De facto, o imponente equipamento cultural, construído em betão, da autoria de uma dupla de jovens arquitectos portuenses, Tiago Pimentel e Camilo Rebelo, é um ícone de arrojo no que se refere à sua inserção na paisagem xistosa.
Uma plêiade de ministros e ex-membros do Governo, governadores civis e autarcas marcaram presença e ouviram José Sócrates a considerar o Museu do Côa como “um lugar cosmopolita e um equipamento sofisticado, de grande beleza arquitectónica, muito bem implantado na paisagem”.
Entusiasmado, José Sócrates não esqueceu o passado do processo e puxou dos galões, lembrando que já nas suas funções de primeiro-ministro tinha “adjudicado a construção do Museu”. Não puxando apenas para si os méritos, elogiou também a acção da ex-ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, e do ex-ministro, Pedro Roseta.
Os presentes ainda ouviram a actual titular da pasta da Cultura, Gabriela Canavilhas, avançar com a constituição da Fundação Côa Parque, para a gestão do museu e do Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC). Uma janela aberta da “instituição aos sectores privados, para ter um conjunto mais alargado de sinergias”, sublinhou. De salientar que, um dos fundadores será a Administração Regional da Bacia Hidrográfica do Douro, com sede em Mirandela.
Quem não deixou escapar uma observação à morosidade do dossier do Museu do Côa, foi o presidente da Câmara de Vila Nova Foz Côa, Gustavo Duarte. “É um exemplo do que não deve ser feito”.
O Museu do Côa tem 170 metros de altura e “custou” cerca de 17,5 milhões de euros. Recorde-se que, em 2003, o Museu do Côa estava para ser construído na fissura da encosta sobre o rio Côa, aberta com os trabalhos da construção abortada da barragem na Canada do Inferno. O projecto então avançado, em 1999, pelo então ministro da Cultura, Manuel Maria Carrilho, estava orçado em 5 milhões de contos e contemplava a eventual revitalização do troço de 9 quilómetros de via-férrea entre o Pocinho e a Estação do Côa. A utilização do comboio, como meio de acesso ao futuro Museu do Côa, seria um factor turístico a ter em conta, sustentaram os defensores do projecto.
O projecto abandonado contemplava a construção de três edifícios sobrepostos em patamares, mas com funções definidas. O primeiro andar seria destinado à Arte Paleolítica; o segundo, à temática da Arte Moderna; e no terceiro ficaria instalado o Centro Nacional de Arte Rupestre e a sede do Parque Arqueológico do Côa. Neste mesmo projecto, constava ainda a intenção de baixar o nível do rio Côa em dez metros, para trazer à luz do dia um conjunto de gravuras rupestres que neste momento estão submersas. Sem dúvida, um projecto muito audacioso.