Num ano normal, estariam a decorrer por todo o país ações de sensibilização promovidas pelas comissões de proteção de crianças e jovens e/ou pelos Núcleos de Apoio às Crianças e Jovens em Risco. Ações estas que visavam sensibilizar as comunidades e o país para a necessidade de cuidar dos mais novos. Pretendia-se agitar a consciência da comunidade e da sociedade em geral e, num esforço coletivo, combater práticas violentas, sejam maus tratos físicos ou psicológicos. Nós, porém, não estamos num ano normal. Muito longe disso. Estamos no ano da pandemia da Covid-19. Num ano em que nos encontramos todos em isolamento social confinados a um espaço habitacional. As idas ao centro de saúde estão limitadas ao estritamente necessário. As escolas e as creches estão fechadas. E as crianças estão em casa. Com a família. Com os pais. Há muitos dias. Casas, algumas com poucos metros quadrados. Algumas até sem varandas. Longe dos olhares dos profissionais de saúde e dos educadores e dos professores. E é este contexto que é particularmente preocupante. É que esta situação de confinamento domiciliário pode aumentar o risco para as crianças mais desprotegidas.
E nós, os portugueses, neste momento tão difícil que estamos a atravessar, temos dado provas de uma solidariedade imensa, de um amor enorme, demonstrando que quando somos chamados, estamos lá para ajudar!
Assim, este é mais um apelo à sociedade, aos vizinhos, aos que estão próximos. Estarem atentos àqueles que, mesmo dando o seu melhor, estão mais frágeis, podendo carecer de condições para cuidar de forma saudável. É importante não ficar indiferente com o que se passa ao lado.
Existem nas nossas localidades mecanismos de denúncia das situações que podem e devem ser usadas: PSP, GNR, CPCJ, Serviços de Saúde, Ministério Público…
O importante é contribuir para uma sociedade cuidadora e protetora dos mais pequenos, dos mais vulneráveis, daqueles que amanhã serão nossos cuidadores.