Os lares e os centros de dia são locais de risco para a propagação da Covid-19, como se tem verificado um pouco por todo o mundo. No entanto, há muitos exemplos em Portugal de boas práticas que têm evitado mais mortes nas pessoas mais velhas.
Em Alfarela de Jales, no concelho de Vila Pouca de Aguiar, há uma instituição que tem lidado com firmeza perante a pandemia, através de medidas que começaram a ser aplicadas logo a 13 de março, quando o Governo anunciou as restrições em tempo de incerteza sobre a Covid-19.
Apoia atualmente 41 pessoas, 20 em centro de dia e 21 em apoio domiciliário. Quando foram detetados dois utentes infetados, o Centro Social e Comunitário do Planalto de Jales não entrou em pânico e adotou as medidas necessárias para estancar o problema que surgiu na aldeia de Barrela, como nos contou Bárbara Gonçalves, da direção do Centro. “Soubemos que tínhamos dois utentes em apoio domiciliário infetados, mas continuamos a prestar o apoio necessário, não só aos infetados, mas também à irmã e à enfermeira que cuidou deles”.
De imediato, e seguindo as indicações do delegado de saúde do Alto Tâmega, o Centro Social comprou mais 30 marmitas para assegurar a alimentação de forma diferente, como explicou Bárbara Gonçalves. “Não sabíamos quantas mais pessoas poderiam estar infetadas, mas para evitar a propagação da doença, a distribuição na aldeia em causa passou a ser feita apenas uma vez por dia, em que levávamos quatro marmitas a cada utente, de forma a evitar ao máximo o contacto entre as funcionarias e os utentes”, revela, adiantando que foi importante manter a serenidade quando não se sabe muito bem com o que estamos a lidar. “A instituição estava preparada, pois tinha equipamento de proteção individual disponível, doado pela autarquia, proteção civil e farmácia”.
Além disso, as funcionárias que estiveram em contacto mais direto com os infetados foram para quarentena, como é recomendado nestes casos. “Tivemos de chamar uma funcionária que estava de férias e começámos a fazer horário em espelho”, frisa, acrescentando que foi “fundamental a disponibilidade das funcionárias”, que são mães e “têm sempre grandes preocupações em vir a ser contagiadas”.
“Felizmente tem corrido tudo bem”, destaca a também assistente social da instituição aguiarense.
OFERTA DE MÁSCARAS
Nos últimos dias, a direção do Centro Social andou pelas ruas das aldeias da freguesia de Alfarela de Jales a distribuir máscaras pelos idosos e pessoas de risco, que sofram de doenças como a diabetes, doenças oncológicas, cardíacas e respiratórias.
O presidente do Centro, Fernando Gonçalves, sublinhou à VTM que sabendo das dificuldades da população em adquirir máscaras e como a Fundação Ageas doou à instituição cerca de meio milhar de máscaras, a direção decidiu oferece-las às pessoas mais vulneráveis. “Achamos por bem entregar às pessoas de maior risco, oferecendo três máscaras a cada”.
As entregas aconteceram em todas as aldeias da freguesia, como Alfarela de Jales, Moreira, Cidadelhe e Reboredo “Gostaríamos de oferecer a mais gente, mas infelizmente também não temos capacidade para mais”.
POPULAÇÃO AGRADECE
Apesar de sair pouco de casa, Maria Alice padece de uma doença oncológica e agradece o gesto do Centro. “É uma boa iniciativa, porque é difícil encontrar máscaras à venda. É importante que se lembrem de nós, que somos doentes de risco”.
Outra doente oncológica que recebeu as máscaras foi Marina Alves, que está de baixa há cerca de dois meses e também não poupa elogios à direção do Centro. “É uma linda iniciativa, que tenho acompanhado nas redes sociais”, refere, adiantando que está ansiosa para voltar ao trabalho. “Já estou cansada de estar em casa. Ainda agora fui dar de comer às galinhas, mas estar tanto tempo sem sair é difícil, espero que isto passe rápido para voltar ao trabalho”.
Este é apenas um exemplo do bom trabalho que as instituições que apoiam os idosos e os mais vulneráveis estão a fazer para continuar a sua missão.
Fernando Gonçalves
Presidente do Centro
"Tivemos uma oferta e decidimos fazer esta distribuição, uma vez que os idosos são a população mais desprotegida e necessitada”
Mariana Alves
Doente de risco
"Sinto medo do vírus e já estou quase há dois meses em casa sem trabalhar. Agradeço este lindo gesto ao Centro”
Maria Alice
Doente de risco
"É uma boa iniciativa, porque é difícil encontrar máscaras à venda e é importante que se lembrem de nós”