“É preciso ajudar os reclusos para serem ativos na sociedade quando saem da prisão”

Nuno Pires é diretor do Estabelecimento Prisional (EP) de Bragança desde 2022, mas conhece bem os cantos à casa, porque já lá trabalhava antes disso. São já 40 os anos dedicados à instituição, onde começou a trabalhar como professor.

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No “Contrasenso”, o responsável admitiu que a vida em contexto prisional “é difícil para quem está lá preso, mas também para quem tem que responder às suas necessidades e anseios”, defendendo a necessidade de se apostar “na reintegração, ressocialização e reeducação, de forma a que, quando saírem, sejam melhores pessoas do que entraram”.

Para isso, destaca, por exemplo, o facto de haver reclusos no EP de Bragança que trabalham no exterior. “Saem de manhã e voltam ao fim do dia. São reclusos que atingem determinado tempo de pena e apresentam bom comportamento e que acabam por beneficiar do chamado regime aberto”, indica, confessando que “muitas empresas, quando eles saem em liberdade, continuam a trabalhar com eles, porque mostraram ser cidadãos competentes”.

O maior desafio da reintegração destas pessoas, frisa, está na sociedade. “Há muita gente que olha de lado e ser recluso é algo que marca”.
“Aquilo que tentamos fazer é ajudar a pessoa a crescer no meio prisional para que, quando sair, tenha outra visão da vida e seja um cidadão mais interventivo e ativo na sociedade”, afirma Nuno Pires, confessando, contudo, que “a estrutura penitenciária não faz milagres”.

Nesse sentido, admite que “seria necessária uma mudança a nível nacional, por exemplo, na forma como é feita a divisão dos reclusos”. Com isto, Nuno Pires refere-se ao facto de haver, sobretudo em estabelecimentos prisionais como o de Bragança, “convivência entre reclusos com crises muito diferentes”. No seu entender, “não faz sentido termos pessoas em regime de prisão preventiva a conviver com reclusos que estão já a cumprir uma pena”.

Nuno Pires aproveitou o momento para realçar o facto de o EP de Bragança precisar de obras, nomeadamente “um telhado novo”, mas também de “uma portaria e novos veículos celulares”. “É preciso entender que a estrutura principal do EP remonta a 1951 e, neste momento, o telhado precisa de melhoramentos urgentes. O problema já está identificado há muitos anos, mas continuamos à espera”, vinca.

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