Com o relvado do Monte da Forca em péssimo estado para a prática de futebol, os donos da casa voltaram ao seu esquema habitual, mas com André Azevedo mais destacado na frente na luta directa com os centrais ateienses. Mesmo assim, os visitados sentiram muitas dificuldades para explanar o seu futebol, já que o adversário fechou bem os caminhos para a sua baliza e não descorou o contra-ataque, onde André e Zé Russo deram algumas dores de cabeça aos defensores vila–realenses. Por isso, não foi de estranhar o golo madrugador de André, aos 5’. Numa rápida jogada do Atei pelo lado esquerdo, onde o veloz Zé Russo colocou a bola em André que, perante a saída de Pedro, não teve dificuldade em bater o guarda-redes da casa. O golo veio destabilizar a equipa visitada que não conseguia criar perigo para a baliza de Filipe e perdiam várias bolas no centro do terreno, dadas as condições do campo no Monte da Forca. Bem organizados defensivamente, os forasteiros iam mantendo a bola longe da sua área, mas quando o Vila Real colocava velocidade no seu jogo, criava outras dificuldades para a defesa visitante. Aos 25’, Mico faz um excelente trabalho na esquerda e já dentro da área, coloca em Leandro que remata de cabeça, mas a bola sai a rasar a quina da baliza à guarda de Filipe. Volvidos 10 minutos, o Vila Real vai dispor de uma excelente oportunidade para chegar à igualdade. Bessa faz o cruzamento, a bola fica em Fredy que remata para a baliza, mas a bola bate nas costas de Guicho, que ainda não deve saber como deteve o potente remate do central vila-realense. Felicidade para a equipa do Atei que ia conseguindo segurar a magra vantagem alcançada nos primeiros minutos do jogo. Já perto do intervalo, aos 44’, André Lisboa, à entrada da área, remata forte, mas a bola bate com estrondo na barra. Pouco depois, o árbitro dá por concluído o primeiro tempo.
No descanso, Carlos Felisberto teve que pedir paciência e mais velocidade à sua equipa para tentar inverter o resultado desfavorável. Curiosamente, no reatar da partida, foi de novo o Atei a criar perigo para a baliza de Pedro. Francis não consegue fazer o corte, Zé Russo fica em boa posição, mas o remate saiu ao lado. A partir daqui, os alvi-negros carregaram no acelerador e foram à procura do prejuízo. Até que, aos 55’, André Azevedo vai chegar à igualdade, num remate cruzado sem qualquer hipótese para Filipe, que ainda se lançou à bola, mas esta levava selo de golo. Dois minutos mais tarde, numa boa arrancada de Bessa, este serve Azevedo que se antecipa e remata ao poste. Mais uma perdida incrível dos vila- -realenses. Mas, adivinhava-se o golo, já que o Vila Real impôs um ritmo muito forte, sem deixar respirar a defensiva contrária. Eis que aos 58’ vai aparecer o segundo golo dos visitados. André Lisboa faz a abertura para Castanha que amorteceu para Shuster encher o pé e fazer um grande golo, que o Vila Real já justificava pela avalanche ofensiva que estava a produzir nesta segunda metade. Os homens da casa ainda tiveram mais algumas oportunidades para aumentar a vantagem, mas faltou eficácia no último remate.
Nos minutos finais, o Atei ainda tentou incomodar a baliza de Pedro, mas não teve capacidade para chegar ao empate. A vitória do Vila Real é merecida, perante um Atei que deu luta, mas foi incapaz de se superiorizar a um adversário mais forte. A equipa de arbitragem cometeu alguns erros, principalmente a nível disciplinar, onde começou por dar um critério largo e depois teve dificuldade em controlar a partida.
CARLOS FELISBERTO, treinador do Vila Real
“Provavelmente é desta fibra que se fazem os campeões”
O técnico alvi-negro ficou satisfeito com a vitória nesta época natalícia, já que os seus jogadores souberam contornar as dificuldades impostas pelo adversário.
“Foi um jogo bastante difícil, mas conseguimos vencer com todo o mérito. Começamos praticamente a perder, num piso adverso para as duas equipas, mas para a equipa que tem obrigação de construir, com ataques organizados, com a bola junto à relva, é sempre mais difícil desmobilizar o adversário. O Atei jogou sempre em bloco baixo, com uma grande densidade de jogadores atrás da linha da bola e isso dificultou a nossa tarefa. Mas, mesmo estando a perder, conseguimos criar inúmeras situações para marcar, mas pecamos na finalização. Ao intervalo referi que seria uma questão de tempo para chegarmos ao golo, já que a equipa estava com uma atitude muito boa e queria dar a volta a um contexto adverso. Os golos acabaram por surgir na segunda parte, mas poderíamos ter feito pelo menos mais um golo que iria trazer mais tranquilidade à equipa. Mesmo assim, dominamos e mostramos capacidade para dar a volta. A equipa procurou sempre os três pontos e provavelmente é desta fibra que se fazem os campeões”.
Carlos Felisberto salientou ainda as dificuldades que tem sentido para preparar os jogos do Vila Real. “Temos optado por trabalhar aqui no Monte da Forca para não perder qualidade e intensidade de treino. Já tivemos de alterar bastantes vezes a unidade de treino em função do piso. Sabemos que ao domingo encontramos o campo extremamente desgastado e que não oferece condições para a prática de um bom espectáculo. O prejuízo é sempre para a equipa que tem como missão construir e ser mais organizada no processo ofensivo, mas não temos alternativas”.
CARLOS SILVA, treinador do Atei
“O Vila Real acabou por ganhar bem”
No final do encontro, o técnico Carlos Silva ficou conformado com o resultado negativo, mas sublinhou a boa postura dos seus jogadores.
“O Vila Real acabou por ganhar bem, já que teve mais oportunidades e foi mais forte que a nossa equipa. Os meus jogadores bateram-se bem, fizeram um bom jogo num relvado muito fraco, em péssimas condições para jogar futebol, mas estivemos muito bem. Quero dar os parabéns à minha equipa e também ao Vila Real que foi um vencedor justo. O Atei espera para o novo ano jogar sempre com o objectivo de vencer todos os jogos, independentemente do adversário. Mas, o nosso objectivo é apenas a manutenção”.
FICHA TÉCNICA
Jogo disputado no Complexo Desportivo do Monte da Forca.
Árbitro: Vítor Silva
Auxiliares: Tiago Mota e Rui Rebelo
VILA REAL – Pedro, Bessa, Francis (Peixoto, 60’), Ernesto, Nuno Fredy, André Lisboa (Norberto, 75’), Castanha, Mico, Leandro (Luís Alves, 84’), Shuster, André Azevedo.
Suplentes não utilizados: Ivo, Mica, Miguel e Diogo.
Treinador: Carlos Felisberto
ATEI – Filipe, Guima, Abílio, Zé Carlos, Roberto, Fintas (Nuno, 76’), Nandinho, Óscar, Guicho (Brandão, 65’), André (Rómulo, 84’), Zé Russo.
Suplentes não utilizados: Tiago, Pedro e Carvalho.
Treinador: Carlos Silva
Ao intervalo: 0 – 1
Cartões Amarelos: Guicho (26’), Francis (26’), Óscar (27’), André Lisboa (29’), Shuster (40’), Zé Carlos (45’), Luís Alves (86’), Roberto (88’), Bessa (90’) Pedro, (92’), Zé Russo (93’), Castanha (94’).
Marcadores: André (5’), André Azevedo (55’), Shuster (58’).