Seguindo a abordagem dos gabinetes estatísticos europeus, este limiar de pobreza, ou “linha de pobreza” (numa tradução literal do inglês “poverty line”), consiste em 60% da mediana do rendimento disponível equivalente. Ou seja, quem tem um rendimento igual a 60% da mediana, ou inferior, é considerado pobre. Desta forma, esta métrica é relativa (e não absoluta), já que varia com o tempo – consoante a evolução dos rendimentos – e com o país – porque os rendimentos medianos não são iguais em todos os países. Assim, ser pobre em Portugal é, estatisticamente (e de acordo com esta métrica), muito diferente de ser pobre na Suécia ou na Bulgária.
De acordo com o INE, o rendimento mediano equivalente líquido em Portugal é de 11.014€ anuais (dados de 2021), pelo que o limiar da pobreza fixa-se em 60% deste valor, ou seja, cerca de 6.700€ euros anuais. No entanto, em paridade de poderes de compra (isto é, expurgando o efeito da diferença no custo de vida de cada país), alguém com um rendimento equivalente ao rendimento mediano português seria considerado pobre em 6 países da UE, uma vez que esse valor é inferior a 60% da mediana do rendimento disponível equivalente nesses países (o limiar da pobreza). Esses países são: Luxemburgo, Países Baixos, Áustria, Alemanha, Dinamarca e Bélgica. Ser pobre nesses 6 países é o equivalente à classe média (ou média-baixa) em Portugal.
A conclusão apresentada no parágrafo anterior torna bastante claro os baixíssimos rendimentos de Portugal na União Europeia e é, por si só, um fator justificativo da vaga de emigração de jovens qualificados portugueses à procura de melhores salários.
Nota: O rendimento disponível equivalente líquido agrega os rendimentos do agregado familiar provenientes de trabalho, de capital, propriedade, pensões e outras transferências sociais, após a dedução de impostos e contribuições sociais. Estes rendimentos são depois divididos por cada membro do agregado, em termos de adulto equivalente (cada membro da família tem um peso diferente).