alfaiate estão a produzir este equipamento “há cerca de uma semana”. Até agora “temos 350 peças prontas, que estão guardadas no nosso posto de comando operacional e que iremos fazer chegar aos profissionais de saúde, consoante as necessidade do hospital de Mirandela”, disse Maria Gouveia, coordenadora da Proteção Civil.
Quanto à iniciativa, Maria diz ser importante “tendo em conta a falha de stock” no hospital local, como acontece um pouco por todas as unidades de saúde do país.
“A Teresa Lopes lembrou-se de produzir equipamentos de proteção individual para fazer face às necessidades do hospital de Mirandela. Juntando a parte do voluntariado das costureiras e a boa vontade de algumas empresas em fornecer o tecido e material necessários para produzir todo o equipamento, conseguimos ter um bom resultado”, concluiu.
Manuela Silva
Costureira
"É um trabalho diferente, mas que faço com todo o gosto”
Maria Gouveia
Proteção Civil Mirandela
"Já temos 350 peças prontas que faremos chegar ao hospital de Mirandela consoante as suas necessidades”
Teresa Lopes
Responsável pela iniciativa
"Em breve vamos avançar com a produção de máscaras que, à partida, serão doadas à população”