O concelho de Vila Pouca de Aguiar, o maior detentor de biomassa florestal do país, terá três zonas de intervenção florestal: as ZIF’s de Valoura/Vreia de Jales, Planalto de Jales e Vale do Tâmega. A primeira zona alvo de intervenção é a de Valoura/Vreia de Jales, cujos trabalhos já estão em curso. Trata-se da maior visibilidade do Plano Municipal da Defesa da Floresta contra Incêndios, promovido pela Câmara Municipal de Vila Pouca de Aguiar e dinamizada pela AguiarFloresta. A colocação de meios aéreos de combate a fogos, na zona do Minhéu, continua a estar na mira da autarquia.
Como diz o povo, “mais vale prevenir do que remediar”. Por isso, um conjunto de acções está a ser levado a cabo no concelho aguiarense, no âmbito da prevenção, sensibilização e vigilância dos fogos florestais. Ao todo e só nestas três áreas, a autarquia disponibiliza cento e trinta mil euros. Mas há outros projectos previstos para o concelho, já em curso, para a menorização do flagelo dos incêndios florestais.
O Presidente da Câmara Municipal de Vila Pouca de Aguiar, Domingos Dias, avançou-nos com aquilo que está a ser feito:
“O concelho foi muito flagelado pelos fogos e nós temos já uma grande experiência, no seu combate. Por isto, a Câmara, desde há vários anos que tem tentado sensibilizar as autoridades, para a necessidade de prevenir, na época em que não há fogos. Reconheço que não temos obtido resposta aos nossos pedidos. Apesar disso, avançámos, este ano, com um Plano próprio, muito vasto, com a elaboração de várias candidaturas. Convém não esquecer (o que é sinónimo da nossa preocupação com a defesa dos nossos recursos florestais e das populações) que somos o primeiro Município que teve a preocupação de fazer o Plano Municipal de Defesa e Combate aos Fogos Florestais. Estamos à espera da aprovação das entidades competentes”.
Várias iniciativas estão a ser desenvolvidas, no terreno
Domingos Dias referiu várias iniciativas, no terreno, algumas delas já concluídas, outras em vias de o ser e outras, ainda, que estão previstas:
“Durante este Verão, já tivemos a preocupação de colocar dezenas de pessoas, através de programas ocupacionais do Rendimento Social e de Inserção, no terreno. Estas pessoas exerceram vigilância no terreno e controlo das áreas, para evitar a propagação de fogos. Esta iniciativa deu resultado, nas melhores manchas que temos. Este ano, conseguimos manter muitos espaços livres dos incêndios, devido à acção destas pessoas que alertavam, aquando do início dos fogos. Além disto, tivemos um voluntariado jovem que aderiu, em pleno, a esta nossa iniciativa. Cerca de 125 jovens estiveram envolvidos, no terreno, também, na altura dos fogos. Ainda no âmbito da prevenção, Técnicos Florestais e da Protecção Civil realizaram uma campanha de sensibilização, junto das oitenta e duas aldeias do concelho, e detectaram quais eram as zonas de perigo, para o caso de eventuais fogos florestais. Notificámos os proprietários de florestas, já fizemos uma candidatura para aqueles que não limparam os terrenos, para poder ser a Câmara Municipal a executar esta tarefa, ainda antes deste Verão, com a condição do ressarcimento dos valores derivados dessa acção preventiva que é de interesse geral. Contudo, se tal candidatura não for aprovada, não teremos possibilidades financeiras de actuar em todos os terrenos”.
No concelho de Vila Pouca de Aguiar, está a ser desenvolvido um plano para todo o concelho, incidindo nas zonas que devem ter protecção contra fogos.
“Estamos a devastar essas zonas, de forma a acabar com o mato”.
Sensibilização prioritária para escolas e produtores florestais
A comunidade escolar tem sido alvo de campanhas de sensibilização.
“Temos actuado muito, junto das escolas. Nós entendemos que é preciso exercer uma grande sensibilização, junto dos jovens, no sentido de dinamizar a população para este perigo. Daí que vamos arrancar, em Março, com uma grande campanha de «outdoors» e, no Dia Mundial do Ambiente, iremos distribuir milhares de «t-shirts» alusivas ao tema, junto dos produtores florestais e da comunidade escolar”.
Cerca de trezentas “bocas-de-incêndio” estão a ser alvo de renovação e substituição. Tarefa que deverá estar concluída dentro de um mês.
“A substituição e reparação estão a ser feitas com a consonância dos Bombeiros locais. Pretende-se que não haja problemas com o facto de as mangueiras se não adaptarem a essas bocas-de-incêndio” – disse Domingos Dias que indicou outra acção, bem reveladora das preocupaçõs da autarquia a que preside: “Desde há dois anos que temos vindo a apostar na abertura de caminhos florestais, em zonas inacessíveis para os carros de bombeiros. Este ano, estamos a completar esta tarefa”.
A importância do Aeródromo do Minhéu e da Barragem do Alvão
O autarca lembrou, também, o que considera ser uma “luta antiga”.
“É uma questão que tem vindo a arrastar-se, desde há alguns anos. Nós e todos os serviços da Protecção Civil entendemos que o melhor ponto estratégico, para a vigilância área dos fogos florestais da nossa região, é o Aeródromo do Minheu. Andamos nesta luta a tentar que se coloquem ali as aeronaves, os helicópteros de vigilância e de combate. Temos a pista construída e um ponto de água, por excelência, que é a Barragem do Alvão”.
Ainda no terreno, têm sido desenvolvidas, com o contributo dos Bombeiros Voluntários de Vila Pouca de Aguiar, acções de fogo controlado, para evitar que haja manchas de mato em que se propaguem os fogos.
“São estas medidas que estamos a tomar, para prevenir, desde já, aquilo que pode vir a ser um Verão quente, com fogos grandes. Tem havido reuniões com a AguiarFloresta em consonância connosco, junto dos diversos produtores”.
Relativamente às ZIF’s, Domingos Dias adiantou que, nas áreas de intervenção a serem reflorestadas, “serão criados aceiros, pontos de água e serão plantadas várias folhosas, em detrimento das resinosas, nomeadamente castanheiros e carvalhos. No futuro, serão zonas privilegiadas de produção de castanha e de madeira”.
Por fim, Domingos Dias avançou com uma boa novidade, respeitante à luta e prevenção de fogos.
“Na semana passada, foi aprovada mais uma equipa de Sapadores Florestais, para o concelho. Irá ocupar-se com a limpeza de matas, implementação de aceiros, desmatação, terrenos e irão colaborar no combate a fogos florestais. Ou seja, vamos ter duas equipas de Sapadores Florestais, funcionando sob a alçada da AguiarFloresta. A nova equipa de Sapadores Florestais será constituída por cinco homens, apoiados com uma viatura, dotada de instrumentos de desbaste e de limpeza que andará, diariamente, todo o ano, a exercer este tipo de acções. Estará operacional, dentro de um mês”.
Refira-se que, em 2005, no concelho de Vila Pouca de Aguiar, arderam dez mil hectares de mata. Em 2006, a área ardida rondou os trezentos hectares.
José Manuel Cardoso