Em locais de baixa densidade, “sentimos uma responsabilidade maior, por muitas vezes sermos a única presença de Estado no território e junto das pessoas nos momentos em que elas mais precisam”.
Sendo as Associações Humanitárias de direito privado conseguem sobreviver e manter-se nestas localidades, mas Hernâni Carvalho não tem dúvidas que se fosse “uma resposta pública as ambulâncias e veículos de incêndios já tinham sido retirados daqui e as pessoas estavam votadas ao abandono”.
Com uma extensa e diversa área de intervenção, altimetria complexa e grandes deslocações, o principal desafio da corporação é captar jovens, criticando que “demore um ano a formar um bombeiro e o processo é muito burocrático”, defendendo a necessidade de o agilizar. “Muitos até têm vontade, inscrevem-se, mas acabam por desistir”.
A corporação tem duas Equipas de Intervenção Permanente, mas gostaria de ser Posto de Emergência Permanente (PEM). “Lamentavelmente não conseguimos que o INEM olhe para nós como verdadeiro parceiro, o que permitiria ter mais profissionais, apoio e um subsídio para aquisição da viatura”, afirma, revelando que a associação “tem um prejuízo superior a 17 mil euros anuais” na emergência pré-hospitalar. “A associação paga para socorrer”.
“Se os bombeiros fossem uma resposta pública, as ambulâncias e veículos de incêndios já tinham sido retirados daqui e as pessoas estavam votadas ao abandono”
Hernâni Carvalho – Comandante
Devido ao tipo de socorro no Parque Natural da Peneda-Gerês, os Bombeiros Voluntários de Salto investiram em drones com câmaras térmicas, o que “permite, de forma mais célere, localizar as pessoas”, um esforço financeiro de 20 mil euros e a equipa está em processo de certificação para busca e salvamento.
No concelho líder no distrito em incêndios rurais e um dos que maior área florestal tem no país, não recebem apoios “para sequer comprar uma viatura de combate a incêndios”, e recentemente adquiriram uma em segunda mão.
Segundo o presidente da direção, Alberto Fernandes, a Associação Humanitária não tem problemas financeiros e as contas “estão equilibradas” com os transportes feitos e com os apoios da câmara e da junta de freguesia, “que sem eles não conseguíamos”. O que permite até adquirir novos veículos. “Há necessidade de uma ambulância uma 4×4 para ir a locais mais ermos, que vamos tentar adquirir”, referiu.
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