Sem aulas presenciais, as escolas foram obrigadas a improvisar. Os professores continuam a lecionar e os alunos continuam a aprender… a partir de casa. Uma das muitas vantagens que as novas tecnologias trouxeram.
Os próximos dias são de descanso com as férias da Páscoa, mas o Ministério da Educação está a estudar uma solução para que, no 3º período, sejam dados os conteúdos programáticos, uma vez que as escolas continuarão encerradas com o prolongamento do estado de emergência no país.
O Ministério da Educação está a pedir para se fazer um levantamento, de todos os alunos que não têm equipamento e acesso à internet, para tentar resolver o problema”, explicou, Joaquim Tomaz, diretor do Agrupamento de Escolas Dr. Júlio Martins, em Chaves, onde, dos cerca de 2100 alunos, 300 já foram identificados como não tendo acesso às novas tecnologias.
“Estamos a tentar ver como vamos chegar àqueles que não têm computador nem internet, isso é o que vai ser mais difícil. Possivelmente, vamos disponibilizar-lhes alguns equipamentos, como os antigos Magalhães, ou outras ferramentas, de forma a conseguirmos chegar a todos eles, porque antes de maio dificilmente teremos aulas presenciais”, referiu o professor.
Neste momento, decorrem, online, as reuniões de avaliação do 2º período que terminou duas semanas antes do previsto. Apesar da repentina suspensão das atividades letivas, o trabalho dos professores e alunos do Agrupamento Dr. Júlio Martins não parou. “Não deixaram de trabalhar. Assim que se soube do encerramento das escolas, diretores de turma e professores deram orientações aos seus alunos para continuarem com os seus estudos. Nós já utilizamos uma plataforma na escola, a Moodle, onde são partilhadas atividades para que, em casa, os estudantes, possam realizar. Os que não tem acesso à internet levaram logo tarefas para fazer e houve um professor do 1º ciclo que foi às aldeias contactar os presidentes de junta para deixar material aos seus alunos”, referiu Joaquim Tomaz.
O diretor da escola diz que o 3º período “ainda é uma incógnita”, mas acredita que, apesar do prejuízo para os alunos, principalmente aqueles em fim de ciclo, esta situação poderá ser “enriquecedora” e vai permitir “ver a escola de outra forma”.
ESCOLA DE REFERÊNCIA
Para além de manter a vertente pedagógica, a Escola Dr. Júlio Martins, sede de Agrupamento, é um dos estabelecimentos de ensino referenciados pelo Ministério da Educação para o serviço de refeições e acolhimento de filhos de profissionais de saúde. “Para já ainda não estamos a receber alunos, mas os pais com dificuldades económicas que precisem de refeição para os seus filhos, podem contactar a escola que nós continuamos a fornecê-las”.
Telescola
No início da década de 70, a reforma do ensino ditou o alargamento da escolaridade obrigatória para oito anos. Nos casos em que não fosse possível proporcionar ensino direto aos alunos este podia ser substituído pela telescola.
Na década de 80, com a chegada dos videogravadores, a telescola deixou de ser transmitida pela televisão, libertando assim essas horas para outros programas. Os conteúdos apresentados nas videocassetes tinham um complemento de informação prestado por um tutor.
Já na década de 90, o recurso às novas tecnologias e ao multimédia levou a que o ensino à distância passasse a funcionar em simultâneo como forma complementar do ensino regular e como modalidade alternativa da educação escolar.
Nesta altura, já se dirigia principalmente a quem não se encontrasse na idade normal de frequência da escola.
Ao longo dos anos, a telescola foi mudando a sua designação do inicial Curso Unificado Telescola, para Ciclo Preparatório TV e Ensino Básico Mediatizado (EBM).
Em julho de 2003 foi anunciado que a partir do ano letivo 2003/2004 iriam começar a ser extintas as escolas do EBM, na altura cerca de 320, dedicadas ao ensino do 5.º e 6.º anos. Em 2001/2002 havia cerca de 5200 alunos inscritos em EBM, com uma taxa de sucesso na ordem dos 90 por cento.