O Vila Real entrou em grande, com uma goleada, por sete bolas a zero, ante o Cerva, uma equipa que perdeu muitos dos seus atletas da época transacta.
Num jogo a contar para a Taça de Honra da Associação de Futebol de Vila Real, a equipa “alvi-negra” demonstrou grande superioridade, perante um adversário que nunca se conseguiu encontrar. Ficou evidente a grande discrepância entre as duas formações. Parece que estamos a antever aquilo que poderá acontecer, nesta nova época que agora se inicia: o Vila Real estará a lutar pela subida de divisão, enquanto que o Cerva tentará, apenas, não descer.
Apesar da temperatura elevada, deve destacar-se a qualidade do futebol apresentado pela equipa da casa, onde as triangulações e objectividade entre o centro do terreno e a frente atacante estiveram em grande evidência. Assistimos a um autêntico festival de golos perdidos, pelos homens mais avançados. Atrás, voltou o capitão Zé Monteiro a fazer dupla de centrais, com o também regressado Nuno Fredy, demonstrando grande segurança defensiva, não dando espaços ao adversário, para colocar a bola, com perigo, junto da baliza de Vieira. Aliás, Vieira teve uma tarde bastante tranquila.
Quanto ao jogo, foi um Vila Real a dominar, claramente, o Cerva e, logo nos minutos iniciais, criou várias oportunidades, para se adiantar no marcador. Não foi de estranhar o golo madrugador de Fredy. Na sequência de um pontapé de canto, o central aproveitou a passividade da defesa forasteira, para fazer o seu primeiro golo na partida, decorria o quinto minuto.
Esperava-se uma reacção da equipa adversária que, apenas aos 19 minutos, conseguiu rematar à baliza de Vieira, mas este, atento, defendeu, com segurança. Dois minutos volvidos, Caniggia, através de um livre, à entrada da área, introduziu a bola na baliza de David. Estava feito o segundo golo, para os visitados. David ficou pregado ao solo, nada poderia fazer, perante o remate bem colocado do extremo da casa. Aliás, David foi, sem dúvida, o melhor jogador do Cerva, uma vez que evitou que o resultado ainda fosse mais volumoso.
Pouco tempo depois, foi com naturalidade que Nuno Meia conseguiu, finalmente, desfeitear David. Numa jogada de insistência do ataque caseiro, verificou-se muita displicência dos homens do Cerva em tirar a bola da zona perigosa e Nuno Meia, já na pequena área, aproveitou para fazer o terceiro golo. Antes, já tinha desperdiçado três grandes ocasiões.
Perto do intervalo, na melhor jogada do desafio, Castanha fez o quarto golo. Caniggia foi à linha de fundo, cruzou para a entrada fulminante de Castanha, a “encher o pé” e a elevar o resultado, para o expressivo quatro a zero que se verificava ao intervalo.
A precisar, urgentemente, de repensar a sua estratégia, o técnico Teixeira saiu, para o intervalo, com vontade de “explodir”, perante a passividade demonstrada pela sua equipa, no decorrer dos primeiros 45 minutos.
A toada ofensiva dos “alvi-negros” continuou, com muitas oportunidades goradas, ora por mérito de David, ou, então, por pouca concentração, no último remate por parte dos avançados da casa. Também o resultado avolumado deixava espaço de manobra, para desperdiçar tantos lances, desta forma. Com algumas alterações operadas pelo técnico vila-realense, para refrescar o ataque, foi Pedro, recém-entrado na partida, a fazer o quinto golo. Muitas facilidades da defesa visitante, Miguel aproveitou para passar por vários adversários, colocando em Pedro que, já no coração da área, teve tempo para rodopiar e colocar a bola no fundo das redes. Até ao final, ainda mais dois golos, para os da casa. Aos 85 minutos, Fredy bisou. Fraguito levantou, para o segundo poste, onde apareceu Fredy, em grande estilo, a subir mais alto que toda a defensiva forasteira e, de cabeça, colocou a bola fora do alcance de David. Um bom golo do central vila- -realense que regressou, em grande forma, a uma casa que bem conhece.
Já ao cair do pano, mais um golo. Desta vez, Castanha fica isolado, perante David e, quando poderia rematar ele próprio para a baliza, ofereceu o golo a Palhares que elevou, para sete-zero, a contagem, no marcador.
Pouco depois, o árbitro deu por terminado o encontro que foi um bom ensaio, para os vila–realenses, tendo em vista o início do campeonato, já no próximo Domingo, onde irão defrontar o Vilarinho. Quanto ao Cerva, terá muito trabalho pela frente, uma vez que foi demasiadamente permissivo e não se conseguiu encontrar, como equipa.
Márcia Fernandes
Luís Pimentel, treinador do Vila Real
“Somos candidatos à subida
de divisão”
De regresso ao comando de uma equipa e de uma casa que bem conhece, o técnico vila-realense, sempre igual a si próprio, não esvoaçando grandes euforias, ficou, obviamente, satisfeito, pela excelente prestação da sua equipa.
“Conseguimos transformar um jogo de eliminatória que é sempre difícil num jogo fácil. Houve mérito de toda a equipa que entrou bem no jogo e conseguiu transformar em golos as muitas oportunidades criadas. Foi apenas uma vitória, há que continuar a trabalhar e estar com os pés bem assentes no chão, para não criar a ilusão de que os jogos irão ser todos assim. O Vila Real, com o estatuto que tem, deve assumir que é um candidato natural à subida de divisão. Temos um plantel de qualidade, apesar de curto, mas vamos ter uma tarefa difícil, uma vez que, fora de casa, vamos ter grandes dificuldades. Em campos de terra batida e de dimensões reduzidas, sabemos que a nossa tarefa irá ser mais complicada. Vamos continuar a trabalhar, para contornar todos esses obstáculos. Temos que ser uma equipa com mentalidade forte e com capacidade de nos adaptar ao espaço físico que temos para jogar”.
Teixeira, treinador do Cerva
“Foi um sério aviso para a equipa”
Claramente insatisfeito com a derrota pesada da sua equipa, o técnico Teixeira não gostou do jogo que os seus pupilos fizeram, mas prometeu rectificar, já no próximo jogo do campeonato.
“Este jogo foi um sério aviso, para a minha equipa. Espero que estas situações não se voltem a repetir. Sabíamos que iria ser um duelo difícil, para nós, uma vez que o Vila Real demonstrou grande ritmo que não conseguimos acompanhar. Ainda temos pouco tempo de preparação. O Vila Real jogou muito bem e está num patamar superior ao nosso. Agora, daqui a quinze dias, no jogo em nossa casa, as coisas irão ser diferentes, uma vez que estamos mais habituados a jogar no terreno pelado e será com outra atitude que vamos entrar em campo, onde o Vila Real irá sentir outras dificuldades. Vamos levantar a cabeça, para dar a volta a esta situação”.
FICHA TÉCNICA
Jogo disputado no Complexo Desportivo do Monte da Forca.
Árbitro: Iancu Vasilica.
Auxiliares: Ruben Clemente e Sérgio Correia.
VILA REAL – Vieira; Miguel, Zé Monteiro, Fredy e Caniggia; Norberto (Fraguito, 78’), Ernesto, Castanha e Nuno Meia (Pedro, 68’); Gabriel (Palhares, 74’) e Luís Carlos.
Suplentes não utilizados: Gomes, Leirós e Peixoto.
Treinador: Luís Pimentel
CERVA – David; Pascoal, João Albino, Malhado e Jalé; Vasco, Damião (Carlitos, 78’), Shoio e Pitufo (Pedro, 88’); Guicho e Bruno.
Suplentes não utilizados: Gato, Márcio, Tó Zé e Gabriel.
Treinador: Teixeira.
Cartões amarelos: Shoio (10’); Vasco (20’); Fredy (35’); Nuno Meia (41’); João Albino (85’); Guicho (87’); Pascoal (90’) e Pitufo (93+3’).
Ao intervalo: 4 – 0.
Marcadores: Nuno Fredy (5’ e 85’); Caniggia (21’); Nuno Meia (31’); Castanha (45’); Pedro (76’) e Palhares (90’+2’).