Desde então, está mais que comprovada que esta reorganização territorial fortaleceu ambas as localidades.
HÉLDER AFONSO
PRESIDENTE DA JUNTA DE FREGUESIA
O presidente Hélder Afonso salienta que “as freguesias se acolheram mutuamente, e que o facto de haver uma União beneficiou a população”.
Com 32,24 km² de área, este território agrega 26 lugares e conta com mais de três mil habitantes, sendo a maior freguesia rural do concelho de Vila Real.
O presidente revela que, apesar de a reorganização ter sido um processo positivo para cada freguesia, “os benefícios também trouxeram mais trabalho”. As necessidades dos residentes são mais exigentes e a oferta de serviços têm de corresponder às imposições atuais.
ABÍLIO COSTA
TESOUREIRO
Por isso, esta União de Freguesias aposta em serviços de proximidade, que permitam solucionar os problemas dos residentes, “que não necessitam de se deslocar à cidade”.
A agregação das freguesias de Mouçós e Lamares revela-nos que a união trouxe uma maior aposta no desenvolvimento local, de forma a ser “possível facilitar a vida das pessoas”.
De perfil periurbano, o crescimento solidificado deste território, reflete-se “nas várias construções habitacionais que têm vindo a ser realizadas”, uma vez que a proximidade com Vila Real, mas também “a modernização da freguesia, faz com que mais gente opte por viver aqui”.
TERESA MARQUES
SECRETÁRIA
Na presidência da UF desde 2017, Hélder Afonso garante que a “disponibilidade e proximidade” com as pessoas é o principal pilar da sua equipa. “Ao estarmos disponíveis para ouvir as pessoas, que muitas vezes apenas querem conversar, e a proximidade local são pilares fundamentais que tornam esta União tão importante”.
Leque alargado de serviços
A União de Freguesias de Mouçós e Lamares disponibiliza, aos residentes da sua freguesia e de outras localidades, um variado leque de serviços.
Para Hélder Afonso, a pandemia de Covid-19 “criou oportunidades únicas para esta freguesia”, sublinhando que foi durante este período “que conseguimos criar valências que antes não existiam. Por isso, sinto-me um sortudo por ter desempenhado esta função durante a pandemia, porque foi desafiante, mas também foi preciso reinventar serviços para os aproximar da população”.
O objetivo deste executivo sempre foi “aproximar Mouçós e Lamares da realidade dos grandes centros, porque, enquanto freguesia rural, temos os mesmos direitos que as outras freguesias”.
Atualmente, os cidadãos têm à sua disposição um Espaço Cidadão, que abrange vários serviços como, por exemplo, a renovação do Cartão de Cidadão, o apoio à documentação relacionada com o IMT (Instituto de Mobilidade e dos Transportes), serviços da Segurança Social, serviços das Finanças, autorizações para queimadas de amontoados, emissão de registos criminais e outras soluções relevantes.
De igual modo, a população também pode usufruir de um posto de CTT. “Os correios são muito importantes, porque nós entregámos o correio registado. Recebemos e entregámos encomendas.
Para além disso, Mouçós e Lamares dispõem de um terminal de multibanco”.
Estes serviços estão disponíveis na sede da Junta. “Além de ser uma Junta de Freguesia, esta sede é um edifício vivo, ou seja, que corresponde à procura diária das pessoas”. Neste sentido, todos os cidadãos, sejam ou não residentes na freguesia, podem resolver diversos assuntos num único espaço.
Primeira freguesia do país com BUPI
Mouçós é a primeira freguesia do país com BUPi (Balcão Único do Prédio), serviços que estavam apenas disponíveis nas câmaras municipais. “A Junta de Freguesia considerou que este serviço era muito importante para o nosso território, pelo que fizemos um acordo com o grupo de gestão do BUPi, que está disponível para todos”.
O BUPi é uma plataforma que permite a identificação do cadastro dos terrenos rústicos, de forma que seja possível conhecer os proprietários, ordenar o território, valorizá-lo e, por fim, prevenir incêndios.
O presidente considera que é uma mais-valia para esta freguesia e isso deveu-se “ao planeamento e ousadia que temos demostrado”.
Espaço Energia para promover a eficiência e a literacia energética
A União de Freguesias tem um espaço dedicado à Rede Espaço Energia, que é uma rede nacional de balcões locais, que apoiam os cidadãos na preparação e aplicação de medidas de eficiência energética e de energias renováveis.
Disponibilizam serviços de apoio à adoção de comportamentos sustentáveis na utilização de energia, através de uma maior literacia energética.
A criação de uma rede de Espaço Energia tem como objetivo de promover a eficiência energética e o combate à pobreza energética em Portugal.
Os Espaços Energia serão compostos por balcões físicos de atendimento que vão prestar apoio técnico aos cidadãos, fornecendo informação e aconselhamento sobre eficiência energética, energias renováveis e programas de financiamento para melhorias energéticas.
O balcão da Rede de Espaço de Energia é um projeto do Ministério do Ambiente. “Somos a única freguesia do distrito de Vila Real que já tem o balcão”, disse o presidente da UF de Mouçós e Lamares, adiantando que é mais um serviço ao dispor da comunidade. “O Espaço Energia é muito mais do que balcões de atendimento, são pontos de transformação comunitária, aproximando a sustentabilidade do quotidiano das pessoas”.
Mouçós passou a ser vila
A localidade de Mouçós foi elevada à categoria de vila, após aprovação “por unanimidade” na Assembleia da República.
O processo foi desencadeado pela União de Freguesias de Mouçós, presidida por Hélder Afonso, recebendo luz verde da Assembleia de Freguesia, e posteriormente da Câmara e Assembleia Municipal.
O projeto de lei que defendeu a elevação de Mouçós a vila foi da autoria dos deputados do PS, Fátima Correia, Carlos Silva e João Azevedo.
Mouçós foi uma freguesia que, em 2013, no âmbito da reorganização administrativa das freguesias, foi agregada à freguesia de Lamares, passando a integrar a União das Freguesias de Mouçós e Lamares, da qual é atualmente sede.
Mouçós é agora a maior vila do concelho de Vila Real em área e passa agora a ser a segunda vila do município, depois de Lordelo.
O processo foi possível após a alteração legislativa, em vigor desde março de 2024, de definição dos critérios para a atribuição dos títulos de vila ou cidade.
“Acho que é algo que veio tarde. Mouçós é uma freguesia muito importante no concelho”
ANTÓNIO MATORS
VARGE
Para alcançar o estatuto de vila, uma povoação deve ter pelo menos três mil eleitores e cumprir requisitos como atividade cívica e cultural, dinamismo económico e a presença de pelo menos dois terços das infraestruturas essenciais previstas na lei, como serviços públicos, escolas, farmácia, centro de saúde, equipamentos desportivos, entre outros.
O presidente da União de Freguesias de Mouçós e Lamares lembrou os últimos oito anos de trabalho “intenso” para conseguirem criar condições para elevar Mouçós à categoria de vila. “É um orgulho muito grande para nós”.
Hélder Afonso revela que “ trouxe para Mouçós e Lamares um Espaço do Cidadão, os CTT, um posto de Farmácia, uma equipa de sapadores florestais, o BUPi, Balcão AIMA, Balcão SNS24, e em breve, vamos ter a Rede Espaço Energia”, um projeto do Ministério do Ambiente. “Somos a única freguesia do distrito de Vila Real que já tem o balcão”.
“Acho bem. Temos serviços como os correios, farmácia e temos cada vez mais pessoas”
JULIANA PINTO
MOUÇÓS
“É um prémio final para todo o executivo da junta e também do executivo municipal. Nos últimos oito anos, temos trabalhado em colaboração e em prol dos cidadãos para ter serviços de grande proximidade”, conclui o autarca.
A UF de Mouçós e Lamares tem mais de 3.600 habitantes, sendo que Mouçós fica situada na margem esquerda do Rio Corgo, sendo atravessada pela Autoestrada transmontana.
Património Histórico
A União de Freguesias conta com um património rico e uma cultura única. É aqui que se localizam três monumentos classificados como imóveis de interesse público: a Capela de Nossa Senhora da Piedade, a Capela de Nossa Senhora de Guadalupe e a ponte de piscais. São pontos de interesse que embelezam o território e merecem ser visitados.
“Uma romaria com identidade própria”
O andor de Nossa Senhora da Pena representa o ponto mais alto das festividades na freguesia. Todos os anos, o andor, que impressiona pela sua altura fora do comum, ultrapassando os 23 metros, é carregado nos ombros por homens corajosos, à volta do recinto do santuário.
No segundo domingo de setembro, mais de uma centena de pessoas carrega este emblemático andor, que chega a pesar três toneladas, em que são necessários dois meses para o preparar e ornamentar.
A parte visual é muito importante, em que as cores são bem visíveis, com o uso de diferentes padrões e tecidos, que o tornam ainda mais admirável.
A organização desta romaria é assumida por 11 das 26 aldeias, que entre si organizam a festa de forma rotativa, ou seja, cada localidade tem a oportunidade de preparar esta festa de 11 em 11 anos.
Deste modo, as aldeias de Sequeiros, Magarelos, Lagares, Sanguinhedo, Abobeleira, Jorjais, Sigarrosa, Varge, Alvites, Pena de Amigo e Lage encarregam-se anualmente pelo planeamento e organização da festa.
Hélder Afonso assume que “a organização é muito interessante, porque cada aldeia faz as suas escolhas. Assim, há sempre inovação na Senhora da Pena e nós gostámos disso”.
A romaria faz parte do ADN das gentes de Mouçós, e prova disso é a passagem desta paixão de pais para filhos. Muitos jovens participam nas festividades, especialmente, durante a procissão. Os filhos da terra, que muitas vezes estão no estrangeiro, vêm de propósito para carregar nos seus ombros o peso da responsabilidade e da fé.
No final da procissão, depois de muito esforço, acontece a típica dança do andor. À frente da Capela da Senhora da Pena, as pessoas elevam várias vezes o andor que carregaram e são aplaudidas por quem vê este espetáculo.
O padre da freguesia, Márcio Martins, refere que “esta tradição pode parecer um pouco estranha, para aqueles que não a conhecem, mas que depois de a ver dá-lhe o devido valor”.
Explica-nos, também, que as expressivas alturas dos andores servem como “uma analogia de nos aproximar de Deus”, uma vez que parece que os andores tocam mesmo no céu.
Este evento único atrai milhares de pessoas de todos os pontos do país, que chegam à freguesia de Mouçós com muita curiosidade para admirar os imponentes andores. A grandeza e a demonstração de união enquanto comunidade, fazem desta manifestação religiosa uma das mais antigas e populares romarias de Vila Real.
“A altura dos andores, o esforço e a beleza estão associados à fé das pessoas e, por isso, tornam esta romaria especial e diferente das outras”. Por este motivo, a junta de freguesia, em colaboração com a paróquia de Mouçós e a câmara municipal, candidatou o andor de Nossa Senhora da Pena para Património Cultural Imaterial.