“Quisemos que o Alboroço fosse um ciclo desafiador de programação por acreditarmos na capacidade destes públicos em abraçar o novo ou a criação contemporânea, mas mais do que isso, sabíamos que esta era uma oportunidade de cruzar olhares outrora distantes, tão distantes quanto a geografia e o momento que empurram o interior para o seu interior”, afirma Nélson Lopes, sócio-gerente da Agência 3, organizadora do programa.
A pandemia da Covid-19 levou à paralisação de praticamente todo o setor cultural, deixando numa situação de grande vulnerabilidade artistas, estruturas culturais, técnicos independentes e muitos outros agentes das artes e do espetáculo.
Durante o último ano e meio, vários territórios ficaram sem grande oferta cultural disponível, especialmente aqueles que, em tempos de normalidade, já sofriam com a falta dessas mesmas dinâmicas de programação. Sem as romarias e os típicos arraiais de verão, sem as tradicionais festas de inverno, o silêncio tomou conta das aldeias do nordeste transmontano.
Foi neste contexto adverso que Nélson Lopes percebeu uma oportunidade. “Para podermos dar continuidade à nossa atividade teríamos que nos reinventar e encontrar soluções que dessem resposta aos desafios colocados pelas restrições impostas”, sublinha.
De uma conversa informal com Pedro Cepeda, da agência Transmute, e João Carvalho , da Wemedia, surgiu a ideia da criação de um projeto que tivesse em consideração a democratização do acesso à cultura, que fosse fonte instigadora de novas reflexões sobre os territórios rurais do interior e que inspirasse releituras acerca da relação das comunidades com o espaço público, com o património e com a arte. Estavam lançadas as bases para a criação do “Alboroço” – Cultura em Circulação da Terra de Miranda.
“Após as primeiras sete apresentações, o balanço não podia ser mais positivo. Apesar do uso de máscaras não nos permitir ver os sorrisos, temo-los sentido através do olhar das pessoas que têm feito parte deste Alboroço e que nos têm dado conta da importância deste projeto para esbater o isolamento que a pandemia tem provocado nas aldeias”, garante Nélson Lopes.
O Alboroço está de regresso no dia 26 de julho, em Sendim, com um concerto influenciado pela música clássica e jazzística de UniVersus Ensemble. “Nuvem Voadora”, “Companhia Absurda”, “Boca de Cão” e “Ciranda” fazem também parte do programa que tem o seu epílogo em Miranda do Douro, no dia 4 de setembro, com um concerto do cantautor português JP Simões.
Alboroço – Cultura em Circulação na Terra de Miranda é um projeto promovido pela Agência 3 em colaboração com a Transmute e a Wemedia. Conta com o apoio do Ministério da Cultura e do Fundo de Fomento Cultural, no âmbito do programa Garantir Cultura, conta ainda com o apoio da Juntas de Freguesia e do Município de Miranda do Douro.