Para tirar melhor partido da água, em alturas de escassez e controlar as cheias, em períodos de abundância, deveria construir-se barragens em todos os afluentes do Douro. A ideia é defendida por Machado e Moura que salientou, no entanto, a importância de “indemnizar fortemente” as pessoas que vêem os seus terrenos agrícolas ficar submersos.
“Uma só barragem não resolve tudo, tem que haver um conjunto de novas hidráulicas, nos vários afluentes do Douro”, sublinhou o engenheiro Machado e Moura, professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, no dia 10, durante o colóquio de comemoração do 20.º aniversário da Delegação Distrital de Vila Real da Ordem dos Engenheiros.
Segundo o mesmo responsável, era preciso construir as barragens do Tua, do Sabor e do Côa, e, mesmo, ir mais longe, instalando barragens, até, nos rios de menor dimensão, como, por exemplo, no Pinhão ou no Corgo.
“Acho que ainda não está posta de parte a construção da barragem, em Foz Côa”, considerou Machado e Moura, lembrando que “há mais de dez anos que se tomou a decisão desastrada que contribuiu para uma ruína grande dos bolsos públicos, foram 125 milhões de euros que ficaram lá enterrados e as pessoas não lucraram absolutamente nada”.
Relativamente ao impacto que a construção de uma barragem tem, nas populações locais, o docente da Universidade do Porto sublinhou que “é necessário colocar os interesses na balança e ponderar as vantagens e desvantagens, chamando a atenção, no entanto, para o facto da energia hídrica ser preciosa, até porque não estraga a água”. Em adição a este aspecto positivo, Machado e Moura defende que só com a construção das barragens de poderá controlar as cheias do Douro.
O professor apresentou o tema da Bacia Hidrográfica do Douro, no âmbito da comemoração do 20.º aniversário da Delegação Distrital de Vila Real, “a primeira Delegação Distrital que a Ordem dos Engenheiros abriu, na Região Norte”, como explicou Gerardo de Menezes, Presidente da Ordem, ao nível da Região Norte.
“A Delegação de Vila Real é uma das mais activas”, sublinhou o mesmo responsável, contabilizando que se, há 20 anos, a Delegação contava com 93 engenheiros, hoje são 561, o que representa “um crescimento muito forte”.
Gerardo de Menezes sublinhou, ainda, que “a Ordem dos Engenheiros é uma instituição independente que exerce funções, no domínio da Engenharia, seja em defesa da qualidade da engenharia, seja auxiliando a comunidade, em muitas actividades de que a maior parte das pessoas não se apercebe, mas que têm um papel importante, no auxílio de várias instituições públicas, nomeadamente na área da Justiça”. “Por isso”, concluiu o Presidente da Ordem, “convém estarmos o mais próximo possível das comunidades que servimos”.
Maria Meireles