Durante a tarde do dia de Carnaval, mais de 20 tratores, transformados em carros alegóricos, vão integrar o cortejo carnavalesco, aos quais se juntam os Zíngaros e outras associações locais com gigantones, cabeçudos e músicos.
Em comunicado, a autarquia explica que “os carros representam aldeias ou associações locais, que aproveitam o desfile para ironizar com as políticas locais, nacionais ou europeias que marcam a atualidade”. E tendo em conta que “como é Carnaval ninguém leva a mal”, as mensagens vão passando “e as alfinetadas deixadas sem dó nem piedade”.
“É como se por um dia a comunidade local “expurgasse” todo o descontentamento, usando a sátira social para apresentar publicamente os motivos de insatisfação e discórdia”, lê-se na mesma nota.
Mas é ao início da noite que o espetáculo “aquece”. O povo arrasta o “Pai da Fartura”, responsável pelos excessos, mentiras e enganos, para um julgamento, junto ao Pelourinho da vila. “Primeiro ouvem-se as lamúrias de uma figura que, de antemão, se sabe que vai ser condenada. Depois, a sentença, encenada pelos Zíngaros de Carrazeda de Ansiães, expõe as políticas ou falta delas, que interferem diretamente com a vida dos cidadãos e causam a contestação. Versos satíricos são lidos em alta voz, provocando riso e aplausos na comunidade, que acorre em massa para assistir ao evento”.
A sentença já está, antecipadamente, decidida e atira o “Pai da Fartura” para a pena de morte, através do seu rebentamento. Quanto às suas esposas, que “em breve serão viúvas, choram, aos gritos”.
Apesar de se tratar de uma festa pagã, por vezes até com pitadas satânicas, este momento representa o fim de um ciclo, de fartura e de folia, e o início do período de Quaresma que, seguindo a religião católica, representa sacrifícios, jejum, abstinência, recolhimento e oração.
Além deste momento, as ruas de Carrazeda de Ansiães voltam a receber o desfile carnavalesco do agrupamento de escolas e do jardim de infância da Santa Casa da Misericórdia, na próxima sexta-feira.
