Na sua 5ª edição, a Bienal Internacional de Gravura do Douro, que vai decorrer entre os dias 10 de Agosto e 31 de Outubro, vai ganhar este ano uma maior abrangência física, apresentando-se também em Vila Real, Peso da Régua e Porto, e uma dimensão virtual, com a realização de uma exposição de 24 obras no Second Life.
No completar do décimo aniversário da sua criação, Nuno Canelas, director da Bienal, aponta a abertura do evento aos processos digitais na gravura como um dos seus “pontos de viragem”.
Silvestre Pestana, um dos mentores da criação da galeria virtual, e fundador da Associação V5, explicou, ao Nosso Jornal, que, desde 2007, através dos seus ‘avatares’ (representação visual de um utilizador em realidade virtual), artistas provenientes de todo o mundo são convidados a apresentar projectos para exposição no “Portuguese Cultural Center”, um espaço no Second Life onde as obras são apresentadas em outdoors virtuais.
“Alguns artistas são depois convidados a enviar os ficheiros para podermos converter esses projectos iniciais em projectos de realidade urbana”, adiantou o mesmo responsável, explicando que, para a Bienal do Douro, foram convidados dois artistas chineses que verão assim as suas obras impressas em dois outdoors localizados na zona urbana de Alijó.
Além da sua abertura aos processos digitais, a Bienal de Gravura, segundo Nuno Canelas, tem este ano outro ponto de viragem, o alargamento das suas fronteiras físicas, já que, para além da realização de acções em Alijó (concelho que viu nascer a iniciativa) e de Vila Nova de Foz Côa (que desde o primeiro momento foi parceria), as exposições vão ter ainda como morada estruturas de outros concelhos, nomeadamente o Museu do Douro, no Peso da Régua, o Teatro de Vila Real e um espaço urbano do Porto.
“Chegamos a um patamar em que dificilmente será possível fazer melhor se não tivermos outro apoio institucional ao nível regional”, sublinhou o director da Bienal, contabilizando que o orçamento do evento foi reduzido de 81 mil euros para 51 mil, dos quais cerca de 50 por cento é assumido pela autarquia alijoense.
Artur Cascarejo, presidente da Câmara Municipal de Alijó, não esconde o “enorme esforço financeiro” que a autarquia foi obrigada a fazer para apoiar a Bienal, “um evento único” a nível nacional pela sua dimensão e que hoje já é “uma referência a nível internacional”.
Esta iniciativa “tem um sentido estratégico para Alijó, para o Douro e para o país”, defendeu o mesmo responsável político, considerando que, “mesmo num clima de dificuldades financeiras, de crise e austeridade, há determinados eventos que têm que continuar a realizar-se”, em prol do desenvolvimento do turismo cultural e, consequentemente, do desenvolvimento social e económico. “Pode não se realizar uma componente mas lúdica e mais cara do evento, mais a sua essência não pode deixar de existir”, explicou.
Artur Cascarejo admitiu a necessidade de “estabelecer prioridades”, o que, para a autarquia, a nível cultural, assenta na realização da Bienal, a par com a Revidouro, sendo que “tudo o resto pode ficar em standby, mas não estas duas realizações”.
Um dos projectos que está exactamente à espera de dias melhores é a criação do Museu da Gravura e Arte Contemporânea, no entanto, o edil já deixou a garantia de que, apesar de actual o enquadramento financeiro para uma infra-estrutura do género “estar complicado”, o núcleo museológico vai ser uma realidade, e representará o expoente máximo de todo o trabalho e esforço dedicado à Bienal.
Do programa deste ano da Bienal, para além das exposições, de sublinhar a homenagem ao artista espanhol Antoni Tàpies e a realização de vários worshops e de uma conferência sobre o tema “Gravura Contemporânea versus Gravura Rupestre”.