A Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte enviou técnicos ao terreno para fazerem um levantamento dos danos causados por trovoadas acompanhadas de granizo, durante o fim de semana.
A cultura de pêssego é a mais significativa no vale e a mais afetada, com cerca de 120 hectares de pomares próximos da perda total da produção, como afirmou à Lusa Fernando Brás, presidente da Associação de Regantes do Vale da Vilariça.
Segundo o dirigente, há também pelo menos 30 hectares de cereja com prejuízos, de acordo com o levantamento feito com a direção regional.
Fernando Brás indicou que ocorreram também prejuízos em vinhas e em plantações hortícolas, cujo levantamento ainda está a ser feito.
Segundo dados avançados pelo presidente da associação, nos 120 hectares de pêssego afetados a produção média é de 4.800 toneladas de fruto, o que equivale a cerca de 1,5 milhões de euros para os produtores.
Do contacto que mantiveram com a direção regional, ficou a perspetiva de que os agricultores que não tiverem seguros não terão garantida ajuda, já que os prejuízos são na produção e os apoios estatais existentes destinam-se a danos no chamado potencial produtivo, ou seja plantas, árvores e outras infraestruturas.
O presidente da Associação de Regantes espera que o Governo olhe para estes produtores e encontre medidas para os apoiar, nomeadamente ponderando a declaração de estado de calamidade para esta zona específica.
Pede também atenção para os agricultores que fizeram novos investimentos agrícolas com candidaturas a fundos comunitários que ainda não receberam, apesar de já terem executado os investimentos.
Fernando Brás defende que terá também de ser encontrada uma solução para os pequenos agricultores e produtores.
Um dos produtores afetados, Gil Freixo, deu conta à Lusa da “gravidade” da situação com que se deparou nos 60 hectares de pessegueiros que tem naquele que é considerado dos vales mais férteis de Trás-os-Montes.
Gil Freixo apanha, em média “600 a 800 toneladas” de pêssego por ano que vende a grossistas e agora tem que esperar para ver “se o mercado vai aceitar” o fruto com as marcas da intempérie.
Primeiro, como explicou, ele e outros produtores afetados, vão aguardar “cerca de uma semana” para perceber se o tratamento imediato que aplicaram para o fruto “cicatrizar” dá ou não resultado.
Se o tratamento não apagar as marcas deixadas pelo granizo, teme “perda total da produção”, o que terá “um impacto grande” na economia desta zona.
Para já, este produtor vai manter as 30 pessoas que tem a trabalhar permanentemente nos pomares.