“Comunicar o desligamento da Comissão, bem como, consequentemente, expressar a opinião unânime de considerar fracassado este projecto de homenagear o grande vulto da literatura portuguesa Miguel Torga” foi assim traduzido o descontentamento da Comissão Organizadora dos Encontros Lusófonos/Festorga “perante a não-aceitação do projecto, por alguns organismos locais”, acrescentando não “saber o porquê nem a compreensão da recusa”.
Num documento assinado por Moisés Salgado, em nome da Comissão, cujo objectivo era “deixar obra física referencial e de utilidade pública, em São Martinho de Anta”, nele é manifesto “o empenhamento da Comissão Organizadora dos Encontros Lusófonos, no projecto, o qual realizou, em finais de Setembro de 2006, uma reunião, com o fito de definir e aquilatar da viabilidade do propósito e dos moldes em que a futura comissão deveria ser constituída”, defendendo, na altura, que “tal evento e obra necessitariam de ter representadas, na sua estrutura organizadora, instituições locais que credibilizassem e fossem garantes dos mesmos”.
Segundo Moisés Salgado, a Comissão “sem pretender agitar águas nem lançar achas para a braseira das possíveis indisposições e rivalidades locais”, considera que os seus esforços não mereceram a devida atenção e apoio, sentindo-se “se não apunhalados, pelo menos feridos, no seu desinteressado propósito, ao qual dedicaram tempo, meios e esforços”. Fundamenta e reforça a Comissão que no desenvolvimento da reunião de Setembro, “foi elaborada uma acta composta e assinada por três elementos da sociedade civil e por dois elementos directivos e representativos de duas organizações locais que, em conjunto, se propuseram dar corpo ao propósito inicial, mais tarde denominado Festorga”.
Apesar deste alegado divórcio, a Comissão “não deixa de expressar os votos de que a ideia possa vir a ser recuperada e bem-sucedida por parte de outras entidades”.
A Câmara Municipal de Sabrosa desmarca-se da situação e, na boca do seu Presidente, José Marques, “a autarquia não assume qualquer culpabilização, nem relação nas razões avançadas”. Adianta até que “na única reunião havida, até agora, entre os elementos desta Comissão e a Câmara, a edilidade mostrou interesse na iniciativa”, salvaguardando e chamando a atenção dos elementos presentes, contudo, para alguns pontos, “nomeadamente a exequibilidade, em 2007, do projecto, em tempo útil, e da componente de custos do mesmo” que, no entender do autarca, “era muito difícil, sabendo-se do fecho das verbas do III QCA e seu figurino”.
Segundo José Marques, “no mesmo encontro, foi feito um desafio à Comissão, para a elaboração de um projecto concreto, organizado, contendo custos e fontes de financiamento” e que seria entregue “no tempo útil de três semanas. Só que, até hoje, nada chegou à Câmara“ – sublinhou.
Todavia, José Marques reforçou “o interesse da edilidade em colaborar em iniciativas ligadas a Miguel Torga. Mas com tempo, planeadas e com sustentabilidade” – concluiu.
O “Festorga” nasceu de um pequeno grupo de cidadãos, deu forma e vida ao Encontro Zero da Lusofonia, em Julho de 2006, evento preparatório de futuros Encontros Lusófonos da Interioridade, tendo ficado acordado ter uma ocorrência bienal.
Jmcardoso