Terça-feira, 10 de Dezembro de 2024
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Polémicas à parte, Vila Real voltou a fazer vibrar pilotos e espectadores

A Federação deixou a garantia de que em 2011 não haverá corridas se não houver um novo Paddock, no entanto, organização, autarquia e pilotos estão confiantes de que se irá realizar o 44º circuito. Mais, se este ano o programa ao nível desportivo foi menos ambicioso, espera-se que o ano do 80º aniversário das corridas venha a consolidar o evento que, mais uma vez, trouxe vários milhares de pessoas à capital de distrito transmontana.

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“A direcção da Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK) decidiu não voltar a autorizar, após 2010, qualquer outra competição no Circuito de Vila Real, sem que estejam garantidas e devidamente implementadas as condições mínimas exigíveis para a sua efectivação, no que concerne ao ‘Paddock’ técnico e à relocalização das áreas de Direcção da Prova”, garantiu a federação num comunicado que, emitido dois dias antes das corridas, veio ensombrar o 43º Circuito Automóvel de Vila Real que, nos dias 19 e 20, trouxe, mais uma vez, a adrenalina da velocidade aos 4,6 quilómetros de percurso.

O documento foi divulgado na página da internet da FPAK e deixa bem claro que “será a edição 2010, definitivamente, a última que se realizará sem que existam as condições exigíveis no que se refere ao Paddock técnico”. No documento, a direcção da federação recorda inclusivamente o compromisso assumido pela autarquia, em Maio do ano passado, no sentido de “envidar todos os esforços” para garantir a criação daquele espaço já para a edição deste ano das corridas, o que acabou por não acontecer.

Recordando “as gravosas e indesejáveis situações verificadas na edição disputada em 2009” e alegando mesmo que, a par com a crise económica vivida a nível nacional, a inexistência do novo “Paddock” foi “um dos mais fortes motivos para justificar a redução do número de pilotos desta edição, 76, contra os 183 concorrentes inscritos em 2008 e os 121 que competiram em 2009.

Apesar da “Câmara Municipal de Vila Real ter efectuado um excelente e reconhecido trabalho no que concerne às estruturas de segurança da pista e ao traçado do circuito propriamente dito, o qual é do agrado geral de todos os pilotos, será pois a edição 2010, definitivamente a última que se realizará sem que existam as condições exigíveis no que se refere ao “Paddock técnico”, reforça a Federação.

No mesmo comunicado justifica-se ainda a imprescindibilidade de umas novas boxes, lembrando que estas permitirão a eliminação “da indesejável ‘chicane’ no final da recta de Mateus, que anualmente vem sendo motivo de permanentes conflitos e de prejuízos materiais sérios nas viaturas dos diferentes participantes”.

Menos preocupados com a construção ou não do Paddock estão os pilotos que, no final das corridas, em declarações ao Nosso Jornal, defenderam ‘com unhas e dentes’ o mítico circuito. “O Paddock é necessário mais para as provas internacionais, porque as equipas precisam de mais espaço”, explicou Pedro Salvador, piloto de 32 anos que mais um vez subiu ao pódio vila-realense, ao vencer a prova da Taça de Portugal GT e SP, e confirmando ainda o seu recorde enquanto detentor da volta mais rápida ao circuito.

O piloto flaviense defende mesmo que o novo Paddock vai afastar o público das equipas, dos carros. “Entendo que as vantagens sejam mais que as desvantagens, mas há uma característica única que eu penso que se irá perder, que passa pela proximidade das pessoas aos pilotos”, referiu Pedro Salvador, sublinhando que prefere “ter o dobro do trabalho, ter que ultrapassar mais dificuldades, e ter muito mais gente na assistência”, porque é o retorno que o faz participar nas provas, pois “é isso que os parceiros e patrocinadores querem, que as pessoas vejam as suas marcas”.

Discordando com a alegação da Federação de que a prova de Vila Real terá contado com menos pilotos também graças à inexistência do prometido Paddock, Pedro Salvador explicou que a redução no número de inscritos deveu-se ao facto de nenhuma das corridas ter contado para os campeonatos nacionais. “Num ano de crise não faz sentido participar numa prova que não conta para o campeonato, que é secundária”, defendeu.

O piloto confirmou ainda o “boicote” de mais de uma dezena de pilotos que disputam o Campeonato e a Taça de Portugal de GT e Sport Protótipos devido à deliberação, por parte da Federação, da obrigatoriedade de utilização de uma determinada marca de pneus nas duas competições. “Estou solidário com os meus colegas”, garantiu Pedro Salvador.

Paulo Costa, da Global Sport, empresa parceira na organização das corridas, criticou veemente a tomada de posição de FPAK, classificando mesmo como um “desrespeito” para com Vila Real. “Causou-nos tristeza”, testemunhou o mesmo responsável, referindo que a organização “não merecia” o comunicado exactamente a dois dias das corridas, “numa altura em que tudo estava a ser feito para garantir a dignidade do evento”.

“Não temos apoio do Turismo do Portugal, do Instituto do Desporto, da Comissão de Coordenação de Desenvolvimento da Região Norte. Só podemos contar com o apoio dos patrocinadores dos pilotos e da população”.

Relativamente à próxima edição, Paulo Costa não só se mostrou convicto sobre a sua realização, como está certo da sua afirmação a nível nacional e internacional. “Vila Real é realmente um circuito mítico que vai completar 80 anos de história em 2011. Vamos fazer uma grande festa, com muitas novidades”, avançou.

De recordar que, relativamente ao Paddock, Manuel Martins, presidente da Câmara Municipal de Vila Real, disse recentemente que até ao final do ano as novas boxes estarão a ser construídas. O autarca explicou que a criação da infra-estrutura não foi possível nesta edição das corridas por se tratar de um projecto que envolve privados. Até o final de Junho será entregue na Câmara um projecto provisório, sendo depois estabelecido um acordo entre a autarquia e o construtor privado que permitirá o usufruto de um espaço que irá assim custar “zero euros” ao erário público.

“Faço um balanço muito positivo. Afinal não é preciso haver listas muito compostas de pilotos para haver boas corridas, mas é claro que gostaríamos de ter mais inscritos”, sublinhou Jorge Fonseca, presidente do CAVR, quando os últimos motores ainda roncavam no circuito vila-realense.

Sem comentar muito a questão do Paddock, sobre a qual apenas referiu tratar-se de uma questão que tem que ser resolvida entre a Câmara e a Federação, o presidente do Clube Automóvel mostrou-se mais incomodado com a ausência de pilotos devido à obrigatoriedade de utilização de uma marca específica de pneus. “Essa polémica já vem de há dois meses. Vila Real apanhou por tabela por ter sido a primeira prova em que a regra se cumpriu. Se esses pilotos tivessem vindo, nós teríamos a melhor lista de inscritos nos circuitos este ano”, lamentou.

“Aproveito para deixar um pedido ao Presidente da Federação: que não corra o risco de acabar com o circuito de Vila Real, porque estará a cavar a sepultura de outros circuitos, como o da Boavista, e a assinar o fim da maioria das equipas dos clássicos”, garantiu Luís Barros, poucos minutos depois de ter sentido na pele a adrenalina de vencer o Classificação Taça de Portugal de Clássicos Circuito.

No que diz respeito aos resultados desportivos, além de Luís Barros e Pedro Salvador, também José Monroy saiu vencedor, em Vila Real, ao ser o primeiro a cruzar a meta da Taça de Portugal Circuitos. O grande vencedor foi mesmo Rui Azevedo que venceu quatro corridas, duas do Ford Transit Trophy e duas da Taça de Portugal de Clássicos 1300 de Circuitos.

Ao nível da segurança, o 43º Circuito de Vila Real, que decorreu sem incidentes de maior, contou com o empenho de sete corporações de bombeiros, num total de 129 elementos e 26 veículos, por dia, espalhados por 30 postos fixos e 8 postos móveis, compostos por veículos de Combate a Incêndios, veículos de Socorro e Salvamento e Ambulâncias, com capacidade para se movimentarem por todo o circuito.

 

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