Segunda-feira, 9 de Dezembro de 2024
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Filho da terra homenageado no Espaço Miguel Torga

No dia em que faria 70 anos, o Espaço Miguel Torga prestou homenagem ao filho da terra, Manuel Hermínio Monteiro, que faleceu aos 48 anos, vítima de cancro.

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Licenciado em história, pela Faculdade de Letras de Lisboa, Manuel Hermínio foi um empreendedor que salvou a editora Assírio & Alvim da falência quando assumiu a direção. Mas foi ainda um poeta, um ativista, que organizava encontros, debates e espetáculos musicais. Em 1986 lançou a revista mensal ‘A Phala’, concebida para veicular o espírito muito próprio da editora e criou a “Assírio Líquida”, o primeiro bar-livraria no Bairro Alto, em Lisboa.

‘Esta homenagem é o reconhecimento de que ele era granito, era terra, era Trás-os- Montes”
Manuela Correia 

Em dia de homenagem, Manuela Correia, mulher do Hermínio, estava visivelmente emocionada e lembrou como era o marido. “Esta homenagem representa a ligação granítica, telúrica à terra. É ainda o reconhecimento de que ele era granito, era a terra, era Trás-os-Montes”.

Manuela Correia lembrou ainda a sua forma de ser, uma pessoa que “adorava abraçar e reunir os amigos, não só à volta do afeto e da amizade, mas também de projetos, era um congregador. Fazia tudo com muito trabalho, rigor e uma profunda alegria”. 

De Parada do Pinhão vieram alguns amigos, irmãs e familiares, que se mostraram também emocionados com a homenagem, que teve início com uma romagem ao cemitério da aldeia. 

A mãe, Maria Celeste, de 88 anos, gostou muito da homenagem feita ao filho, que partiu demasiado cedo. “Quando era pequeno gostava de armar andores, era certinho e era muito inteligente. Dizia que queria ir para o Seminário e foi até aos 14 anos. Depois foi estudar para o Porto e mais tarde entrou na universidade em Lisboa”.

‘Quando era pequeno gostava de armar andores, era certinho e inteligente”
Maria Celeste

Apesar de se ter ficado por Lisboa, Manuel Hermínio nunca esqueceu a ligação às suas origens e sempre que podia vinha a Parada do Pinhão, sempre acompanhado por amigos. “Vinha sempre que podia e trazia os amigos, em que lhe fazia as comidas típicas transmontanas e ele gostava muito”, conta a mãe, que se lembra de terem estado lá em casa amigos do Hermínio, como o Mário Cesariny ou o Rodrigo Leão. “Ele ligava-me a dizer que queria vir cá, mas tinha de fugir de noite, porque os amigos queriam vir também. Mas eu dizia para vir e trazer os amigos, que lá se arranjava espaço para todos, apesar de a casa ser pequena”.

A presidente da Câmara de Sabrosa recordou-o como um “agregador” e, por isso, “na memória dos vivos continua tão presente. Não poderemos esquecer pessoas como o Hermínio, que nunca mudou as nossas raízes, pelo contrário, elevou-as, deu-lhes estatuto e, desta forma, valorizou o território”.    

A homenagem foi concluída com um concerto e houve ainda uma tertúlia, onde participou Manuela Correia, Fernando Pinto do Amaral e Paulo Alves Guerra.

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