Há 142 anos instalada em Portugal, a Cruz Vermelha Portuguesa mostrou-se à população transmontana, não só revelando as suas várias facetas e serviços, mas, também, debatendo as grandes preocupações, a nível mundial, no que diz respeito a catástrofes naturais e emergências e comprovando as suas capacidades humanas e materiais, durante o simulacro da “explosão” de uma escola que provocou mais de uma dezena de “vítimas”.
“Juntos, podemos fazer mais e melhor”. Esta foi a mensagem, deixada pelo Secretário de Estado da Defesa Nacional e dos Assuntos do Mar, João Mira Gomes, que, no dia 4, durante a sessão de encerramento das comemorações do aniversário da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP), reafirmou o apoio do Ministério da Defesa Nacional à entidade que, há 142 anos, está implementada no nosso país.
Durante a cerimónia de encerramento de um fim-de-semana repleto de actividades, Luís Barbosa, Presidente da CVP, pediu para que o Secretário de Estado, bem como o Chefe da Casa Civil do Presidente da República, José Liberato, sirvam de “intérpretes”, junto do Estado, da necessidade de articular os esforços das várias entidades e organizações, para que se possam organizar, de modo a que, em caso de necessidade, por exemplo ao nível de catástrofes, o país consiga dar resposta mais eficaz, no socorro.
“Temos que pensar de forma articulada e optimizar os recursos disponíveis”, sublinhou o dirigente nacional da Cruz Vermelha.
E foi exactamente a necessidade para preparar cenários de tragédias e reflectir sobre a forma como em Portugal se está preparado, para as enfrentar, que, no âmbito da programação das comemorações, foi realizada uma conferência, na qual foram destacados temas como a gripe das aves, as alterações climáticas e exemplos de actuações (exemplo do Tsunami que varreu a costa asiática, em 2006, e os atentados terroristas, em Madrid).
“Ausência de planos de controlo, inexistência ou deficiente execução de treinos e acções de formação, falta de educação cívica e de informação e sensibilização das comunidades”, foram alguns dos factores determinantes da vulnerabilidade de Portugal perante os riscos de catástrofe e emergência, identificados, no encontro, por Henrique Perez Brandão, assessor da Direcção Nacional da CVP.
Relativamente à gripe das aves, sublinhou-se a importância de entrar numa fase de planeamento: “É preciso conhecer a fundo e analisar a situação, rapidamente, para poder encarar as fases seguintes. Ou se tomam medidas urgentes ou poderá ser tarde, para evitar uma pandemia, à escala global”, advertiu Donato Ramos, coordenador da área de emergência da organização, em Portugal.
A capacidade de organização e logística da CVP foi demonstrada, à população vila-realense, através da realização de um simulacro de derrocada e explosão de uma escola e de parte de habitação, do qual resultou um cenário de emergência, com mais de 50 pessoas envolvidas.
Nem a chuva que se fazia sentir demoveu os presentes de testemunhar os voluntários, socorristas, enfermeiros e bombeiros da Cruz Vermelha a socorrerem as “vítimas”, por entre os “escombros” de cartão.
Da programação das comemorações, destaca-se, ainda, a exposição que esteve patente, no pavilhão do NERVIR, onde estiveram representadas as várias delegações, núcleos e serviços da Cruz Vermelha de todo o território nacional.
A Cruz Vermelha, fundada por iniciativa de Jean Henri Dunan, em 1863, é uma entidade internacional, sem fins lucrativos, visando defender e amparar as vítimas de guerras e catástrofes naturais, estando presente, há 142 anos, em Portugal, e há 91 anos, em Vila Real.
Maria Meireles