Desde 2009, de acordo com o Global Trade Alert, registam-se mais de 66 mil intervenções nas políticas comerciais a nível mundial, sendo que destas, 85% (56 mil) têm carácter protecionista e de limitação do comércio internacional. Apenas 15% (10 mil) têm carácter de liberalização e de abertura dos mercados.
Nos últimos anos, desde 2020, o cenário agravou-se ainda mais, com as intervenções nas políticas comerciais de carácter protecionista a dispararem. Nestes últimos quatro anos, o número de intervenções anuais com esse carácter variou entre as 5 mil e as 6 mil, sendo que nos anos anteriores se ficava em valores próximos das 3 mil. Também se verificou um aumento do número de intervenções anuais com carácter de liberalização, mas estas continuam a ser muito menos do que as intervenções protecionistas (ligeiramente acima das mil intervenções nos últimos dois anos).
Mais de metade das intervenções protecionistas nas políticas comerciais estão relacionadas com subsídios (excluindo subsídios à exportação), seguindo-se as medidas relacionadas com as exportações, medidas relacionadas com investimento comercial e as tarifas.
Os três principais blocos comerciais a nível mundial (EUA, UE e China) são os que mais políticas comerciais protecionistas têm implementado, desde 2009. As guerras comerciais dos EUA e da UE com a China e as sanções aplicadas, sobretudo pela UE, à Rússia, na sequência da invasão da Ucrânia, explicam esta realidade. E também ajudam a perceber o motivo deste tipo de intervenções ter aumentado bastante nos últimos quatro anos.
A recente eleição de Donald Trump para Presidente dos EUA poderá intensificar este protecionismo, de acordo com as suas promessas eleitorais. O mundo poderá ficar mais fechado, retrocedendo parcialmente os efeitos da globalização.