Muitos portugueses não conheciam o jogo de râguebi, mas, felizmente, passaram a gostar dos rapazes conhecidos por “lobos” que, sendo os únicos amadores em prova, no Campeonato Mundial, cantaram o hino, como ninguém. O amor à camisola e aos símbolos do país fizeram sentir, em muitos de nós, coisas antigas e maravilhosas que, há muito tempo, não se viam. Até os estrangeiros pasmaram e elogiaram a sua força, alma e fervor patriótico à honra lusitana.
Felizmente, tenho o privilégio de ter, como Amigos, os 30 eleitos por Tomaz Morais. O jogador com mais internacionalizações, Joaquim Ferreira – “Xixa” que defrontei, em vários jogos, e com quem tive a oportunidade de jogar e conviver em jogos das selecções regionais; o jogador mais pesado do Mundial, Rui Cordeiro – “Panêlo” que tive a oportunidade de recrutar, como caloiro do curso de Veterinária da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Por cá se iniciou e se formou, na modalidade, como atleta e, também, como “lobo do Marão”, na “experiente e exigente equipa de Râguebi da AAUTAD. Como treinador, colega de equipa e amigo do Rui, sempre acreditei nas suas potencialidades e o incentivei, para que soubesse esperar e estar onde, merecidamente, está. Gonçalo Malheiro que tive a oportunidade de liderar como ex-capitão – “Bombadas” como só ele, rapidamente, me rebaptizou, na selecção regional Norte/Centro. Marcelo d´Orey – como forte adversário e, também, como companheiro, com o qual tive “acesas” disputas pela “nossa” forma de estar e encarar qualquer que fosse o treino ou competição. Os restantes “lobos” os tive alguns como “adversários” e outros como colegas, nos poucos treinos que ainda tive a oportunidade de realizar, pela Selecção. Por opção pessoal, abdiquei de até poder ter tido a oportunidade de estar em campo. Não abdiquei de estar presente, neste Mundial, bem como nunca irei abdicar de estar, como sempre estive, no Râguebi.
À participação honrosa e sentida em todos os jogos de Râguebi, disputados pelos “lobos”, eu digo SIM. Porque: I) Fui jogador e treinador de Râguebi; II) Conheço bem a realidade do jogo; III) Tenho habilitações profissionais e académicas na área do Desporto; IV) Estudo, no âmbito científico, a modalidade, IV) Todos os dias escrevo, “religiosamente”, a palavra Râguebi, no meu computador.
Às falhas, esquecimentos, dificuldades, impedimentos; orçamentos e pela “ausência” de apoios eu digo NÃO. Porque: I) Até tenho “conhecimentos” das exigências financeiras e dos acordos comerciais que a transmissão dos jogos de râguebi de um Campeonato do Mundo pode custar. Agora não ter oportunidade de ver a presença dos “lobos” em jogos tão importantes para a modalidade em canal aberto. II) Falta de recursos e de incentivos políticos, institucionais e financeiros III) Falta de “orientações” desportivas IV) Falta de quase TUDO.
Não interessam os números dos resultados, se tudo o que “vimos” e “sentimos” foi honroso e digno, por parte dos “lobos”. Ah! A todos aqueles que se têm esquecido de muitas das modalidades desportivas do nosso país, lembrem-se que isto não nos permite crescer. Portugal pode vencer, basta querermos … todos. Palavras sábias de quem tem como compromisso nunca desistir. Com a certeza e a coragem de continuar a trabalhar e a estudar para que possamos crescer, termino com o merecido reconhecimento da participação corajosa, digna e honrosa dos “lobos“ e com uma frase que muitos não conhecem mas foi a escolhida pelo capitão da selecção, Vasco Uva, para ilustrar o espírito dos “lobos”:
“Na vida, como no Râguebi, se perdem um jogo perdem pouco, se perdem a honra perdem muito, mas se perdem a coragem perdem tudo”.
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