Esta temporada o Campeonato da Divisão de Honra tem 19 equipas, num modelo que recebeu muitas críticas. Houve ou não flexibilidade da AFVR para um modelo de todos contra todos?
Da nossa parte há sempre flexibilidade para mudar, mas quando temos um regulamento que é proposto pela Associação aprovado pelos clubes, temos de seguir esse regulamento. Poderia ter sido alterado desde que a totalidade dos clubes assim o entendessem. Mas, como não houve unanimidade nesses contactos que fomos fazendo, tivemos de seguir aquilo que está regulamentado.
Os clubes queixam-se que pagam taxas muito altas para inscrição de jogadores. Há alguma possibilidade de as taxas serem reduzidas?
Quem refere isso não tem o mínimo de conhecimento da realidade. Desde 2015 que estas taxas não são alteradas. Os valores que estamos a praticar são os mesmos, contudo, o único agravamento que houve foi no seguro, em que conseguimos negociar esta época um aumento de apenas 35%, um valor abaixo do que a média do país conseguiu, em que se registou um aumento de 70, 80 e até 140%. Foi uma negociação profícua em função do interesse dos clubes.
Quantos praticantes de futebol/futsal há no distrito? Que evolução houve nos últimos anos?
Em 2015 estávamos com cerca de 3.350 atletas, hoje estamos com 4.700. Claro que há outras atividades que não havia em 2015, nomeadamente o futebol de praia, o feminino, o walking football, os veteranos, em que há uma margem de crescimento.
Devido ao aumento de praticantes, os clubes queixam-se de falta de espaços para jogar e treinar. O projeto que irá nascer no Monte da Forca pode vir a ajudar a colmatar estas insuficiências?
O problema das infraestruturas vai ser um desígnio nacional. O poder central terá de investir em mais infraestruturas desportivas e melhorar as que existem e, aqui, os municípios têm tido um papel importante. Tem de haver uma maior articulação com os horários escolares para que todos possam treinar e jogar, já que não podemos olhar só para a centralidade, pois o nosso território é disperso e, por vezes, pela questão dos horários e dos transportes, os atletas acabam por não participar ou fazem-no de uma forma pouco regular.
Como vai funcionar, na prática, a futura Academia de Futebol Distrital que vai nascer no Monte da Forca?
Será uma infraestrutura que não servirá só os interesses da associação, já que todos os clubes do município de Vila Real e do distrito terão a possibilidade de utilizar essas infraestruturas. No entanto, sabemos que haverá um ou outro clube que terá o usufruto de mais horas por necessidades infraestruturais.
A academia será uma realidade, mas o acordo com o município ainda não está totalmente fechado, devido a pormenores que faltam limar, mas acredito que chegaremos a bom porto. Como também estamos numa fase do processo eleitoral e em final de mandato, entendemos que deverá ser a nova direção a assumir um compromisso escrito sobre o projeto. Deve ser a próxima direção a preconizadora do projeto.
Qual será o investimento?
O investimento previsto é de um milhão e 750 mil euros. O projeto já está pronto e prevê a requalificação do relvado e das bancadas do Monte da Forca, a construção de novos balneários, que terão acesso ao campo relvado e ao sintético, que irá crescer lateralmente ao campo relvado. O sintético terá iluminação e umas pequenas bancadas. Ali irá ainda ser construída a nova sede da AFVR.
Já muito se fez por melhorar as infraestruturas nos recintos desportivos, mas ainda faltam alguns campos (Lordelo, Cumieira, Sabroso ou Salto). Haverá novos relvados na próxima época?
Até meados de maio, os dossiês (Lordelo, Cumieira e Sabroso) estarão fechados definitivamente, o que nos traz uma grande satisfação. Mas isto só é possível porque hoje temos uma Federação Portuguesa de Futebol (FPF) que pode colaborar financeiramente com as associações e com os clubes. E os municípios têm aqui uma palavra de ordem para poder melhorar as infraestruturas desportivas.
Há poucos árbitros para tantos jogos. O que pode ser feito para captar os jovens para a arbitragem?
Falta um projeto de recrutamento nacional. Estamos a depender daquilo que é a ação ou a falta dela nos conselhos de arbitragem locais. Ninguém é profissional nesta área e temos de ter planos de ação mais agressivos. Este é o órgão que mais despende do seu tempo e até temos conseguido que vão às escolas fazer ações de sensibilização. Nestes dois últimos anos, aumentamos a base de recrutamento, mas depois é preciso que eles fiquem. Além disso, não haver financiamento para aquilo que é a atividade da arbitragem e isso só seria possível aumentando os valores das taxas aos clubes, que aumentaram de forma residual (2 a 5% no máximo), quando a atividade para um árbitro apitar um jogo é hoje mais cara. Aqui, o que fizemos para diminuir o nosso ónus foi taxar os jogos de futsal que não eram taxados em 2015. Temos de ser o fiel da balança, ou seja, não devemos agravar os custos aos clubes, porque têm dificuldades, mas também não podemos manter os valores que estávamos a pagar inicialmente, sob pena de os árbitros desistirem, se não compensar a sua dedicação à atividade, porque é preciso gostar mesmo, quando falamos de jovens de 18, 20 anos que têm um mundo à volta para descobrir. Mesmo assim, o valor que os clubes pagam para a arbitragem não cobre as despesas, tivemos de investir na arbitragem entre os 30 a 35 mil euros.
Que balanço faz destes nove anos à frente da AFVR?
Em 2015 não pensaria que a nossa equipa de trabalho conseguisse atingir este nível. Conseguimos estar próximos, ouvir os clubes, que precisam de ser acarinhados e estimulados àquilo que é a sua prática diária.
Acredito que os clubes se sentem mais apoiados e estimulados para poderem crescer. A AFVR somos todos e os dirigentes também acompanharam os desafios, que lhes fomos propondo ao longo destes nove anos. No primeiro mandato foi arrumar a casa, no segundo foi trazer as pessoas para dentro, para estarmos mais próximos dos clubes, como a organização da gala, uma forma de valorizar as pessoas e os clubes. Sinto-me plenamente satisfeito por termos trabalhado para as pessoas, sabendo nós que estamos num distrito em que a maioria dos clubes têm dificuldades. Agora, estou empenhado na construção da academia e quando for lançada a primeira pedra, posso dizer que está praticamente o dever cumprido. Acredito que será um momento marcante.
Vai ser candidato nas próximas eleições?
Sim, temos ainda várias ideias para os clubes, a nível da comunicação em que queremos fazer o visionamento de alguns jogos. Iremos criar uma plataforma, com introdução de vídeos, onde toda a gente irá beneficiar com isso. Temos um rumo bem traçado e estamos de peito aberto para receber as críticas.
O que pode prometer aos 47 clubes filiados?
Trabalho e empenho da direção que comando naquilo que é defesa dos clubes fora e dentro de portas. O facto de ter sido eleito como representante das associações junto da FPF também credibiliza aquilo que é o trabalho e a liderança desta associação: Vou continuar a defender com intransigência os clubes do nosso distrito.